Rio lança campanha para recuperar bens culturais


04/11/2011


O Banco de Bens Culturais Procurados (BCP),criado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) — órgão da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro — lançou uma campanha para promover a preservação e a recuperação das peças desaparecidas em todo o estado do Rio de Janeiro.
 
 
O BCP é um projeto desenvolvido pelos Inepac, em parceria com o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação do Estado do Rio de Janeiro (Proderj), com finalidade de divulgar os bens culturais, tombados ou não, sumidos em território fluminense.
 
 
Entre os bens que estão sendo procurados está a “Santana Guia”, de Piraí, do século XVIII, desaparecida em 2007. A imagem da santa foi roubada por ladrões que se fingiram de padres para entrar na igreja onde a imagem se encontrava. Caso parecido com o da “Sagrada Família”, do século XVIII, levada da Capela da Madre de Deus, em Nova Iguaçu, em 2003, até hoje não encontrada.
 
 
Segundo Rafael Azevedo, Diretor do Inepac, vários motivos podem levar um bem a entrar na lista de “procurados”, porque nem sempre as peças foram roubadas, podem ter sido adquiridas por colecionadores sem que haja um registro dessa negociação. Ele disse que uma das formas de se evitar esse tipo de problema seria a criação ferramentas práticas de comunicação e de um sistema unificado de registro dos bens.
 
 
Rafael ressalta que o registro da mudança de local de um bem cultural implica na necessidade de maior divulgação destas ocorrências:  
— Nossa função não é de denuncismo, e sim de fiscalizar. Pra isso nós contamos também com a ajuda dos proprietários, para tentar criar uma rede de proteção que nos dê uma capacidade maior de gerência e de registro desses bens. O colecionador não é inimigo, o que ele mais quer é ter a certeza da procedência lícita da sua coleção. Às vezes falta um pouco de diálogo, afirmou o diretor do Inepac.
 
 
Além dos problemas citados, há também a questão da ação de traficantes que podem estar envolvidos no desaparecimento de bens históricos. Rafael alerta sobre a existência de grupos especializados em roubos desse tipo em São Paulo, e principalmente no Centro Histórico de Minas Gerais, que provavelmente seriam os responsáveis pelo desaparecimento da imagem de “São José de Botas”, do século XVIII, desaparecida em 2004, em Paraíba do Sul. Segundo Rafael, o santo estava em um museu sem um sistema de segurança adequado, o que teria facilitado a ação dos ladrões.
 
 
Por conta disso, Rafael reafirmou a necessidade de um sistema unificado de registros e de fiscalização nacional:
— Precisamos nos aproximar dos centros de Minas Gerais, de São Paulo. Os institutos estaduais precisam unificar a política e a cooperação técnica, através do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), para que todos falem a mesma língua, declarou.
 
 
Carência
 
 
De acordo com o Ineac, diversos municípios do Rio sofrem com uma “silenciosa” dilapidação de suas coleções, devido à carência de políticas de preservação, que inclusive sirvam de incentivo à população a zelar pelo seu patrimônio.
 
 
Esse foi um dos motivos que incentivaram a criação do BCP, em setembro de 2010. Por isso o Inepac destaca a importância da difusão do projeto como ferramenta para a população não especializada, para “provocar o engajamento da sociedade civil na preservação do seu patrimônio”, de acordo com declaração do seu diretor.
 
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Desde a sua fundação, o BCP já catalogou aproximadamente 110 objetos desaparecidos, a maioria no interior do estado. Destes, 80% foram localizados. Segundo Rafael Azevedo, estes números devem aumentar:
— Nossa pesquisa sobre os bens procurados acompanha nosso Inventário, que no momento está atendendo a região serrana, e já finalizou o Norte, Noroeste e Baixadas Litorâneas do estado. A quantidade de bens desaparecidos não identificados será bem maior na medida em que alcançarmos a Região Metropolitana, o que deve acontecer até 2014, disse o diretor do Inepac.
 
 
Rafael destacou também a realização do I Seminário Estadual para a Preservação de Bens Móveis e Integrados em setembro deste ano, em parceria entre o Iphan e o Inepac, como exemplo do esforço para a intensificação do diálogo entre as instituições.
 
Os interessados em cadastrar bens procurados devem entrar em contato com o Inepac pelo telefone 2333-1386, ou pelo e-mail projetos@inepac.rj.gov.br.