Por Cláudia Souza*
04/09/2015
Ilustradores de todo o mundo homenageiam Aylan Kurdi , de 3 anos, vitima de naufrágio na Turquia. As imagens postadas nas redes sociais retratam o drama migratório na Europa.
Aylan Kurdi, o irmão Galip, de 5 anos, e a mãe Rehna, 35, morreram afogados nesta quarta-feira, dia 2, na Turquia. Veículos de comunicação de vários países divulgaram as imagens classificando-a como símbolo da gravidade na política de imigração na Europa.
O corpo da criança foi encontrado sem vida em uma praia de Bodrum, após o naufrágio da embarcação que provocou a morte de 11 refugiados, a família, natural de Kobani, tinha escapado do ataque do grupo Estado Islâmico à cidade.
Veículos da imprensa internacional destacaram a tragédia como símbolo da gravidade da situação da imigração, e um possível divisor de águas na política europeia para os imigrantes. Após a repercussão, um grupo de artistas transformou a foto em ilustrações. A mobilização está disponibilizada nas redes sociais pela hashtag, em turco, #KiyiyaVuranInsanlik, ou #HumanityWashedAshore.
O corpo de Aylan Kurdi foi encontrado sem vida em uma praia da Turquia. O pai da criança, Abdullah Kurdi perdeu no naufrágio a mulher e outro filho de 5 anos: “Meus filhos escorregaram das minhas mãos. Tínhamos jalecos salva-vidas, mas o barco afundou porque várias pessoas se levantaram. Carreguei minha mulher nos braços, mas meus dois filhos escorregaram das minhas mãos, informou Kurdi informou Abdullah à agência de notícias turca Dogan.”
Abdullah disse que a família pretendia reencontrar parentes no Canadá, embora o pedido de asilo tivesse sido negado, de acordo com o site “National Post”. Eles pagaram duas vezes para chegar à ilha grega de Kos, e em uma delas foram interceptados pela polícia, mas libertados em seguida. Na segunda travessia, de acordo com Abdulla, os organizadores não disponibilizaram o barco: “Conseguimos outra embarcação por nossos próprios meios, contudo, após navegarmos cerca de 500 metros, a água invadiu o espaço. Muitos passageiros entraram pânico e quando ficaram de pé piorando a situação.”
Estado Islâmico
Na última quarta-feira, 2, após o naufrágio, Abdullah telefonou para a irmã, que reside em Vancouver, no Canadá, há 20 anos. Explicou que seu único desejo era retornar à cidade de Kobane para enterrar os parentes. Mais de 15 familiares de Abdulla foram mortos em combate contra extremistas do Estado Islâmico (EI).
Com a repercussão global do naufrágio, o governo do Canadá ofereceu asilo a Abdullah, mas ele rejeitou a oferta, segundo a agência EFE. “Prefiro retornar à minha cidade Kobane. Quero que o mundo inteiro nos escute e veja onde chegamos tentando escapar da guerra. Vivo um grande sofrimento. Faço esta declaração para evitar que outras pessoas não vivenciem vivam o mesmo”, declarou Abdullah a jornalistas turcos diante do Instituto Médico Legal da cidade de Mugla.
Imagens chocantes
A imagem e a história da criança morta provocou uma mobilização sem precedentes que levou vários líderes políticos europeus, como o primeiro-ministro britânico, a reverem a sua política de acolhimento de refugiados.
Pelo menos nove sírios morreram no naufrágio que matou a família de Abdullah Kurdi, segundo a agência AFP – alguns veículos citam 12 mortos. As duas embarcações haviam partido do balneário turco de Bodrum e tentavam chegar à ilha grega de Kos.
A foto do menino morto virou um dos assuntos mais comentados no Twitter e diversos veículos da imprensa internacional a destacaram como símbolo da gravidade da situação, inclusive com potencial para ser um divisor de águas na política europeia para os imigrantes.
O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, disse que a morte do menino sírio mostra a necessidade de ação urgente da Europa na crise migratória. “Ele tinha um nome: Alyan Kurdi. Ação urgente é necessária – uma mobilização da Europa inteira é urgente”, escreveu Valls em sua conta no Twitter nesta quinta-feira.
Na quarta-feira, Itália, França e Alemanha assinaram um documento conjunto pedindo pela revisão das atuais regras da União Europeia sobre garantia de asilo e uma distribuição “justa” de imigrantes no bloco, informou o Ministério das Relações Exteriores da Itália.
*Fonte: agências internacionais