Zilda homenageia ambientalista


11/08/2010


Em artigo na edição de julho-agosto do jornal “Folha do meio ambiente”, a jornalista Zilda Ferreira prestou homenagem ao geógrafo e geólogo Elmo Amador, por ela apontado como um estudioso que “conhecia a geografia do Rio de Janeiro melhor do que a sua própria mão”. Amador era catarinense de Itajaí, onde nasceu em 22 de agosto de 1943. Ele morreu no dia 30 de junho passado no Rio.
É este o texto do artigo:
 
“Era o ano de 1993. A Rio-92 (Conferência sobre Meio Ambiente da Onu realizada no Rio de Janeiro) parecia que ainda não havia acabado, tal era a efervescência de encontros ambientais. Discretamente, num canto do auditório do Hotel Novo Mundo estava o professor Elmo da Silva Amador ouvindo atentamente as mais diversas teorias, em um dos muitos seminários. Foi quando conheci o professor e ambientalista. Foi admiração e respeito à primeira vista.
 
Os grandes movimentos ambientais dos anos 80 passaram, nessa época, a ser correntes acadêmicas tais como: os conservacionistas, normalmente ligados às teorias européias e norte-americanas, e os socioambientalistas, principalmente, às latinoamericanas. Era natural nesse contexto que os jornalistas, não iniciados, se sentissem inseguros e precisassem de apoio acadêmico. Foi assim que me aproximei do professor Elmo Amador, grande figura humana, extremamente simples, que o conhecia desde a Rio-92.

Descobri, logo em seguida, que ele era quem mais sabia sobre o Programa de Despoluição da Baia de Guanabara, o assunto do momento. Nesse tempo, o professor Elmo Amador tinha 49 anos e se não tivesse nos deixado dia 30 de junho completaria 67 anos em 22 de agosto.
 
Geógrafo e geólogo, o professor Elmo conhecia a geografia do Rio de Janeiro melhor do que sua própria mão. Havia pesquisado não só os ecossistemas periféricos, mas a completa história da ocupação da Cidade Maravilhosa. Conhecia em detalhes seus morros, seus vales e suas encostas. Importante: sabia onde e por que poderia ocorrer enchentes.
 
Nessa época, telefonava tanto para a casa dele, que sua esposa já conhecia minha voz. Quando queria checar alguma denúncia ligava também para ele. Se não me desmentisse, sabia que era verdade. Mas ele sempre me recomendava: “Zildinha, cuidado para não prejudicar inocentes”.
 
Quando comecei a dar cursos livres na  Associação Brasileira de Imprensa –  o primeiro convidado foi  o professor Elmo. Foram vários os palestrantes ilustres, inclusive ex-ministros do Meio Ambiente. Mas, se perguntarem às minhas ex-alunas e companheiras, qual foi a palestra-aula  mais interessante, dirão com certeza que foi a do professor Elmo sobre a “Formação da baía de Guanabara”.
 
O professor Elmo Amador era socialista convicto. De esquerda, mas respeitadíssimo pela direita. Argumentava que os principais problemas ambientais decorriam da privatização e da apropriação indevida da natureza por poucos em detrimento de muitos. Nada amador: Elmo era um profissional do meio ambiente.”