07/06/2017
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo demitiu seis profissionais na última semana. A entidade afirma que os cortes foram forçados e “totalmente contra a vontade da diretoria”. “O único motivo para a medida é o grave risco de não poder garantir o pagamento dos salários nos próximos meses caso mantivéssemos todos os trabalhadores”, relata a entidade.
Segundo o Portal Comunique-se, o presidente do sindicato, Paulo Zocchi, que informou que colaboradores com muito tempo de casa foram desligados. Ele afirmou que não era possível adiar a medida e que, neste período, havia verba para pagar as rescisões.
No texto publicado pelo sindicato, a situação foi creditada a três fatores: 1. redução de receitas diante do contexto econômico do Brasil ; 2. condições financeiras do SJSP, que herdou endividamento e chega a gastar 25% das receitas mensais com as parcelas da dívida; 3. baixa adesão à campanha de Sindicalização. Em um quarto ponto, o sindicato informa o cotidiano da entidade foi reorganizado a partir da redução de quadro. Com as demissões, a equipe passou a ter 11 funcionários.
“Se hoje tivemos de fazer demissões, nossa atitude foi precedida por muita análise, muito debate, e só foi decidida porque era medida necessária para preservar os direitos dos trabalhadores da entidade. Agimos para garantir a sobrevivência financeira do Sindicato”, finaliza.
Veja, abaixo, a íntegra do comunicado do Sindicato:
Nota sobre demissões no Sindicato dos Jornalistas de SP
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) viveu um dia triste na última quarta-feira (31). Tivemos de demitir alguns dos trabalhadores e trabalhadoras de nossa entidade. Foi uma redução forçada da entidade, totalmente contra a vontade desta diretoria, pela necessidade de garantir o pagamento dos salários, dos direitos de cada um e para preservar o próprio Sindicato. Com este documento, informamos os jornalistas sindicalizados a respeito da questão, e compartilhamos os motivos para a decisão.
Deixamos claro para cada trabalhador, na difícil conversa no momento do desligamento, que a nossa avaliação do trabalho de cada um era positiva. O único motivo para a medida é o grave risco de não poder garantir o pagamento dos salários nos próximos meses caso mantivéssemos todos os trabalhadores. E, principalmente, o fato de que podemos neste momento pagar as verbas rescisórias a que todos têm direito. Caso protelássemos a medida, poderíamos chegar à situação de não poder pagar os salários, nem ter recursos para honrar as rescisões. A condução da direção sindical foi pautada pela responsabilidade e pelo respeito com todos os nossos trabalhadores e com o Sindicato.
Reunimos em seguida, no mesmo dia, o corpo de trabalhadores do Sindicato para abrir um diálogo a partir das seguintes considerações:
Por fim, a direção do SJSP reafirma sua luta incansável contra as demissões de jornalistas pelas empresas de comunicação. Sindicato não é empresa. As empresas exploram o trabalho assalariado, acumulam lucros e patrimônio, e demitem para reforçar a exploração e preservar o patrimônio acumulado. Um sindicato é um patrimônio de uma categoria, que tem de ser preservado como ferramenta para a sua defesa coletiva. Os trabalhadores do Sindicato, para nós, são companheiros de jornada e nosso principal patrimônio. Se hoje tivemos de fazer demissões, nossa atitude foi precedida por muita análise, muito debate, e só foi decidida porque era medida necessária para preservar os direitos dos trabalhadores da entidade. Agimos para garantir a sobrevivência financeira do Sindicato, impactado pela dívida herdada do plano de saúde (PSS Médico) e pela queda na arrecadação, de forma a assegurar a ação sindical, fundamental neste momento de profunda ofensiva contra os direitos de todos e todas.
São Paulo, 3 de junho de 2017