Polícia abre inquérito sobre a morte de fotógrafo em frente a hospital


Por Cláudia Souza*

03/06/2014


Luiz Cláudio Marigo, de 63 anos, morreu dentro de um ônibus, após sentir dores no peito (Reprodução / Acervo Pessoal)

Luiz Cláudio Marigo, de 63 anos, morreu dentro de um ônibus, após sentir dores no peito (Reprodução / Acervo Pessoal)

O delegado Roberto Gomes Nunes, da 9ª DP (Catete), abriu inquérito nesta terça-feira, dia 3, para apurar a morte do fotógrafo Luiz Cláudio Marigo, de 63 anos. Nunes poderá indiciar o responsável pelo atendimento emergencial do Instituto de Nacional de Cardiologia (INC) de Laranjeiras,  Zona Sul do Rio, por homicídio doloso, crime que prevê pena de até 20 anos de reclusão.

Marigo passou mal dentro de um ônibus e foi levado pelo motorista e pelo cobrador para o INC. Contudo, o fotógrafo acabou sendo atendido por socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu, já que os médicos do hospital não apareceram para fazer o atendimento alegando que a unidade não atende casos de emergência.

— Vamos procurar saber junto ao hospital quem deveria estar de plantão naquela data e quem eram os responsáveis legais pelo atendimento. Os envolvidos podem responder por homicídio doloso. Estamos aguardando a perícia para saber se a vítima morreu no interior do ônibus e se poderia ter sobrevivido, caso recebesse atendimento, disse o delegado.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, o motorista e o cobrador já prestaram depoimento na 10ª DP (Botafogo). O delegado pretende ouvir ainda o socorrista do Corpo de Bombeiros e outras testemunhas.

Cecília Banhara, viúva de Luíz Cláudio Marigo, acredita que houve negligência por parte do INC:

— É um absurdo completo ninguém ter prestado socorro a ele. O motorista parou em frente ao hospital dizendo que um homem estava passando mal do coração nada foi feito.

Victor Banhara Marigo, filho do fotógrafo, exige rigor na investigação:

— Meu pai estava em frente a um hospital de cardiologia,  referência na área. Acredito que este caso envolve negligência e falta de respeito.

Em nota o INC informou que “de acordo com a pessoa que o acompanhava Marigo, ele já apresentava dores fortes no peito quando o ônibus em que estavam parou em frente à unidade para pedir socorro. Apesar de não estar credenciado a atender emergências, o INC deixou a postos uma equipe de médicos e um leito para atendimento. Técnicos do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que estavam transportando outro paciente para o hospital, tentaram reanimá-lo, mas ele não resistiu. O homem não pode ser retirado do ônibus, pois o movimento dificultaria a reanimação”.

O Corpo de Bombeiros afirmou que a coordenação médica da corporação foi acionada às 11h39, e que uma ambulância chegou ao local às 11h59, e que foram realizados os procedimentos para reanimar um homem, que morreu no local.

Carreira

Marigo fotografava a natureza desde 1974 e já produziu diversos livros sobre os ecossistemas e os animais brasileiros. Ele venceu o Prêmio Jabuti 2011, na categoria Fotografia, com o livro “Fotografia da Natureza – Teoria e Prática”.

*Com informações do G1