Número de correspondentes estrangeiros mortos registra aumento em 2014


Por Igor Waltz*

23/12/2014


James Foley aparece sendo executado em vídeo divulgado por grupo extremista nesta terça-feira, 19 de agosto (Crédito: Reprodução)

James Foley aparece sendo executado em vídeo divulgado por grupo extremista nesta terça-feira, 19 de agosto (Crédito: Reprodução)

Os assassinatos de jornalistas estrangeiros cometidos pelo grupo Estado Islâmico (EI) contribuíram para transformar 2014, com 60 mortes confirmadas, em um dos anos mais violentos para a profissão, segundo o relatório anual do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ). No total, 25% dos jornalistas assassinados em 2014 eram correspondentes estrangeiros.

O Comitê destaca que os jornalistas ocidentais na cobertura de conflitos representam uma “proporção elevada” em relação a anos anteriores. Em 2013, dos 70 jornalistas assassinados no exercício da sua função, 9% deles eram ocidentais, recorda o relatório.

“Houve um grande número de jornalistas especializados em assuntos internacionais ou correspondentes que atravessavam fronteiras a fim de fazer cobertura dos conflitos e das situações perigosas no Oriente Médio, na Ucrânia e no Afeganistão”, diz o documento da CPJ.

Entre as vítimas de 2014 aparecem especialmente os jornalistas americanos James Foley e Steve Sotloff, que foram decapitados pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI). As execuções foram filmadas e divulgadas na internet. A fotógrafa alemã Anja Niedrighaus morreu em abril em uma ação policial quando participava na cobertura das eleições no Afeganistão para a agência Associated Press.

Na Ucrânia, onde o CPJ não registrava mortes de jornalistas no país desde 2001, foram seis jornalistas estrangeiros mortos, entre eles o fotógrafo da agência estatal russa de notícias Andrei Stenin.

Imprensa local

O CPJ destaca, porém, que a imensa maioria dos jornalistas em risco continua sendo o grupo dos profissionais de imprensa local. Além do total de 60 mortes, a organização investiga ainda outras 18, para determinar se estão vinculadas ao trabalho. No Brasil, o Comitê registrou dois assassinatos de jornalistas no exercício da profissão, e na América Latina, o Paraguai aparece com três mortes e o México duas.

A organização cita em especial o exemplo da Síria, que apresenta o balanço mais violento para a imprensa pelo terceiro ano consecutivo, com 17 mortos em 2014. E quase 20 jornalistas continuariam como reféns do EI, em sua maioria profissionais locais.

Desde o início da guerra civil no país, em 2011, 79 jornalistas morreram no país, que superou as Filipinas na lista de nações mais perigosas para os membros da imprensa, estabelecida pelo CPJ desde 1992.

Segundo o CPJ, mais da metade dos repórteres assassinados em 2014 eram do Oriente Médio. No total, 38% destas mortes aconteceram em zonas de combate ou em tiroteios.

* Com informações da AFP e do portal Voz da Rússia.