Radialista critica esquecimento da TV Nacional


03/08/2011


 
Um dos mais antigos comunicadores do Brasil em atividade, o jornalista e radialista Zair Cançado, em entrevista à Revista Brasília, na edição de julho de 2011, criticou a forma como o Governo brasileiro relegou ao esquecimento a TV Nacional, inaugurada em Brasília, em 1960.
 
 
Cançado foi um dos integrantes do time de profissionais do rádio que rumou para o Planalto Central, em abril de 1958, atendendo ao pedido do então Presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961).
 
 
A maioria dos integrantes do grupo era oriunda da Rádio Nacional do Rio, que foram convocados para inaugurar os estúdios da Rádio Nacional de Brasília. O lançamento ocorreu em 31 de maio de 1958. Nesse período, a emissora era a única a transmitir — nas vozes desses radialistas pioneiros, como Zair Cançado — as mensagens de Brasília para o resto do Brasil, que ainda eram repassadas para noticiários estrangeiros.
 
 
Cançado é um dos poucos do grupo que inaugurou a Nacional de Brasília que ainda vive. Ele conta que quando a TV Nacional surgiu (dois anos depois da rádio, em 1960), foi um grande acontecimento em Brasília. Inclusive, na cerimônia de inauguração era visível “a satisfação do Presidente JK”.
 
 
O radialista disse que chegou a fornecer documentos à Empresa Brasil de Comunicação (EBC) sobre o início da radiofonia em Brasília “que serviria até para o lançamento de um livro, porém a empresa ignorou”.
 
 
Injustiça
 
 
Cançado manifestou o seu protesto pela não citação da Rádio e da TV Nacional nas solenidades que os Governos federal e do Distrito Federal promoveram para lembrar os 50 anos da inauguração de Brasília:
Comemoraram os 50 anos de Brasília de forma injusta quanto aos que erigiram a Rádio e a TV Nacional. E neste meio século, por incrível que pareça, nem uma singela placa foi afixada na emissora, com os nomes dos seus fundadores. E o mais estarrecedor é, ao que parece, terem sumido com os seus assentamentos funcionais, disse ele à revista.
 
 
Ele criticou também a omissão do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, do qual também foi pioneiro, e disse que esse descaso contrasta com o tratamento que é dado à Rádio Nacional do Rio de Janeiro “que há décadas venera, exalta, relembra os seus pioneiros, na data de sua fundação, em setembro de 1936”.
 
 
Zair Cançado atuou como locutor da Nacional de 1958 a 1966. Antes de retornar para o Rio de Janeiro, também trabalhou como colunista de repórter de diversas publicações. 
 
 
Em função da sua trajetória no rádio e no jornalismo, Zair Cançado recebeu condecorações do Exército, Aeronáutica, Marinha e da Loja Maçônica Grande Oriente do Rio de Janeiro.
 
 
Atualmente, Zair Cançado produz e apresenta os programas “Vamos ouvir a banda” e “Saudade, teu nome é música” na Rádio Bandeirantes (AM), que têm grande audiência.