Jornalista sofre ameaças por críticas ao Estado Islâmico


Por Claudia Sanches

18/05/2015


O jornal satírico Charlie Hebdo está sendo acusado de hipocrisia após ter suspendido a colunista Zineb El Rhazoui, 33 anos, que fazia artigos com críticas aos extremismos do Estado Islâmico (EI). A O caso  chegou às redes sociais e vem provocando um amplo debate.

A profissional de imprensa começou a receber ameaças de morte dos muçulmanos radicais e a direção a chamou para recordar as suas “obrigações” mínimas com a entidade. A colunista francesa acusou os chefes de perseguição por causa de seus artigos, que seguem a linha editorial da revista.

Segundo Zineb El Rhazoui, que está vivendo com amigos em hotéis por conta da perseguição, seu marido, o escritor marroquino Jaouad Benaïssi, também recebe ameaças desde fevereiro, foi demitido e forçado a abandonar sua terra natal depois que os jihadists descobriram seu local de trabalho.

— Estou chocada em ver uma Direção que recebeu tamanho apoio após o ataque demostrar esses tipo de comportamento em relação a seus empregados, que sofrem ameaças decorrentes da linha editorial do veículo. Meus colegas de trabalho ainda fazem brincadeiras irônicas sobre minha possível demissão.

Apesar das críticas da repórter, um porta-voz do jornal teria garantido que  Ziben El Rhazoui não será dispensada.

Ao receber o prêmio da Associação Literária e de Defesa da Liberdade de Expressão Americana (PEN, sigla em inglês), no último dia 5, em Nova Iorque, o editor chefe da Charlie Hebdo, Gerard Biard, afirmou que as charges relacionadas à cultura islâmica continuarão a ser publicadas.

Apesar de escritores de todo o mundo assinarem uma carta em repúdio à premiação por considerarem as publicações do veículo ofensivas aos muçulmanos, Gerard Biard, e o ensaísta e crítico Jean-Baptiste Thore receberam o troféu em homenagearam os colegas assassinados em 7 de janeiro último durante o ataque  à Redação da revista em Paris, onde morreram 12 pessoas, sendo cinco cartunistas. Durante a cerimônia o editor afirmou que “a missão de satirizar os temas sagrados permanecem”:

— Crescer para ser um cidadão é aprender que algumas ideias, algumas palavras, algumas imagens, podem ser escandalosas. Ver-se escandalizado faz parte do debate democrático. Ser atacados a tiros, não.

Há rumores de que a revista passa por uma grave crise interna tendo como pano de fundo os 30 milhões de euros arrecadados depois do atentado. Quatro meses após o ataque juhadista, começam a aparecer as tensões internas. Luz, o desenhista que fez  a caricatura de Maomé em seu número histórico de 14 de janeiro, ameça deixar a publicação. A suspensão de Ziben El Rhazou é o último conflito que revela a difícil situação da empresa.

* Fonte : Daily News