Marighella no Cine Macunaíma


11/10/2021


O guerrilheiro Marighella no Cineclube Macunaíma

O Cineclube Macunaíma exibe 12/10, a partir das 10h

Marighella – Retrato falado do guerrilheiro (2001), abordando a vida

de Carlos Marighella que viveu a repressão de dois regimes autoritários: o Estado Novo de Getúlio Vargas e a ditadura militar. Ele foi um dos líderes da luta armada no regime instalado em 1964, sendo uma das figuras mais polêmicas da história recente do país. Foi assassinado por integrantes da Operação Bandeirantes, em 1969, em São Paulo, em uma emboscada. Assista pela canal da Caliban Produções no YouTube.

Às 19h30, haverá debate sobre o documentário com Silvio Tendler, diretor do filme; Mario Magalhães, o autor da biografia de Marighella; a vereadora Maria Marighella (PT/Salvador), neta do líder; e o jornalista e escritor Paulo Cannabrava Filho.O mediador será o jornalista Ricardo Cota. Assista pela canal da ABI do YouTube.

Marighella

O filme de 55 minutos conta a trajetória do professor e deputado Marighella, mas, principalmente, do homem Marighella, preso quatro vezes, a primeira delas aos 21 anos. Morto em uma emboscada em novembro de 1969, na Operação Bandeirantes, aos 59 anos, ele chegou a ser considerado inimigo número um do regime militar.

Entre parentes, amigos de juventude e companheiros de luta, mais de 40 depoimentos foram gravados no filme. O ponto de partida foi o material de pesquisa reunido pelo jornalista e escritor Vladimir Sachetta, que há anos vem se dedicando, junto com um grupo de amigos, a resgatar a figura de Marighella. O ator Othon Bastos é o narrador e entre os entrevistados estão Clara Charf, sua viúva, e Apolônio de Carvalho, militante comunista brasileiro, reconhecido como combatente das Brigadas Internacionais, na Guerra Civil Espanhola, e herói da Resistência Francesa, durante a Segunda Guerra Mundial, entre muitos outros participantes do documentário.
O baiano de Salvador, Carlos Marighella foi deputado constituinte, em 1946, e um dos principais dirigentes do Partido Comunista, cassado quando o partido foi posto na ilegalidade. Em 1966, foi expulso do partido por propor a luta armada e, em 1968, fundou a Ação Libertadora Nacional, primeiro movimento armado pós-64 do país. No ano seguinte, em conjunto com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), a ALN sequestrou o embaixador norte-americano Charles Elbrick. O líder guerrilheiro foi morto em uma emboscada pelos participantes da Operação Bandeirantes, liderada pelo delegado Sergio Fleury, em dezembro de 1969, aos 52 anos.

O objetivo de Clara Charf ao procurar Tendler para filmar a vida e a obra de Marighella, era mostrar o chamado “outro lado” do personagem apontado pelos militares durante a ditadura de 64 como o perigoso inimigo público nº 1. Com recursos próprios e uma ajuda de R$ 40 mil cedida pela TV Cultura, Sílvio Tendler fez o filme. O premiado diretor de “Os Anos JK”, “Jango”, “Josué de Castro” e “Castro Alves” resolveu incluir o filme sobre Marighella na sua “trilogia libertária” (que inclui o cineasta Glauber Rocha e o geógrafo Milton Santos)

Entre parentes, amigos de juventude e companheiros de luta, mais de 40 depoimentos foram gravados. O ponto de partida foi o material de pesquisa reunido pelo jornalista e escritor Vladimir Sachetta, que há anos vem se dedicando, junto com um grupo de amigos, a resgatar a figura de Marighella.

Filme
No filme, há lembranças de infância e de escola, que mostram um líder comunista, filho de mãe negra e de pai operário italiano, e desde cedo rebelde. Seus amigos de partido riam dele porque  usava uma peruca ridícula como disfarce que chamava muita atenção. Ele entrou no PCB em 1932 e em sua primeira prisão, em maio de 1936, foi torturado durante 23 dias seguidos, ficando com marcas.
Apolônio de Carvalho num depoimento o define como um “sedutor da militância”.  Marighella aparece, em seguida, como deputado constituinte, em 1946, anistiado no ano anterior, depois de passar mais de sete anos preso no Estado Novo. Em 1948, cassado junto com toda a bancada comunista de 16 deputados federais, Marighella volta à clandestinidade da qual só sairia por breves intervalos, como no governo de JK, até a morte, em 1969.
Com trilha musical de Eduardo Caminietzki e voz de Itamara Khoorax, o filme mostra o envolvimento de Marighella à medida em que as passagens da época da luta armada são marcadas por frases pichadas em muros.
O filme discute a opção pela luta armada feita por Marighella e seus companheiros da Aliança Libertadora Nacional. Os momentos mais dramáticos ficam para o final, com os depoimentos dos frades dominicanos presos e torturados para levar os agentes da repressão até Marighella, fuzilado numa emboscada na Alameda Casa Branca, nos Jardins, no dia 4 de novembro de 1969, há 52 anos.

Entrevistadores

Silvio Tendler – a obra do documentarista é conhecida por ter conteúdo biográfico de personalidades brasileiras como Jango, JK e Marighella. Em 198,  fundou a Caliban Produções Cinematograficas Ltda, produtora direcionada para biografias históricas. É formado em História pela Universidade de Paris VII, possui mestrado em Cinema e História pela École des Hautes-Études e especialização em Cinema Documental aplicado às Ciências Sociais. O cineasta possui também as maiores bilheterias para documentários do Brasil, que foram para os longas O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981) (1,8 mihões de espectadores) e Jango (1984) (1 milhão de espectadores).

Mario Magalhães – jornalista e escritor carioca, 57 anos. Recebeu 25 prêmios jornalísticos e literários no Brasil e no exterior, incluindo menções honrosas entre os quais o Every Human Has Rights Media Awards, o Prêmio Vladimir Herzog, o Prêmio Dom Hélder Câmara e o Prêmio Esso de Jornalismo. É autor do livro “O Narcotráfico” (Publifolha, 1999) e co-autor dos livros “Viagem ao país do futebol” (DBA, 1998)  e “Crecer a golpes” (C.A. Press/Penguin Groups, 2013); “Ciudad visibles: 21 crónicas latino-americanas”(RM, 2016) e “11 gols de placa: Uma seleção de grandes reportagens sobre o nosso futebol” (Record, 2010).

Maria Marighella – Um dos mais emblemáticos sobrenomes da história da luta contra a ditadura militar brasileira voltou a fazer parte do cenário político de Salvador. Aos 45 anos, Maria Marighella  é vereadora na capital baiana. Além de atriz, ela é também neta do político Carlos Marighella, um dos mais emblemáticos e controversos guerrilheiros contra o regime nos anos 1960 no Brasil. Eleita com 4.837 votos, Maria Marighella assumiu uma das 43 cadeiras da Câmara Municipal de Salvador pelo Partido dos Trabalhadores.

Paulo Cannabrava Filho é um jornalista comprometido com as causas da profissão e militante político que participou e conheceu por dentro as perseguições desencadeadas contra todos aqueles que, como ele, escolheram o legítimo direito de resistência à ditadura civil-militar. Quando do golpe de 1º de abril de 1964, integrava a equipe de correspondentes no Brasil da Prensa Latina e estava no Última Hora. Seu último livro é Resistência e Anistia.