Jornalista é agredido
ao cobrir homicídio


10/03/2017


Corpo do homem de 44 anos morto a tiros no bairro Aparecida (Foto: Ronei Marcilio/Grupo Solaris)

Corpo do homem de 44 anos morto a tiros no bairro Aparecida (Foto: Ronei Marcilio/Grupo Solaris)

O jornalista Ronei Marcílio relata ter sido agredido por cerca de 15 pessoas ao cobrir uma ocorrência de assassinato na cidade Antônio Prado, na Serra do Rio Grande do Sul, que tem cerca de 13 mil habitantes. O fato aconteceu na noite quarta-feira (8) perto do local do crime, na Rua Ângelo Golim, bairro Aparecida.

Segundo publicação do G1, o jornalista, ao chegar ao local, viu que os moradores estavam tentando linchar o suspeito do crime. Ronei Marcílio, então, começou a fazer imagens com uma câmera fotográfica de um ponto afastado.

“Fiquei vendo a confusão acontecer. Pelo que apurei, o cara [suspeito] matou a tiros o outro por ele ter tentado esfaquear o seu avô. Os moradores ficaram revoltados e queriam pegar ele, que se escondeu dentro da casa até a polícia chegar. Quando a polícia levou ele, eu me aproximei”, relata ao G1.

O jornalista conta que, os moradores depredaram o carro do suspeito, tombaram e atearam fogo no veículo. Ele relata que, quando se aproximou, as pessoas o cercaram e começaram a agredi-lo.

“Eles disseram que não podia bater fotos. Eu disse ‘calma, estou trabalhando, não estou tirando fotos’. Eles começaram a me empurrar, eram uns 15. Caí no chão e tentaram me tomar a máquina. Me acertaram chutes, pontapés e tomaram a minha máquina [fotográfica]. Uma mulher dos Bombeiros Voluntários conseguiu recuperar a máquina depois”, diz.

Ronei conseguiu deixar o local com a ajuda dos PMs. O comunicador teve ferimentos leves em um dos cotovelos. Segundo ele, nenhuma das pessoas que o agrediram foi detida. “Não tinha condições de levar ninguém. Havia só três policiais de serviço”, afirma.

Ele conta que trabalha como radialista e jornalista há 30 anos e nunca tinha sido sofrido agressões no exercício da profissão. Nesta quinta-feira (9), prestou depoimento na delegacia do município. “A cidade é tranquila, o último assassinato aqui ocorreu há seis anos”, comenta.

Revolta após crime

Segundo a Brigada Militar, o suspeito do crime, de 22 anos, foi preso em flagrante por homicídio. Quando a polícia chegou ao local, ele confessou ter matado um homem, o que gerou revolta na comunidade. O carro do jovem foi depredado e incendiado, e a polícia precisou de reforço para conter moradores.

O fato aconteceu por volta das 20h30, quando Paulo Ricardo Lopes Rodrigues, de 44 anos, foi atingido por três disparos. Ele ocupava um cargo de confiança na prefeitura local, mas foi exonerado em dezembro do ano passado.

O homem preso disse à polícia que estava chegando na casa do avô, no bairro Aparecida, quando Paulo teria tentado atingir o idoso com uma faca. Por isso, segundo ele, reagiu e abriu fogo contra o agressor.