Impunidade, até quando?


24/05/2022


“Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito…
Onde estás, Senhor Deus?…” (1)

Há opiniões segundo as quais há algumas vítimas melhores do que outras. Assim, os brancos de olhos azuis pertencem ao primeiro grupo. Os demais, estão ao Deus dará.

No dia 11 de maio, Shireen Abu Akleh, cristã, 51 anos, jornalista palestina-americana da Al Jazeera, foi assassinada no campo de Jenin, por uma incursão israelense. Na sua vestimenta, inscrito PRESS.

Não foi a primeira (nem o primeiro) profissional a ser abatido pelas IDF (Israel Defense Forces), em Gaza. Na hora, o Estado de Israel declarou que Shireen fora morta por palestinos. Instantaneamente, fotos desmentiram a versão. Israel se prontificou a “investigar” o homicídio. Nunca apurou qualquer genocídio.

Para Nachman Shai, ministro dos Diaspora Affairs de Israel, “a credibilidade do país não é levada a sério”. A seu ver, Gaza é o “maior campo de concentração a céu aberto do mundo”. O jornalista estadunidense Chris Hedges (*) escreveu artigo no Sheerpost, republicado no Consortium News, que Israel tem enorme hostilidade à imprensa. Hostilidade maior ainda à Al Jazeera: os pedidos de credenciais dos jornalistas da publicação são sistematicamente negados.

Em 2021, aviões de guerra israelenses destruíram o al Jalaa, prédio no qual funcionavam dezenas de agências internacionais, entre elas a da Al Jazeera e da Associated Press (AP). Desde 2018, de acordo com o Repórteres Sem Fronteiras, no mínimo 144 jornalistas palestinos foram feridos por soldados israelenses.

(1) ó Deus! onde… Castro Alves (1847-1871)

(*) Chris Hedges foi correspondente estrangeiro do The New York Times (15 anos). Antes, exerceu a mesma função para o The Dallas Morning News, The Christian Science Monitor e a NPR (National Public Radio, emissora sem fins lucrativos)