Nadja Sampaio – Trabalho em prol do consumidor


14/02/2006


Rodrigo Caixeta 
19/1/2006 

A editora-assistente Nadja Sampaio está há 15 anos na coluna “Defesa do consumidor”, seção subordinada à editoria de Economia do Globo. Começou como repórter, depois de já ter passado pelo jornal entre 1985 a 1987. Foi neste ano que sua filha caçula nasceu e ela mudou-se para Teresópolis, onde passou a trabalhar com assessoria de imprensa. Com a entrada de Collor na Presidência, porém, a empresa em que trabalhava quebrou e passou a contratar seus serviços apenas quando surgiam novos clientes.

Cansada dessa instabilidade, em 1990 decidiu voltar ao Rio e procurar nova ocupação no jornalismo. Entrou em contato com alguns amigos e voltou ao Globo para cobrir Comércio Exterior. Como achava que ia mal nesse segmento, pensou que seria demitida, mas conversou com sua chefe e foi remanejada para a “Defesa do consumidor”. Segundo ela, a coluna já existia há dez anos, mas sua entrada configurou uma nova cara para a seção, que se tornou mais prática, com mais serviço, e menos institucional.

Segundo Nadja, as mudanças na coluna também foram amparadas pela criação do Código de Defesa do Consumidor, em 1990. Paralelamente a isso, o número de contatos com o jornal aumentou. Ela diz que antigamente a maior parte das reclamações era feita por telefone. Depois, via fax. Hoje, 95% chegam via Internet — as cartas sempre permearam essas fases. Em média, são recebidos cerca de 70 pedidos de ajuda por dia e são publicados de 14 a 20 por semana — somadas as edições de quarta e domingo.

Em 2004, a coluna recebeu o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa. Em outubro do mesmo ano, Nadja — que participou de um rápido pingue-pongue com o ABI Online esta semana — lançou pelo Globo o “Guia de Defesa do Consumidor”.

ABI OnlineComo é fazer este trabalho há tanto tempo?
Nadja Sampaio — Às vezes penso em mudar, mas estou em fase de reflexão este ano para saber que rumo seguir. Para o jornal, a “Defesa do consumidor” é um trabalho agregado, pois a função do veículo é vender jornalismo. No entanto, prezo por um trabalho de qualidade, porque é meu nome que está em jogo.

ABI OnlineVocê tem idéia de quantas pessoas já foram ajudadas pela seção? Quantos atendimentos em média já foram feitos?
Nadja — Só em 2005, foram recebidos 22.815 pedidos e, das empresas alvo de reclamação, menos de 2% não responderam. E isto não quer dizer necessariamente que elas deixaram de atender ao cliente, apenas que não deram uma resposta ao jornal.

ABI OnlineVocê acredita que, além de defender os direitos do consumidor, a seção também o orienta na compra de produtos?
Nadja — Sim, porque o leitor se torna mais observador. Ele passa a saber quais as empresas que estão dando problema, compartilham da experiência daqueles que passam por situações difíceis com um produto…

ABI OnlineComo você avalia o papel do jornal como meio de exigir os direitos do cidadão?
Nadja — A mídia é um grande divulgador dos direitos do cidadão. Cada vez mais o leitor aprende e se ampara pelo que lê no jornal, ali ele tem conhecimento de seus direitos. Afinal de contas, os órgãos responsáveis pela defesa do consumidor têm poucos canais de informação.

                 Santo Domingo, 5/10/05

Com colegas latino-amercanos da
área de Defesa do Consumidor

ABI OnlineQual o retorno que vem do seu trabalho? Ajudar tantas pessoas lhe dá satisfação pessoal?
Nadja — A própria escolha pelo jornalismo foi uma forma de trabalhar para ajudar as pessoas, o que sempre gostei de fazer. Fiz várias matérias de serviço, informando preços, promoções, taxas de juros etc.

ABI OnlineVocê se considera uma super-heroína por ajudar tantas pessoas, ainda que no anonimato?
Nadja — Não, imagina. Meu trabalho é muito mais pedreira do que glamour.