Casa França-Brasil: não foi censura, só quebra de contrato


17/01/2019


O Diretor da Casa França-Brasil, Jesus Chediak, explica que o veto à performance da exposição “Literatura Exposta”, feito pelo governador Wilson Witzel, no último domingo, 13, ocorreu não por censura, mas por quebra de contrato. O coletivo “És uma maluca” programou realizar uma performance com duas mulheres nuas cuspindo baratas de plástico, o que não constava do contrato previamente assinado.

Já na abertura da exposição, em 4 de dezembro de 2018,  Chediak e o então secretário de Cultura, Leandro Sampaio, proibiram o uso do áudio da voz do presidente eleito, Jair Bolsonaro, saindo de um bueiro envolto em milhares de baratas de plástico em uma instalação batizada de “A voz do ralo é a voz de Deus” do mesmo coletivo “És uma maluca”.

Durante a crise, o cineasta e artista plástico, Neville D’Almeida, enviou ao Chediak a seguinte mensagem:

Prezado e talentoso Jesus Chediak,

Tenho em você, um artista libertário, sensível, inovador, que durante toda a sua vida prestigiou a invenção, a liberdade e a criação de forma ética, de um verdadeiro democrata como você é.

Vivemos um momento onde é necessário sensibilidade e sabedoria, o que você tem de sobra, portanto, o assunto deve ser tratado com serenidade e respeito às leis e aos contratos.

Não é justo querer culpar o diretor da Casa França-Brasil, que é um verdadeiro democrata e que sempre lutou pela liberdade da expressão artística. Não é justo dizer coisas como: “ele me falou”, “ele já sabia”, ou coisas deste tipo, o justo é seguir o que está escrito no contrato e não é justo querer usar a situação para de alguma forma querer aparecer.

É importante preservar o espírito libertário da Casa França-Brasil, que sempre pautou suas ações com serenidade e de forma equânime.

Para terminar, desejamos expressar o nosso apoio ao artista Jesus Chediak, que com ética e talento tem conduzido de forma brilhante as atividades da Casa França-Brasil.

Saudações Artísticas Libertárias!

Neville D’Almeida.