Repórter de MG se diz ameaçado e recorre à ABI


05/02/2009


O jornalista Deusdet de Paula Rodrigues, sócio da Casa, recorreu à Associação para denunciar as “constantes ameaças, constrangimentos e intimidações” que vem sofrendo na cidade de Bicas, em Minas Gerais, onde atua como redator de um jornal.
— Desde que denunciei na primeira página a corrupção na cadeia pública da cidade, onde meninas, menores de idade, são levadas para “transar” com os presos por R$ 10, venho sendo perseguido pela Polícia Civil. Denunciei ainda um detetive que espancou um funcionário público municipal em seu local de trabalho, a mando do Secretário municipal. Qualquer artigo de minha lavra é motivo para este policial incentivar outras pessoas a entrarem na Justiça contra o jornal em que trabalho.

Em carta à ABI, Deusdet afirmou que está encaminhando à Comissão de Liberdade de Imprensa e Direitos Humanos da entidade as matérias que suscitaram as ameaças.
— Mesmo após tantos anos de profissão, em função desses atos, cheguei a pensar em abandonar o jornalismo. Meu filho, de 31 anos, seguiu esta mesma carreira da qual tenho orgulho.

O jornalista ressalta que se sente abalado com as ações impetradas contra ele na Justiça.
— Preciso comparecer ao Fórum para responder a um processo por danos morais oferecido por uma delegada de polícia que se sentiu prejudicada por eu ter informado que ela não participou de uma ação conjunta com a Polícia Militar para a apreensão de máquinas caça-níqueis, conforme informou o comandante da polícia local; e embora o jornal tenha dado a ela o direito de resposta. (…) Perderei horas para explicar o que já foi explicado. (…) Esse é apenas mais um prejuízo provocado pelo desmando que assola o país.

Segundo Deusdet, a perseguição foi motivada por sua luta pela liberdade de expressão:
— Estou sendo ameaçado por me pautar pela ética jornalística em oposição ao arbítrio e ao autoritarismo, por denunciar a corrupção e defender a liberdade de pensamento e expressão.