Presa repórter acusada de colaborar com tráfico


07/01/2011


A jornalista Maritânia Forlin, 28 anos, repórter da Rede Independência de Comunicação(RIC), afiliada da Rede Record no Paraná, foi presa nesta quinta-feira, dia 6, em sua residência em Campo Mourão(PR), acusada de repassar informações policiais a traficantes em troca de matérias exclusivas.
 
—Ela participava das operações da polícia, fazia entrevistas e passava as informações privilegiadas para a quadrilha, afirmou o delegado José Aparecido Jacovós, responsável pelo caso.
 
Além de Maritânia, foram presas 14 pessoas na Operação Vila Mendes, batizada com o nome do bairro onde se concentrava a quadrilha ligada ao tráfico de drogas e responsável por grande parte dos 47 homicídios registrados na cidade em 2010.
 
De acordo com Jacovós, a investigação durou três meses e já resultou na prisão de 17 pessoas, com as quais foram apreendidos dinheiro, drogas e munição. Segundo o delegado, outros envolvidos serão identificados em breve. Todos responderão por homicídio, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
 
O Diretor de Jornalismo da RIC em Maringá, Leonardo Filho, disse que a repórter era contratada de uma empresa terceirizada e que fora demitida há três meses por remanejamento de equipe. Ele disse ainda desconhecer o envolvimento da jornalista com criminosos.
 
Durante a investigação, a  Justiça autorizou a gravação de conversas telefônicas entre os acusados. Em um dos trechos, Maritância dialoga com um homem apontado como o chefe da quadrilha:
 
Homem —Eu fui levar o Chinês para fazer um ‘corrinho” hoje, entendeu?
 
Maritânia —Hoje?
 
Homem —É. Lá na Vila Cândida, pegar o cara. Não achamos o cara.
 
Maritânia —Ia apagar o cara?
 
Homem —Vai.
 
Maritânia —Você tem que fazer o serviço e depois me liga dizendo acabamos de fechar o negócio. Faz dias que não há homicídio. A cidade ta muito parada.
 
Homem —Mas vai ter homicidinho logo prá vocês. Não demora não.
 
Maritânia —Ai, ai, ai…
 
Homem —Tá próximo.
 
O advogado de defesa de Maritânia, Anderson Carraro Hernandes, disse que vai apresentar pedido de revogação da prisão temporária alegando que a jornalista não tem passagens pela polícia, tem residência fixa e bons antecedentes.
*Com Knight Center for Journalism, O Globo, Jornal de Londrina.