Morre o jornalista Carlos Amorim aos 71 anos


22/10/2023


O jornalista Carlos Roberto Amorim da Silva morreu, neste sábado (21), em São Paulo, aos 71 anos. Ele deixa mulher e quatro filhos.

Carlos Amorim estava internado no Hospital Oncológico AC Camargo, localizado no bairro da Liberdade. A causa da morte não foi revelada.

Carreira

Carlos Amorim atuou como diretor do Fantástico de 1991 até 1992. Ele conferiu uma linha editorial focada em problemas urbanos, e trabalhou em denúncias e investigações no programa.

Ele também foi fundador do Jornal da Manchete, da extinta TV Manchete. Lá, ele atuou como diretor da Divisão de Programas de jornalismo.

Amorim trabalhou 19 anos nas Organizações Globo. Cinco deles foram no jornal O Globo, como repórter especial, e 14 anos na TV Globo. Foi chefe de redação do Globo Repórter, editor-chefe do Jornal da Globo e do Jornal Hoje, diretor de jornalismo da Globo no Rio e em São Paulo, e diretor de eventos especiais da Central Globo de Jornalismo.

Na Bandeirantes, trabalhou na rádio e televisão. Carlos foi o responsável por implantar o canal de notícias BandNews. Na Record, ele foi o criador do Domingo Espetacular.

O profissional venceu prêmios importantes da profissão. Em 1994, venceu o Jabuti com o livro “Comando Vermelho – A história do crime organizado”, além dos prêmios Simon Bolivar e Vladimir Herzog.

Depoimento

A jornalista Irene Cristina, conselheira da ABI, que foi casada com Amorim, comentou, em suas redes sociais, o seu falecimento:

“Um tremendo repórter!

Acompanho as notícias sobre a morte de Carlos Amorim e todas se referem ao livro que ele escreveu sobre o Comando Vermelho.
Não consigo deixar de recordar as primeiras entrevistas feitas para a pesquisa que durou décadas até a edição do livro.
Eu estava grávida de nossa primeira filha e, embora seja comum as grávidas sentirem muitos medos diante do futuro, todas as vezes que ele saía para um encontro com os chefes das facções, eu pressentia um futuro com filhos sem pai.

Ele era levado encapuzado em carros lotados de gente armada para lugares que ele não pudesse reconhecer jamais.

Na volta, ele falava sem parar tentando se lembrar de tudo para anotar, mas eu sempre imaginava que ele queria uma testemunha caso não voltasse depois da entrevista seguinte. E assim se repetiram os encontros até ele publicar a história do Comando Vermelho.

Fim do pesadelo?

Nem um pouco.

Ele se mudou para São Paulo e tudo se repetiu.

Os chefes do PCC, o Primeiro Comando da Capital também queriam sua trajetória imortalizada e saiu a edição seguinte: A irmandade do crime CV e o PCC.

A história agradece.”