Jornalista e “recreativista”


16/07/2007


Para o jornalista Rubem Confete, dois fatores foram importantes para fazer de Tião Copeba uma personalidade de destaque no meio cultural carioca: seu profissionalismo e sua forte vocação para o “recreativismo”.
— O Copeba tinha um vasto conhecimento da cultura carioca e do samba e aparecia como um elo entre os jornalistas policiais que faziam a cobertura da cidade e as manifestações culturais da comunidade negra, como as escolas de samba. Ele foi coordenador de desfiles quando estes aconteciam na Avenida Rio Branco, com uma grande vantagem, pois conhecia todo mundo nas agremiações. Essa sua desenvoltura fez com que ele conseguisse, com o então Governador Negrão de Lima, a quadra da Império Serrano, até hoje no terreno onde já funcionou o Mercado de Madureira.

A capacidade de se relacionar com as pessoas foi também marca registrada de Copeba, como atesta o jornalista Mário Saladini, que o conheceu nos anos 40:
— Eu era Diretor de Turismo do Estado do Rio e ele, membro da antiga Associação dos Cronistas de Carnavalescos (ACC). Era uma pessoa muito simpática e sempre cordial. Tenho dele as melhores lembranças.

Segundo Saladini, Copeba preocupava-se com o rumo que as escolas de samba começaram a tomar na década de 90:
— Ele achava importantes os melhoramentos que as agremiações introduziam nos desfiles, mas dizia que essa melhoria não devia desprezar as origens — e hoje as escolas viraram um bloco de puladores. No I Simpósio de Samba da Cidade do Rio de Janeiro, realizado pela Riotur em novembro de 1990, Copeba já pedia para que as músicas fossem samba de roda e não marcha.

Na mesma época, também pedia respeito aos antigos sambistas, reclamando:
— Parece que existe uma resistência contra a Velha Guarda, como chamavam os fundadores das escolas. Hoje falam tanto a palavra “velho” quando se referem ao sambista mais antigo que eu pensei em propor que se mudasse de Velha Guarda para Os Idosos. Minha pergunta é a seguinte: as Velhas Guardas representam uma corrente cultural com unidade de pensamento ou apenas se constituem numa comunidade de lazer, de reminiscência de histórias do passado?