Venezuela soma 69 veículos de mídia fechados em 2017


28/12/2017


Jornalistas e trabalhadores de mídia fazem protesto por rádios e TVs fechadas pelo governo venezuelano

Emissoras de rádio e TV tiradas do ar e jornais sem papel: 69 meios de comunicação fecharam na Venezuela em 2017 em meio a uma escalada de agressões contra jornalistas, denunciou o principal sindicato do setor nesta quarta-feira (27).

A lista inclui 46 rádios, três emissoras de televisão e 20 jornais, detalhou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, em espanhol) em seu balanço anual.

Os meios audiovisuais fecharam após o vencimento de suas concessões para o uso do espaço radioelétrico, que a imprensa denuncia serem concedidas arbitrariamente.

Já os jornais sofrem com a escassez do papel, cuja importação e distribuição estão monopolizadas por uma corporação governamental.

Cerca de 20 jornais se viram obrigados a suspender suas tiragens permanente ou temporariamente e, de acordo com o SNTP ,todos os jornais que restam tiveram que limitar sua paginação e circulação.

Meios internacionais também se viram afetados. A cadeia CNN em Espanhol e as televisões colombianas Caracol TV e RCN foram retiradas da grade de programação das operadoras a cabo por ordem do governo.

 

Agressões e prisões de jornalistas

O SNTP registrou 498 agressões e 66 detenções contra jornalistas este ano, e atribuiu ao governo a “intenção” de “silenciar, a qualquer preço, o descontentamento pela cada vez mais crítica situação econômica e social”, com hiperinflação e escassez aguda de alimentos e remédios.

A cifra aumentou 26,5% com relação a 2016, quando foram contabilizados 360 ataques, detalha o relatório.

A maioria das 273 agressões ocorreu durante os protestos contra o presidente Nicolás Maduro, que deixaram 125 mortos entre abril e julho. Segundo o SNTP, 70% destas foram atribuídas a militares e policiais.

“Utilizando o braço e as armas da Guarda Nacional (militarizada) e as polícias regionais e municipais, a burocracia oficial tentou invisibilizar o conflito”, acrescentou.

A Relatoria para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos fez “um chamado urgente” este ano a restabelecer as transmissões das emissoras de rádio e TV “retiradas do ar”, e qualificou as medidas como um “castigo” por “uma linha editorial crítica”.

Maduro e funcionários de alto escalão se declaram vítimas de “uma campanha de desprestígio” em meios locais e estrangeiros, e, inclusive, de “propaganda de guerra”.