O aprendizado do possível, na arte e na vida


20/03/2006


Carlos Rodrigues
24/03/2006

                 Murillo Ribeiro

Fotógrafo premiado no Brasil e em outros países, principalmente da Europa e da África, Marcelo Ribeiro é um profissional polivalente. Pela lente de sua máquina podem sair fotos jornalísticas, publicitárias, instantâneas ou posadas:
— Não sou um profissional especializado. Não tenho um só olhar para o que fotografo. Dependendo da ocasião, posso fazer foto para publicação num jornal ou numa revista, para o anúncio de um produto, em externa ou mesmo no estúdio. O primeiro reconhecimento do meu trabalho ocorreu no fim de 1967, quando recebi uma menção honrosa num concurso promovido pela revista Realidade. A foto foi feita em Salvador e foi considerada original porque retratava uma construção em estilo árabe em uma cidade que tem forte influência da cultura africana.

Em 1969, depois de ser preso e perseguido pela ditadura, Marcelo deixou o Brasil e foi para os Estados Unidos. De Nova York, em 1975, foi para Europa, onde passou quatro meses fotografando para a Pan American e aproveitou para fazer um curso de reprodução de obras de arte no Museu do Louvre, em Paris. Depois, na África, viveu muitas aventuras — e, do período, guarda outra premiação:
— Também através de concurso, ganhei outra menção honrosa, desta vez da Nikon, a primeira conferida a um brasileiro. O prêmio foi pela foto de uma velha com uma criança caminhando pelo deserto do Saara em 1973, quando passei algum tempo fotografando nos países da África Ocidental. Esta foto foi, certamente, a mais importante da minha vida. Foi também no Saara que acabei capotando num carro dirigido por um francês. Na Guiné Bissau, acabei preso. Mas não posso reclamar da vida.

Marcelo Ribeiro nasceu em São Paulo, mas vive desde os 7 anos em Niterói, berço de toda a sua família. O tio Almiro Baraúna, um dos grandes repórteres-fotográficos dos anos 60, foi seu mestre e maior inspirador:
— Foi ele quem despertou em mim o interesse pela fotografia, quando eu ainda tinha apenas 8 ou 9 anos de idade. Naquele tempo, a fotografia não era muito valorizada, mesmo assim eu logo me apaixonei por ela e entrei de cabeça. Aprendi muito com meu tio e, anos depois, fui ajudar o cineasta Nelson Pereira dos Santos a organizar cursos livres de Cinema e Fotografia na Universidade Federal Fluminense (UFF). Também trabalhei por algum tempo com Oscar Niemeyer e aprendi muito com ele, principalmente aquilo que, na falta de uma palavra adequada, eu chamaria de “percepção do possível”. Isso significa que, quando Niemeyer está fazendo algum desenho, alguma coisa diz a ele que aquilo é possível, ainda que possa não parecer assim. Esse aprendizado em consegui pôr em prática, porque fotografia tem muito disso. Em alguns momentos a gente depara com algumas dificuldades e pensa que não vai dar para fazer o trabalho. No final, com um pouco de esforço, acaba dando certo — como tudo na vida, aliás.

De volta a Niterói, Marcelo fiz várias exposições individuais:
— Entre elas, destaco as realizadas no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, em 1975, e no MAM, em 1978. Participei também da coletiva “Niterói arte hoje”, no Museu de Arte Contemporânea. Atualmente, dedico-me a elaborar catálogos de exposições e de restauração de patrimônio, como os do Teatro João Caetano de Niterói, do sambódromo do Rio e do MAC, projetado por Oscar Niemeyer.

Clique nas imagens para ampliá-las: 

“Esta foto
foi tirada durante…”

“Alicia
tinha uma percepção…”

“Sou um bailarino frustrado…”

“Acompanhei o Balé Nacional…”

“Eu era o fotógrafo oficial do…”

“O Walter
foi um dos grandes…”

“Levei o Tim Maia ainda vivo para…”

“Ganhei
um prêmio
no Nikon…”

“O grupo Kathakali, Teatro…”

“O Kathakali faz um teatro…”

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“Companhia Lumini de Dança …”

“Zé Kétti
foi outra das atrações…”

“Roberto Menescal foi mais uma…”

“Esta eu considero a foto mais…”

“Este é o ator do filme ‘A terceira…”