09/05/2006
Rodrigo Caixeta
12/05/2006
Erik Barros Pinto diz que, desde pequeno, sempre foi fascinado pelas imagens que via em revistas e fotos antigas comentadas em reuniões de família. Prestava atenção em cada detalhe, das pessoas às roupas, dos carros ao ambiente:
— Essa curiosidade me fez querer saber mais, entender como aquelas imagens haviam sido feitas. Aos 11 anos, ganhei minha primeira máquina, uma Olympus Trip, e com ela fotografava tudo o que via à minha volta.
Já a primeira câmera profissional foi comprada graças a uma pequena herança deixada por um bisavô:
— Ele deixou o valor de um telefone para os seis bisnetos. Com esse dinheiro, comprei uma Canon A1. Ela, e a Oympus Trip, foram minhas companheiras por anos, em viagens, aprendizados, cliques e sonhos.
A constatação de que a fotografia era definitivamente sua paixão aconteceu no período em que Erik iniciava a faculdade de Engenharia e fez um curso no Centro Universitário de Fotografia da PUC-Rio:
— Foram dois anos e quatro cursos em que pude pôr em pratica toda minha teoria e confirmar que era mesmo a fotografia que corria nas minha veias. Meu primeiro trabalho foi como assistente do Sergio Nedal e do Dario Zalis, na agência ZNZ, por dois anos e meio.
A estréia no fotojornalismo aconteceu em 1989, no Globo, onde fez de tudo: matérias para os Jornais de Bairro, o Segundo Caderno, a editoria de Esportes etc.:
— Quando o RioShow virou revista, tirei algumas fotos de alimentos e descobri o quanto gostava desse tipo de fotografia. Deixei o jornal no fim de 1992 e abri um estúdio em Ipanema. Hoje ele fica em Botafogo e meu leque de clientes vai de revistas a empresas, de editoras a escritórios de design.
Para Erik, câmera e luz são uma extensão do profissional:
— Na fotografia, o que fica entre nosso olho e o que vamos fotografar tem que ser de nosso controle total e direto. A câmera é uma extensão do olho e das mãos do fotógrafo. Toda mudança é rápida e precisa. Temos que estar prontos para o momento decisivo, com a mente ligada e prevendo o futuro. Quando chega o momento, é atirar — “shot”, como se diz “disparar” em inglês.
Trabalho conjunto
Erik diz que presenciou a chegada do flash de estúdio no Globo e, por ter experiência com o equipamento, gostava de usá-lo em fotos de gastronomia e retratos no estúdio do jornal:
— Quando saía para cobrir jornalismo de rua, brincavam comigo perguntando se eu não ia levar a mala de flash. Naquele tempo, queria sempre estar perto dos repórteres para entender do que se tratava a matéria, porque esse trabalho se faz em conjunto. Ilustrava um texto, e, às vezes, o jornalista escrevia sobre um ponto de vista meu.
Do tempo como repórter-fotográfico, Erik diz que jamais esquecerá a cobertura de uma incursão policial no Morro do Vidigal:
— Chegamos tarde, profissionais de dois outros jornais já tinham entrado na favela com os policiais. Então, bolsa de material pendurada de um lado, lente 300/2.8 do outro e máquina na mão, entrei correndo, perguntando aos moradores se “os ômi” tinham passado por ali. Com respostas positivas, seguia em frente. Quando recebia resposta negativa, diminuía o ritmo. De repente, me vi lá dentro da favela, sozinho, sem conhecer nada, e me dei conta de que minha lente podia parecer uma arma para quem visse de longe. Respirei fundo e dei meia-volta. Quando voltei ao carro, a repórter, mais experiente que eu, perguntou se eu era maluco.
A “realidade fotográfica” ou o “fotograficamente possível” — como chama o desfoque, o borrado, as cores, os ângulos — são para ele o maior fascínio. Por isso mesmo, avisa:
— Para quem quer começar, meu conselho é olhar, enxergar, ler, mexer, clicar, e clicar muito. Com isso você vai treinando seu olhar, aprendendo a tirar de qualquer situação a sua imagem, aquela que só você vê. Ser assistente de alguém também ajuda a diminuir a distância entre teoria e técnica. Sempre tem fotógrafo precisando de ajuda.
Com a experiência de 14 anos dedicados ao seu estúdio, Erik Barros Pinto diz sentir pena da morte do filme, devido ao uso crescente das câmeras digitais:
— Estas precisam ser trocadas de tempos em tempos e pertencem a uma tecnologia ainda mutante. Fotografia digital é bem diferente de preto e branco, negativo ou cromo. É uma outra linguagem, principalmente na leitura da cor, mas sua versatilidade é algo que, quem já provou, não larga mais.
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