Repórter venezuelano deixa o país após sequestro


29/11/2017


O jornalista venezuelano Jesús Medina (Imagem: Reprodução)

O jornalista venezuelano Jesús Medina anunciou no dia 23 de novembro que saiu do país devido a ameaças contra ele e sua família em função de seu trabalho. No início do mês, Medina ficou desaparecido por dois dias, no que ele qualifica como um sequestro em razão de sua reportagem sobre como a prisão de Tocorón, no norte da Venezuela, é supostamente controlada pelos presos que cumprem pena no local. A informação é do Knight Center.

“Tive que sair de meu país, a Venezuela, pela perseguição do Estado venezuelano, pela perseguição do governo de Nicolás Maduro”, disse Medina em vídeo publicado em seu perfil no Twitter e registrado desde o lado colombiano da fronteira entre os dois países.

No vídeo, o jornalista acusou o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) e Diosdado Cabello, líder chavista e atual deputado na Assembleia Nacional Constituinte venezuelana, como responsáveis pelo suposto sequestro e ameaças que vem recebendo. Segundo ele, as autoridades criaram “bots”, contas fantasmas nas redes sociais, para ameaçá-lo. “Há muitíssimos militares vinculados ao meu sequestro”, afirmou.

Em outubro, Medina e outros dois jornalistas foram detidos pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) por dois dias enquanto faziam uma reportagem na prisão em Tocorón. O venezuelano teria sido detido por trabalhar no site Dolar Today, supostamente bloqueado pelo governo venezuelano por informar sobre a taxa de câmbio do mercado negro de moedas e publicar artigos “contrários ao regime chavista”, segundo informou o El País na ocasião.

A reportagem de Medina, publicada no fim de outubro, afirma que a prisão no norte da Venezuela é controlada por um líder criminoso chamado “El Niño Guerrero”, que supostamente “tem mais poder do que o diretor encarregado pelo Ministério do Sistema Penitenciário”.

Medina desapareceu entre 4 e 6 de novembro. O fotojornalista foi encontrado no quilômetro 1 da rodovia Caracas – La Guaira. Ele estava seminu e com golpes em seu rosto e corpo, conforme informou o “El Nacional”.

Na ocasião, Medina disse por meio de sua conta no Twitter que foi torturado e ameaçado de morte pela pessoas que o sequestraram, e em entrevista coletiva à imprensa disse não saber se essas pessoas pertenciam a forças políticas, armadas ou ao crime organizado.

Em entrevista à agência EFE publicada em 26 de novembro, Medina disse que vai passar alguns dias em Bogotá, capital colombiana, e que buscará apoio e proteção internacional. Ele também afirmou que pretende voltar em breve à Venezuela. “Óbvio que não vou poder entrar por via aérea, mas vou entrar por alguma trilha, por algum lugar eu vou voltar à Venezuela e vou seguir a luta de dentro”, disse o jornalista.

Fonte: Knight Center


Repórter venezuelano desaparecido é encontrado