Nota pública


03/07/2006


Em defesa do patrimônio histórico e artístico nacional do Rio de Janeiro e do Brasil

O roubo de peças de importância artística e histórica e de valor documental inestimável atinge, com freqüência cada vez maior, os acervos preciosos de instituições públicas de arte e memória da cidade do Rio de Janeiro. Apenas a indignação impede que sejam encarados como rotineiros ou, simplesmente, como mais uma face da violência e da corrupção. 

Depois do roubo dos códices do Arquivo Histórico Diplomático do Itamaraty, das fotografias da Biblioteca Nacional, dos livros raros do Museu Nacional, das peças sacras da Cúria Metropolitana, das armas e medalhas do Museu da Cidade, dos quadros do Museu da Chácara do Céu, agora chegou a vez do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, verdadeiro roubo anunciado!… 

A possibilidade de desaparecimento de grande quantidade de fotografias originais de Augusto Malta é um forte golpe na memória da cidade, e responsável por aguda sensação de perda, não apenas para os pesquisadores, mas para os cariocas que se acostumaram a reconhecer suas fotos em obras de divulgação, propagandas, pôsteres etc. Neste caso, as dimensões e a relevância do acervo subtraído, além da aparente facilidade com que os malfeitores se moveram trouxeram tamanho impacto que ultrapassou qualquer idéia de banalização do furto. 

As tecnologias não atenuam a insegurança pública. E as políticas de proteção e defesa dos acervos de História e Memória são insuficientes para a guarda de bens simbólicos, transformados nesses roubos em objetos de mero valor econômico à venda no mercado, quando por seu caráter didático cultural deveriam estar destinados ao acesso público. 

É inevitável a constatação de que não estamos mais diante de casos isolados. A sociedade assiste a um processo sistemático de pilhagem do patrimônio histórico e artístico da nação brasileira e da cidade do Rio de Janeiro, que configura uma clara ação organizada. A sociedade cobra de todas as instâncias de poder público as medidas objetivas que garantam a salvaguarda do patrimônio histórico e artístico nacional e da cidade do Rio de Janeiro e a punição dos criminosos.

Associação Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH)