“Quilombo de Manoel Congo”, de Dermeval Netto é o filme do Macunaíma. O debate será às 19:30 hs


18/05/2021


A partir das 10 hs do dia 18 de maio, o documentário Manoel Congo, de Dermeval Netto, estará disponível ao público no canal da ABI do YouTube. Às19h30, o debate com o diretor, Silvio Tendler, Frei David e outros ativistas abordará o tema da organização do quilombo liderado pelo escravo.

Em homenagem à data da libertação dos escravos, ocorrida a 13 de maio, o Cineclube Macunaíma exibe hoje, a partir das 10hs, a saga de Manoel Congo, documentário brasileiro dirigido por Demerval Netto, que conta a história da rebelião de escravos nas Fazendas Freguesia e Maravilha, em Paty do Alferes (RJ), liderada pelo escravo Manoel Congo, no século XIX.

Às 19h30, o cineasta e mediador Silvio Tendler  mediará o debate sobre o longa-metragem com seu diretor, o jornalista, professor de Jornalismo e Cinema, além de diretor de documentários e séries de tv Dermeval Netto; Frei David, uma das principais referências da pastoral do negro no Brasil, no que se refere à educação para essa população, e fundador da Educafro, ONG que já garantiu o acesso a mais de 60 mil negros no ensino superior; o jornalista Nelson Inocencio, professor da Universidade de Brasília e um dos expoentes que ajudaram a dar forma ao movimento negro na capital e sua trajetória foi marcada pela luta contra o preconceito; além do jurista e militante do movimento negro Carlos Moura que criou e presidiu a Fundação Palmares e que financiou Manoel Congo. Para assistir o filme e o debate, clique no canal da Associação Brasileira de Imprensa do YouTube.

 

Filme

A revolta ocorreu em novembro de 1838 entre os escravos do capitão-mor Manuel Francisco Xavier, que detinha algumas fazendas na região. O motivo do levante contra o fazendeiro foi a morte do escravo Camilo Sapateiro pelo capataz de uma de suas fazendas quando, liderados por Manoel Congo, os escravos indignados com o assassinato do companheiro de cativeiro,  protestaram junto ao latifundiário sem que ele tomasse providências. Os escravos ainda mais revoltados mataram o capataz da fazenda.

Após essa ação, houve uma fuga em massa de 200 escravos em duas fazendas do capitão-mor, entre os dias 06 e 10 de novembro de 1838.

Nas matas da região, liderados por Manoel Congo, os escravos iniciaram a constituição de um quilombo. Com as ferramentas e armas saqueadas das duas fazendas, eles pretendiam iniciar as lavouras para sua subsistência e garantir sua defesa.

As autoridades da região, preocupadas com a ação dos escravos, pediram apoio da Guarda Nacional para caçar os fugitivos. As forças militares, lideradas por Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, conseguiu capturar a maioria dos escravos, com alguns mortos.

Os escravos foram julgados pela fuga de 16 deles e quase todos foram condenados a 650 chibatadas, sendo aplicadas 50 por dia, para que não morressem durante o castigo. Porém, era necessária ainda uma punição exemplar para inibir novas fugas em massa. Indicado como liderança da rebelião, Manoel Congo foi condenado à forca, em 1839. e o escravo não teve direito a enterro. Receosos de novas fugas, os latifundiários da região criaram ainda uma cartilha para orientar os fazendeiros e evitar que episódios como o ocorrido em Paty dos Alferes se repetissem. O Quilombo de Manoel Congo era a evidência de que os escravos continuariam sua luta contra a escravidão.