Venezuela expulsa repórter e rejeita quatro empresas


Por Edir Lima

01/09/2016


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O jornal El País publicou, nesta quinta-feira (1), reportagem sobre a prisão do repórter Jim Wyss, do jornal Miami Herald. Segundo o texto, ele foi detido na noite de quarta-feira pelas autoridades venezuelanas e deportado para o Panamá. Wyss, chefe da sucursal do jornal em Bogotá, que cobre a região andina, havia desembarcado na véspera na capital venezuelana para cobrir a passeata convocada para esta quinta pela oposição, sob o nome de A Tomada de Caracas. Segundo o diário da Flórida, Wyss foi expulso da Venezuela por não ter as credenciais oficiais para o trabalho como correspondente estrangeiro.

“Jim Wyss viajou à Venezuela como jornalista para relatar um fato extremamente importante para nossos leitores e para a América Latina”, reagiu a editora-executiva do jornal, Aminda Marqués González. “Estava fazendo seu trabalho quando foi detido.”

O jornal informa que Wyss já havia sido alvo de uma medida semelhante em novembro de 2013, quando viajou ao Estado de Táchira, na região andina do sudoeste da Venezuela, para fazer uma reportagem sobre as eleições municipais e a crise de desabastecimento nessa área da fronteira com a Colômbia. Na época, buscou a versão de um oficial responsável pela zona militar de Táchira, que ordenou que fosse detido por um dia. Em seguida, foi expulso do país.

A reportagem acrescenta que, no mesmo dia em que Wyss voltou à Venezuela, funcionários de imigração no Aeroporto Internacional de Maiquetía, que atende Caracas, impediram a entrada no país de uma equipe do canal Al Jazira, do Catar. A equipe, formada pela jornalista Teresa Bo, a produtora Lagmi Chávez e o cinegrafista Mariano Rosendi, vinha de Buenos Aires e foi obrigada a seguir para Bogotá.

Nesta quinta-feira, as autoridades migratórias declararam como “inadmissíveis” os repórteres César Moreno, de Radio Caracol da Colômbia, John Otis, correspondente da rádio pública norte-americana NPR, e Marie-Eve Detoeuf, do jornal francês Le Monde.

O presidente Nicolás Maduro e outros porta-vozes de seu Governo se referem com frequência a uma “conspiração midiática” contra a Revolução Bolivariana, da qual fariam parte grandes conglomerados de comunicações do mundo todo, em coordenação com as pautas da oposição venezuelana e do Governo dos Estados Unidos.

Um tribunal venezuelano proibiu três jornais de divulgar denúncias de suposta corrupção contra Adán Chávez, irmão do ex-presidente Hugo Chávez e governador do estado de Barinas, no Sudoeste do país. A decisão vem em meio a uma investigação realizada pelo Parlamento, cuja maioria dos assentos é ocupada pela oposição ao atual governo do presidente Nicolás Maduro.

Uma corte de Barinas ditou uma medida cautelar contra os jornais locais “La Prensa”, “La Noticia” e “Los Llanos”, que “proíbe a publicação de denúncias sobre indícios de corrupção que envolvam o governador Adán Chávez em acusações que não tenham sido ventiladas pelos órgãos jurisdicionais correspondentes”, informou o Colégio Nacional de Jornalistas (CNP) em um comunicado.

A decisão foi tomada depois que a Comissão de Controladoria da Assembleia Nacional, dominada pela oposição desde janeiro, anunciou que investiga Chávez por gestões opacas no governo de Barinas, terra do ex-presidente e sua família.