Madureira e o sorriso do subúrbio


31/05/2022


por Maria Luiza Franco Busse
Diretora de Cultura

“Em cada esquina um pagode num bar
Em Madureira
Império e Portela também são de lá
Em Madureira
E no Mercadão você pode comprar
Por uma pechincha você vai levar
Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar
Em Madureira”
(Meu Lugar, letra e música de Arlindo Cruz)

Madureira, 409 anos, Lima Barreto, 100 anos. O Rio de Janeiro está de parabéns. Neste maio a cidade festejou, e ainda festeja os aniversários do bairro e do jornalista-escritor.

Afonso Henriques de Lima Barreto não nasceu nem viveu em Madureira, foi filho criado em Todos os Santos, região não menos suburbana do Grande Méier, diferente do sambista Arlindo Cruz, cantor e compositor dos versos que eternizam o seu lugar.

Arlindo e Lima Barreto são poesia pura originais desse espaço geográfico-social singular e inspirador que é o subúrbio carioca. Enquanto o primeiro salienta o charme, a graça e a beleza do doce balanço suburbano, o vizinho se ocupa de denunciar o modo como a elite trata e maltrata o cotidiano e a sensibilidade dos seus concidadãos. “ Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro”, trecho destacado do livro Triste Fim de Policarpo Quaresma pelo mestre Ivan Proença, um dos decanos da ABI.

O nome Madureira veio do sobrenome do boiadeiro Lourenço, proprietário das terras no século XIX. Mas Madureira já se chamou Campinho e Portela e seus primeiros registros datam de 1613. O ano ainda pode ser visto gravado na pedra da fachada da igreja de Nossa Senhora da Apresentação que era a matriz da sesmaria no hoje contiguo bairro do Irajá.

Nesses quatro séculos e alguns anos, Madureira segue com mais de 50 mil habitantes, segundo o último censo de 2010, população que cresce todos os dias com gente de todo lado que povoa o Mercadão, local de um tudo, e as quadras da Portela e do Império Serrano.

A propósito, a escola azul e branco da águia altaneira, a Portela, que faz cem anos em 2023, elegeu, no domingo (29), a sua nova diretoria, para o triênio 2022/2025, que tem Tia Surica como Presidente de Honra, a primeira mulher a ocupar esse cargo na escola.

Por essas e outras é que Madureira foi elevada à categoria oficial de 1ª Região de Especial Interesse Cultural.

Você já foi a Madureira? Não? Então vá.