Políticos e entidades rendem homenagens a Maurício Azêdo


Por Igor Waltz

08/11/2013


Vereadores do Rio prestam homenagem ao jornalista Maurício Azêdo.

Vereadores do Rio prestam homenagem ao jornalista Maurício Azêdo.

Uma vida pautada pela defesa das liberdades democráticas e dos Direitos Humanos. A trajetória política do jornalista Maurício Azêdo, morto no dia 25 de outubro em decorrência de uma parada cardíaca, está sendo lembrada por uma série de homenagens propostas por políticos e entidades. A mais recente iniciativa é o projeto do vereador Eliomar Coelho (PSOL/RJ) de rebatizar a Tribuna da Imprensa da Câmara de Vereadores do Rio com o nome de Oscar Maurício de Lima Azêdo.

De acordo com Coelho, Maurício Azêdo escreveu seu nome não apenas na história da imprensa nacional, mas da própria Câmara Municipal. O jornalista foi eleito vereador em três ocasiões — 1983, 1989 e 1993 — e presidiu a Casa no biênio 1983-1985.

— À frente da Câmara, Azêdo promoveu uma das administrações mais sérias e competentes. Além disso, seu histórico na vida política de resistência sem abrir mão de seus princípios são seu maior exemplo às demais gerações. Ele foi um homem de vanguarda, e esse tributo que queremos prestar é muito singelo perto de tudo o que ele significou para o País, relembrou Coelho.

O projeto foi apresentado nesta terça-feira, 5 de novembro, e contou com a assinatura de todos os 47 vereadores presentes na Câmara no dia. Para Coelho, a unanimidade torna essa homenagem ainda mais legítima. Ainda não há previsão para que ele seja colocado na pauta de votação.

Outra proposta, submetida pelo vereador Marcelo Piuí (PHS), pretende rebatizar a recém-inaugurada ligação entre a Zona Norte e o Centro da cidade do Rio de Janeiro, como Jornalista Maurício Azêdo. Inaugurada no último sábado, 2 de novembro, a Via Binário do Porto tem 3,5 km de extensão e foi construída em paralelo com a Avenida Rodrigues Alves e o antigo Viaduto da Perimetral. O viaduto foi interditado e deverá ser demolido ainda no mês de novembro devido às obras de revitalização da região portuária.

A recém-inaugurada via de ligação entre a Zona Norte e o Centro do Rio pode receber o nome do jornalista. (Crédito: Beth Santos / Prefeitura do Rio / Divulgação)

A recém-inaugurada via de ligação entre a Zona Norte e o Centro do Rio pode receber o nome do jornalista. (Crédito: Beth Santos / Prefeitura do Rio / Divulgação)

O novo trajeto passa por bairros históricos do Rio, que há muito estavam abandonados, como Saúde e Gamboa. Ao largo da pista, estão construções dos séculos XVIII e XIX, como armazéns, igrejas e sobrados.

O Projeto foi apresentado no dia 29 de outubro, e seguiu para os pareceres das Comissões de Justiça e Redação, Assuntos Urbanos e de Educação e Cultura. As comissões têm o prazo de 15 dias para publicarem seus pareceres. Para o autor do projeto, o jornalista deixou um importante herança para a população carioca.

—Maurício Azêdo foi um militante de grande importância não só para a história do jornalismo, mas para todas as lutas de resistência em nosso País contra o autoritarismo e a ditadura. Deixa um legado de muitas batalhas em defesa dos direitos humanos, da democracia e de um Brasil melhor e mais justo. Apesar da idade e da saúde debilitada, enquanto pôde esteve na ABI lutando para tornar aquele espaço sempre democrático e aberto aos movimentos sociais. Ele merece todas as homenagens possíveis, disse o vereador Marcelo Piuí.

Prêmio Dinarco Reis

Em vida, Maurício Azêdo foi um dos escolhidos para receber em 2013 a Medalha Dinarco Reis, concedida pelo Comitê Central do PCB a todos aqueles que ajudam ou ajudaram a construir a história do partido. O jornalista, contudo, morreu antes de receber a homenagem, que será mantida in memoriam. O Secretário-Geral do PCB, Ivan Pinheiro, afirma que, mesmo Azêdo tendo deixado o partido há vários anos, ainda havia um importante vínculo entre o jornalista e a organização.

— A medalha é destinada a todos que honraram o PCB com sua contribuição, mesmo os que tiveram uma passagem pelo partido e se foram. E a passagem de Maurício Azêdo foi longa. Ele saiu do partido, mas o partido nunca saiu dele. Eu tive a honra de dar pessoalmente a notícia de que ele seria laureado com a Dinarco Reis. Ele sempre foi um homem muito discreto, mas a sua emoção naquele momento foi visível. Talvez essa tenha sido a última alegria política que ele tenha tido em vida.

Azêdo ingressou ainda jovem no PCB e se colocou na linha de frente da campanha do Petróleo é Nosso, como membro da União da Juventude Comunista (UJC). Escreveu para jornais do partido e, por conta de sua militância, foi preso em 1976 e barbaramente torturado nas dependências do DOI-CODI, no Rio de Janeiro. O jornalista se afastou do PCB nos anos 1980, junto com Luiz Carlos Prestes, por conta de divergências com o então Comitê Central.

De acordo com Pinheiro, a Medalha Dinarco Reis só não foi entregue antes por conta do processo eleitoral para a presidência da ABI. Azêdo pediu que ela fosse entregue em um período posterior, para que não fosse acusado de usar o fato em prol de sua campanha.

— Ele pediu para esperar até depois das eleições, mas infelizmente não tivemos a oportunidade de discutir o assunto novamente. Ele não merecia sofrer esses ataques, muito menos morrer dessa forma. Ele honrou a tradição da ABI na luta contra a opressão e a censura. Mas se antes pensávamos em alguma cerimônia mais íntima, nosso desejo agora é de algo que esteja no patamar que Maurício Azêdo merece.