Morre o jornalista Artur da Távola


09/05/2008


Morreu na tarde desta sexta-feira, 9, o jornalista, escritor, Conselheiro da ABI e ex-Senador Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros, mais conhecido pelo público como Artur da Távola. O corpo será velado na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Rua Primeiro de Março, s/n — Praça XV), neste sábado, dia 10, a partir das 9h. O enterro será às 16h, no Cemitério São João Batista.

Com 72 anos, o jornalista sofria de problemas cardíacos e chegou a comunicar em seu blog que estava doente e não continuaria a escrever. Ele morreu em casa e deixa viúva — Mírian Ripper Nogueira Lobo, sua segunda mulher — e três filhos.

Artur da Távola ingressou na ABI em setembro de 1973 e, ao longo de 34 anos, ocupou vários cargos na entidade. Logo que soube de sua morte, o Presidente da Associação, Maurício Azêdo, comentou:
— Recebemos com profundo pesar a notícia, porque, além de um grande intelectual, ele era um jornalista notável, uma criatura humana excepcional. Como membro do nosso Conselho Deliberativo, enquanto teve saúde ele participava de tudo Seu desaparecimento nos causa forte dor, seja por atributos intelectuais, que deixam um vácuo na inteligência brasileira, seja por essa pessoa extremamente afetiva que ele era.

Nascido no Rio de Janeiro, em 3 de janeiro de 1936, filho de Paulo de Deus Moretzsohn Monteiro de Barros e de Magdalena Koff Monteiro de Barros, Artur da Távola formou-se em Direito pela PUC-Rio em 1959, tendo participado do movimento estudantil no período universitário.

Vida profissional

Entre 1957 e 1960, trabalhou como produtor de programas educativos da Rádio MEC. Em 1960, ainda usando seu nome de batismo, foi eleito deputado constituinte no recém-criado Estado da Guanabara, pelo PTN. Em 62, foi reeleito e ingressou no PTB. Sua atuação parlamentar foi marcada pela oposição ao então Governador Carlos Lacerda, da União Democrática Nacional-UDN. Cassado após o golpe militar de 1º de abril de 1964, Paulo Alberto asilou-se na Bolívia e no Chile. Na volta ao Brasil, em 1968, passou a usar o pseudônimo de Artur da Távola, por sugestão do então dono da Ultima Hora, Samuel Wainer, que o contratou como crítico de televisão do jornal. 

Jornalista e escritor respeitado, lançou 23 livros e foi colunista de várias publicações, como O Globo, O Dia e Jornal do Commercio. Também dirigiu revistas da Bloch Editores, assinou crônicas diárias no programa “Plantão da madrugada”, da Rádio CBN, e era Diretor da Roquette-Pinto. Desde 1957 na Rádio MEC, onde era o mais antigo funcionário em atividade, apresentava na emissora o programa “Quem tem medo de música clássica?”, que depois levou também para a TV Senado.

Política

Um dos fundadores do PSDB, Artur da Távola liderou a bancada tucana na Assembléia Constituinte, em 1988, e presidiu a Subcomissão de Educação e Esporte na Câmara Federal, contribuindo para itens sobre atividades esportivas na Constituição Brasileira.

Exerceu mandatos de deputado federal de 1987 a 1995 e de senador de 1995 a 2003, e presidiu o PSDB de 95 a 97. Em 96, tentou ser candidato a Prefeito do Rio, mas o partido optou pelo nome de Sergio Cabral Filho. Em 98, perdeu para Luiz Paulo Corrêa da Rocha a candidatura para a sucessão do Governador Marcello Alencar.

Em 99, anunciou seu desligamento da legenda, que estaria, segundo ele, se distanciando dos ideais da social-democracia. Não chegou, porém, a deixar os tucanos, já que a divergência foi contornada por outros líderes do PSDB, que o convenceram a permanecer.

Em janeiro de 2001, deixou a liderança do Senado para assumir a Secretaria municipal das Culturas do Rio.