Imagens que ficam na história


15/03/2006


Rodrigo Caixeta
17/03/2006

O interesse de Alex Slaib pela fotografia começou há 17 anos, quando, ainda amador, começou a clicar com uma câmera Yashica do pai. Dado o primeiro passo, passou a registrar a mulher, então grávida, a filha — e percebeu que, com uma máquina na mão, poderia “registrar segundos de vida que não voltam nunca mais”.
— Para me especializar, procurei alguns cursos, como Fotojornalismo, Fotografia Profissional e Percepção Visual.

Há nove anos como repórter-fotográfico — e hoje contratado do jornal A Tribuna, de Niterói —, Alex começou carreira em 1997, no Agito da Galera, um tablóide de esportes, e obteve o registro profissional quando fazia o Jornal de Ipanema. Depois, passou pelo Diário Democrático, O Povo, Jornal dos Sports e O São Gonçalo, onde ficou por três anos e assumiu, pela primeira vez, a função de editor de Fotografia:
— Depois de um ano, porém, minha vontade de voltar para a rua era grande. Pedi demissão e muitos, como minha mãe e alguns coleguinhas, acharam uma loucura, pois o salário de editor é maior. Mesmo assim, preferi voltar para a rua e fazer o que mais gosto: registrar imagens que ficam para a história.

Na opinião de Alex, para dar o clique na hora certa é preciso ter muita atenção e estar por dentro da pauta — “assim pode-se fazer um excelente trabalho”, diz. E recomenda:
— O profissional e o iniciante devem fazer um curso de Percepção Visual, que dá dicas de como olhar e se posicionar no local certo. Ter garra é muito importante também; a gente não se deixar abater com as dificuldades da profissão. E é bom saber que nosso meio é muito fechado.

Entre suas coberturas favoritas, Alex destaca a guerra urbana — o que faz normalmente por ser fotógrafo da editoria de Polícia — e diz que uma das mais marcantes foi a da chacina de cinco menores no Morro de Ititioca, em Niterói. Já a matéria mais importante foi a da visita de Lula à cidade fluminense:
— Não é todo dia que um repórter-fotográfico, ligado à Repol (reportagem policial), acompanha um Presidente da República.

Embora ainda não tenha ganhado nenhum prêmio, ele acredita que está chegando a hora e orgulha-se de, há três anos, ter ficado entre os 40 primeiros colocados no Prêmio Vladimir Herzog:
— A foto, “Figa da incerteza”, tirada durante a troca do Comando Geral da Polícia Militar, mostrava a Governadora Rosinha, crente convicta, fazendo figa com as pernas.

Ao longo da carreira, Alex foi testemunha de muitas histórias engraçadas, como a que aconteceu com um colega cinegrafista:
— Estávamos na cobertura de um enterro e ele, em busca do melhor ângulo, acabou caindo num túmulo vizinho. Como estávamos todos concentrados, não percebemos seu sumiço. Pouco depois, escutamos um pedido de socorro vindo da cova. Algumas pessoas se assustaram e saíram correndo. Foi muito engraçado.

Mas ele também já viveu momentos de terror:
— Eu e um repórter subimos o Complexo do Alemão de madrugada e fomos surpreendidos por um traficante, que deu uma rajada de metralhadora em nossa direção. Como nenhum tiro acertou o alvo, apesar de estarmos muito perto, costumo dizer que nascemos de novo — e, em seguida, corremos muito também.

Alex Slaib tem dois projetos em andamento. O primeiro — que depende de patrocínio — é ir para Serra Leoa, na África. O segundo é editar seus próprios jornais, cujos rascunhos já estão prontos: “A Denúncia” e “Gol de Placa”.

Aos candidatos a ingressar no fotojornalismo, alerta:
— É preciso ter persistência, vocação, nascer com alma de jornalista e, principalmente, gostar muito do que se faz.

Clique nas imagens para ampliá-las: 

“Crianças
face a face
com o…”

“Policiais militares dão cobertura…”

“Moradora
do Morro do Estado…”

“Baleia Jubarte encalha…”

“No Dia da Independência, menor…”

“Sem saber
o que fazer
com a…”

“Menor
preso na
Delegacia…”

“O palhaço Carequinha
faz a festa…”

“Pelé se
empolga durante…”

“Piloto de parapente faz um balé…”

“Traficantes
do Morro do Estado…”

“Contraste entre a mensagem…”