Recomeça processo contra jornalistas em Istambul


11/09/2017


Protesto em frente ao jornal durante julgamento (Imagem: Reprodução)

Após seis semanas de adiamento, recomeçou na tarde desta segunda-feira (11), o julgamento de 17 diretores e jornalistas do diário turco “Cumhuriyet”. O grupo é acusado de colaboração com organizações terroristas. O jornal é considerado uma das poucas publicações que ainda mantém uma linha crítica contra o governo do partido no poder, AKP, liderado pelo chefe de Estado Recep Tayyip Erdogan.

Segundo informações do Diário de Notícias (DN), tradicional jornal português, as penas dos réus podem chegar entre oito e 43 anos de prisão. O julgamento ocorreu sob fortes medidas de segurança e houve manifestações a favor dos jornalistas. Também participaram deputados do Partido Social Democrata (CHP), de oposição e membros do partido pró-curdo (HDP). Os deputados leram declarações a favor da liberdade de imprensa.

A Procuradoria atribui aos jornalistas vínculos com a guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupos marxistas e ligações com o grupo de Fethullah Gullen, exilado nos Estados Unidos, e acusado de responsabilidade na tentativa de golpe militar de julho de 2016. Segundo a defesa, no entanto, o processo é “uma mistura impossível de delitos” sublinhando que a confraria de Gulen não tem relações com os guerrilheiros curdos.

Na última sessão, que ocorreu em julho, sete dos acusados que se encontravam em prisão preventiva foram postos sob o regime de liberdade condicional e quatro permaneceram na prisão.

Declarações

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa pediu a liberdade a todos os acusados alegando que o processo é um exemplo do “estado crítico em que se encontra a liberdade de imprensa na Turquia”. O secretário-geral da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Christophe Deloire, disse que o processo contra os jornalistas está “brincando com a justiça”.

“O presidente Erdogan está pressionando o pluralismo e a liberdade de imprensa neste país. Há muito poucos órgãos de comunicação social livres na Turquia e nós temos de os defender”, disse à Associated Press o responsável pela organização RSF que se encontra em Istambul.

O Cumhuriyet foi fundado em 1924 e tem tiragem de 40 mil exemplares. Apesar de não figurar entre os jornais mais vendidos da Turquia é um dos mais prestigiados do país.