Militares exigem fim de novela sobre ditadura


12/04/2011


O site PeticaoPublica.com.br, que disponibiliza um serviço online gratuito para abaixo-assinados(petição pública), está alojando petição postada pela comunidade Documento Ditadura em apoio à transmissão da novela “Amor e Revolução”, do SBT, que aborda o período da ditadura militar no Brasil(1964-1985).
 
O documento é endereçado ao Ministro das Comunicações Paulo Bernardo, em repúdio ao abaixo-assinado de autoria de José Della Vecchia, membro da Diretoria da Associação da Associação Beneficente dos Militares Inativos da Aeronáutica(ABMIGAer), encaminhado ao Ministério Público Federal, contra a exibição da novela, que estreou no último dia 5, e mostra cenas de tortura e de perseguição aos militantes políticos da época.
 
O documento, que já reúne mais de 300 assinaturas, tem o seguinte teor:
 
”Diante de o Governo Federal através da Comissão da Verdade, recém criada, estar, como tudo indica, participando do acordo em exibir a novela “Amor e Revolução” no SBT (trata de um acordo firmado com o empresário Silvio Santos, visando o sanemanento do “Banco Panamericano” do próprio empresário, envolvido em escândalo no sistema financeiro nacional). sendo assim, o efetivo da Forças Armadas, tanto da ativa como inativos e pensionistas, vêm respeitosamente através desse abaixo assinado, como um instrumento democrático, solicitar do digno Ministério Público Federal, representado acima, providências em defesa da normalidade constitucional, vista o cumprimento da lei de anistia existente, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal. Nestes termos pede deferimento em caráter urgentíssimo”.
 
Para Elizabeth Silveira Silva, integrante da Diretoria do Grupo Tortura Nunca Mais, ações como esta demonstram a tentativa de impedir a busca pela verdade deste período da história nacional:
—Na realidade eles não querem que tenha divulgação de nada. Assim como eles não abrem os arquivos, exatamente para que essa história não seja contada, eles ficam tentando que essa história verdadeira não venha a público. Mesmo que seja uma novela, que não é um documento, mas apenas um folhetim que aborda essa questão.
 
O autor da novela, Tiago Santiago, afirmou que não vai mudar a história em favor de “criminosos, torturadores e assassinos”:
—Achei uma iniciativa despropositada que interessa apenas aos criminosos, torturadores e assassinos que violaram as Convenções de Genebra nos chamados anos de chumbo da ditadura militar. A novela é respeitosa com as Forças Armadas, mostrando herói militar e oficiais democratas, a favor da legalidade. Em diversos trechos da novela, há menções favoráveis a militares, evidenciando que nem todos participaram do golpe e da violenta repressão à oposição.

*Com informações da Radioagência NP, e do site Na Telinha.