Publicação em alta


08/02/2007


 David Cohen

Lançada em 1998 pela Editora Globo, a Época é uma das revistas mais vendidas do País, com uma circulação média de cerca de 420 mil exemplares, de acordo com a Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner). Com sede em São Paulo e escritórios em Brasília e no Rio de Janeiro, a publicação conta também com uma rede de colaboradores em várias cidades brasileiras, que são acionados sempre que necessário, como explica o redator-chefe David Cohen, que está no cargo há um ano e, juntamente com o Diretor de Redação Hélio Gurovitz, é o responsável pelas decisões sobre o que a revista vai cobrir:
— A revista está em alta e apresenta um bom desempenho em relação à suas concorrentes — diz Cohen. — No último trimestre, tivemos aumento de leitores nas classes A e B, entre os jovens e entre as mulheres, enquanto nossas concorrentes tiveram queda. Estamos muito bem.

Na Época, as reuniões de pauta também acontecem nas manhãs de segunda-feira, com os editores e repórteres especiais. As sucursais têm algumas especificidades: Brasília é mais voltada para política e instituições; Rio tem entretenimento e algo de política. Ambas auxiliam em reportagens nacionais ou de acordo com a especialidade das pessoas alocadas na região.

Capa

Época tem, geralmente, três fechamentos: na quarta-feira, uma editoria; na quinta, duas; na sexta, outras duas. Os editores fecham o conteúdo e passam para os editores-executivos, que os repassam para Cohen ou Hélio. A revista não tem os chamados “checadores” — uma equipe de revisores cumpre parte desse papel; a outra parte cabe aos próprios repórteres e editores, em leituras que o redator-chefe chama de cruzadas.

Quanto à definição da capa, Cohen diz que ela se deve a um conjunto de fatores, tais como relevância, inovação e impacto:
— Em geral, procuramos captar o “espírito do tempo”, traduzir em reportagens poderosas aquilo que está no raio de atenção das pessoas. Algumas são decididas com antecedência. Criamos até uma espécie de calendário para capas especiais, como a de “Melhores empresas para trabalhar”, feita com base em uma pesquisa do Great Place to Work Institute. Claro que eventos extraordinários, como um ataque do PCC ou uma queda de avião, podem alterá-las. Nesses casos, podemos mudar tudo de um dia para o outro.

 Ricardo Mendonça

Primeiro plano

Contratado para trabalhar na redação da Época em São Paulo, o repórter Ricardo Mendonça conta que cobre diversas áreas:
— Estou há quatro anos na revista, depois de passar pelo Estadão e pela Veja. Comecei na Geral, que equivalente à editoria de Cidade num jornal, fazendo um pouco de tudo. Acabei na Política, cobrindo eleições, denúncias, CPIs… Como a equipe da revista é pequena (seis repórteres em São Paulo, cinco no Distrito Federal e dois no Rio), também estou fazendo, interinamente, a coluna “Primeiro plano”, de notas que vão de economia a sociedade.

Com a experiência de quem já atuou em jornal, Ricardo Mendonça diz que a revista dá oportunidade ao repórter de tratar com mais cuidado suas matérias:
— Dá para a gente se aprofundar mais no assunto. Em algumas reportagens, podemos trabalhar melhor a edição, as fotografias e até mesmo a arte. Temos tempo de olhar e, se for preciso, refazer uma matéria. O produto final ganha em qualidade e é preciso agir assim desde a apuração, quando começamos a visualizar o acabamento. Embora o considere um meio mais emocionante, porque gosto das notícias quentes, o jornal não nos dá tempo de caprichar tanto.

Apesar disso, os repórteres trabalham em ritmo acelerado, embora Ricardo não saiba quantificá-lo:
— Pela própria dinâmica do trabalho é difícil manter um parâmetro da produção mensal de matérias que temos que cumprir. Na cobertura das últimas eleições, por exemplo, a pauta tinha como proposta fazer um levantamento e avaliar o resultado das promessas que o Lula fez em 2002. Conseguimos juntar 700 declarações do Presidente. Foi uma matéria em que levou mais de quatro meses para ficar pronta e envolveu várias pessoas.

Os repórteres da Época têm participação ativa nas sugestões de pauta, juntamente com os editores-executivos:
— Nossas sugestões costumam ser acatadas — diz Ricardo. — Dessa parceria, que vale tanto para a escolha dos temas quanto para a decisão do número de páginas da revista, pode inclusive aparecer uma terceira idéia para a matéria. Como há uma relação menos formal, essas mudanças podem ocorrer no meio do fechamento, devido às negociações entre repórter e editor, que são constantes na redação. 

Segundo ele, essa sintonia com os editores também facilita o desempenho do repórter na hora de redigir:
— Ao longo da apuração, conversamos com os editores sobre as suas expectativas sobre a reportagem. Todo texto é lido pelos editores-executivos, para verificar se a matéria está seguindo o estilo da revista ou dando ênfase aos aspectos que eles acham mais importantes. Mas a chefia não chega a mudar a estrutura do texto. Na Época, é assim que funciona.