Honoris causa negado a Nei Lopes


23/07/2021


Por Vera Perfeito, diretora de Cultura e Lazer da ABI


Até o dia 8 de agosto teremos muito para olhar e torcer na telinha, pois foi dada a partida da Olimpíada de Tóquio. Hoje, é a cerimônia de abertura. Enquanto isso, aqui na terrinha, mais um caso de racismo e preconceito: Nei Lopes com 44 livros publicados e mais de 40 sambas gravados teve negado o título de doutor honoris causa pela UFRJ (veja em Livros e Música). Já Maria Bethânia lança seu novo álbum dia 30 e Gabriel o Pensador lançou Comunista Patriota nas plataformas e em vídeo. Um espetáculo! Dicas avisa: Não perca o documentário Marianne e Leonard (Cohen) e nem a reprise da minissérie Hilda Furacão. E para apimentar a vida tem um nu frontal do galã Adam Demos na terceira temporada da série Sex life. E você ainda terá indicações de doações, festivais de filmes, show do AmarElo de Emicida em vídeo e no streaming, além de outras ótimas séries como Virgin River e Sexy beasts com mascarados escolhendo parceiros no escuro. Veja em livros: os arromânticos chegaram e não se apaixonam nos relacionamentos. Não perca o show em homenagem a Nelson Sargento. Boa semana e não relaxe: máscara, álcool gel e fique em casa, se possível.

ENTREVISTAS

Segunda-feira

19h30 – ABI Esporte : dois livros lançados por jovens jornalistas esportivos estão na pauta do programa da ABI com apresentação de Marcos Gomes. Eles calaram o Maracanã, de autoria de Vladimir Bianchini que conta como o Santo André conquistou a Copa do Brasil, em 2004, contra o Flamengo, em pleno Maracanã e VAR, escrito por William Tales, sobre as vantagens e desvantagens que o árbitro de vídeo trouxe para o futebol. No canal da ABI do YouTube.

Terça-feira

19h30 – Cineclube Macunaíma: o filme exibido será O Cinema é minha vida, de Cavi Borges, Patricia Niedermeier e Rodrigo Fonseca, a partir das 10hs até segunda-feira. No debate, à noite, estarão presentes os diretores do filme, além do cineasta Silvio Tendler e do jornalista Ricardo Cota como mediador. No canal da ABI do YouTube.

Quarta-feira
19h30 –Claquete Musical com apresentação do jornalista Paulo Figueiredo, será exibido hoje, das 18hs às 19h30, o longa documentário Noitada de Samba, de Cély Leal, contando a história da formação da Noitada de Samba no Teatro Opinião e sua contribuição na música brasileira como é conhecida hoje. Em 1971, durante a ditadura militar, a banda foi símbolo de resistência política e cultural no teatro, trazendo compositores e intérpretes dos morros e da periferia para o asfalto. No elenco estão Martinho da Vila, Beth Carvalho, Alcione, Dona Yvone Lara, Eliana Pittman, Elton Medeiros, Gilberto Braga e Maurício Sherman. Cély Leal, a diretora, estará no bate-papo após a exibição do filme. No canal da ABI do YouTube.

Quinta-feira

19h30 – Rumos do Jornalismo: com Andrea Penna, diretora de Jornalismo da ABI. Pelo canal da ABI no YouTube.

GNT – o depoimento de Georgette Vidor no Que história é essa, Porchat?. Emocionante e cheio de boas histórias.

OLIMPÍADA

O evento está sendo transmitido pela TV Globo, Sportv, que terá quatro canais dedicados à cobertura, Bandsports. E é só consultar o horário dos jogos na internet. Para acompanhar de perto os atletas brasileiros – grupos de esportes coletivos ou em classificatórias – devrá concentrar sua atenção nas últimas horas do dia e logo depois do sol nascer. Os brasileiros estarão em ação 28 vezes em competições que começam entre 21 e 22 horas. Esse é o número de eventos somados que brasileiros disputarão entre as 2h e 6h da manhã. A disputa de medalhas será entre 7 e 10hs. O surfe, com Gabriel Medina e Ítalo Ferreira brigando pelo ouro, terá início às 19hs. O skate, com Rayssa Leal, Pamela Rosa e Letícia Bufoni as disputas serão a partir de 0h25 no dia 26. Isaías Queiroz, na canoagem, na disputa C1 1000m, está prevista para 23h39 do dia 6 de agosto. As finais de ginástica artista começam perto das 6hs na maioria dos dias com a americana Simone Biles, que disputará ouro fazendo apresentações pela madrugada. Na vela, esporte que brasileiros costumam ganhar medalhas, as regatas começam após a meia-noite, assim como no boxe que tem chance das disputas se arrastarem até o início da manhã.

Hoje, além da cerimônia de abertura, poderemos assistir provas de: badminton, basquete3x3, boxe, ciclismo – estrada (entrega de medalha), esgrima, ginástica artística, levantamento de peso, handebol, hóquei, judô, remo, taekwondo, tênis, tênis de mesa, tiro com arco, tiro esportivo (medalha), vôlei e vôlei de praia. O nosso futebol olímpico masculino joga às 5:30 da manhã (de Brasília) contra a Costa do Marfim. Por fim, retornam na quarta-feira, 28, às 5h (de Brasília), contra a Arábia Saudita na 1ª fase. O futebol feminino volta a campo no sábado, 24, contra a Holanda, as 8h (de Brasília) e finaliza a fase grupos na terça-feira, 27, as 8h30 (de Brasília) contra a Zâmbia.

Douglas Souza do vôlei no Instagram – Assumidamente gay com muitos fãs na comunidade LGBTQIAP+, o jogador de vôlei é um verdadeiro sucesso como gamer entre o público mais jovem. Ganhou mais de 300 mil seguidores em 12 horas e seus mais de 510 mil seguidores acompanham seus relatos bem-humorados direto de Tóquio. Ele viralizou pulando nas comentadas camas de papelão da Vila Olímpica, famosas pelo boato – já desmentido – de que seriam feitas para não aguentar relações sexuais. Ele desfila, compara a comida da Vila com refeições de animes (as animações japonesas) e boa parte das apresentações são ao som de Batidão Tropical da cantora Pablo Vittar. Douglas é multicampeão pela seleção brasileira.

DOAÇÕES

Obra do Berço – com foco em crianças de O a 3 anos que tem sede na Lapa reforça sua campanha de doações, para continuar o trabalho de oferecernsuporte opsicológico, nutricional, educativo e social aos pequenos e suas famílias. Doações podem ser realizadas através do site aobradobercorj.org.br. Outra iniciativa pe a ação Pizza Solidária, em parceria com a pizzaria Joia Carioca, do Jardim BotÂnico. Parte dos lucros arrecadados pelo estabelecimento é revertida em doações para a Obra do Berço.

Solidariedade aquece – a Secretaria Especial de Ação Comunitária do Rio faz essa campanha para recolher cobertores, agasalhos e quaisquer vestimentas de frio para doação a população de favelas e áreas menos favorecidas da cidade. As doações são presenciais na subprefeitura da Zona Sul, no Leblon, e podem ser feitas de segunda a sexta-feira, das 9 às 17hs. As seds da Barra, Jacarepaguá, Centro, Grande Tijuca, Zona Oeste e Zona Norte também fazem o recolhimento.

TELEVISÃO

A transformação da TV Brasil numa emissora de propaganda do governo tem motivado campanhas. Uma delas é #FicaCaminhos, contra o desmonte do programa “Caminhos da Reportagem”. Seus profissionais estão sendo transferidos. E quem tem um perfil mais crítico é afastado. Até quando isso?

FILMES

Festival Cavideo 24 Anos – com 350 obras audiovisuais em exibição online e gratuita, produtora, locadora e distribuidora mais produtiva do cinema brasileiro completa 24 anos. Acesse: https://vimeo.com/festivalcavideo24anos e Instagram: @festivalcavideo e Youtube: @vertentesdocinema.

Para comemorar, o Festival Cavideo 24 anos, totalmente online e gratuito, no Vimeo Festival Cavideo, até 1 de agosto. Além da exibição de mais de 350 produções da Cavideo na sua nova plataforma streaming Vimeo, terá Lives especiais( no youtube e no Instagram), com diretores e críticos, que contaram sobre as histórias da Cavideo. CURSOS: Também será disponibilizado, gratuitamente, na plataforma streaming da Cavideo um curso on-line com 10 aulas de uma hora cada. Não precisa se inscrever, as aulas vão estar disponíveis na plataforma de 16 de julho a 1° de agosto, nas aulas Cavi Borges explica sobre a sua distribuidora de filmes, distribuição, produção de baixo orçamento e as histórias do cinema independente. https://vimeo.com/festivalcavideo24anos. Na mostra Mestres serão exibidos trabalhos desses 12 diretores que fizeram/fazem parceria com a Cavideo: Neville de Almeida, Sérgio Ricardo, Maurice Capovilla, Luiz Carlos Lacerda, Luiz Rosemberg Filho, Júlio Calasso, Sylvio Lanna, José Sette, Antônio Fontoura, Noilton Nunes, Emília Silveira e Regina Miranda.Foram destacados dez filmes imperdíveis: JOÃO POR INEZ – (curta /doc, 2021, de Bebeto Abrantes). Sinopse: Comemorando o centenário de João Cabral de Melo Neto esse novo curta metragem mostra imagens inéditas da intimidade do poeta com sua família); CEMITÉRIOS GERAIS – (curta/experimetal, 2021, de Regina Miranda, Cavi Borges e Bebeto Abrantes). Sinopse: Em protesto pelas 500 mil mortes, 5 atrizes recitam poemas de João Cabral de Melo Neto; SONHO DE RUI – (longa de ficção, 2019, de Cavi Borges e Ulisses Mattos). Sinopse: Um ator frustado resolve vender seu apartamento para financiar um filme que será um remake de BRADOCK de seu ídolo Chuck Norris. Dessa vez ele será o protagonista; O CINEMA É MINHA VIDA – (Longa/ficção, 2021, de Patricia Niedermeier, Rodrigo Fonseca e Cavi Borges). Sinopse: Um diretor de cinema relembra sua vida e obra no camarim da Cinemateca francesa; FADO TROPICAL -(longa de ficção, 2020, de Cavi Borges). Sinopse: 2 irmãos se reencontram em Lisboa para jogar as cinzas do pai recém falecido em Portugal e acabam revendo seus relacionamentos; MÚSICA DE HOMEM – (curta/ficção, de Tonico Pereira). Sinopse: a dor de cotovelo mostrada através de canções pelo ator Tonico Pereira; URUGUAI NA VANGUARDA – (longa /doc, 2019, Marco Antônio). Sinopse: As novas leis e habitos desse pais latino americano de vanguarda que inspira uma nova vanguarda; OS PRÍNCIPES – (Longa/Ficção, 2019, de Luiz Rosemberg Filho). Sinopse: 2 homens facistas saem pela noite em busca de diversão; O QUE SERIA DESTE MUNDO SEM PAIXÃO – (longa/ficção, 2019, de Luiz Carlos Lacerda). Sinopse: Encontro inusitado entre os poetas Lucio Cardoso e Murilo Mendes; O MUNDO DE ANDY – (curta/ficção, 2002, de Cavi Borges). Sinopse: primeiro filme realizado por Cavi Borges que mostra ultimo dia na vida de Andy.

E ainda: 24 FILMES-DESTAQUES PELO VERTENTES DO CINEMA: SALTO NO VAZIO, de Patricia Niedermeier e Cavi Borges; RISCADO, de Gustavo Pizzi; A DISTRAÇÃO DE IVAN, de Cavi Borges e Gustavo Melo; O MURO DAS VERTENTES, de Fabricio Duque; MATEUS, O BALCONISTA (a websérie com 36 episódios); BENJAMIM ZAMBRAIA E O AUTOPANÓPTICO, de Felipe Cataldo; JARDIM DE GUERRA, de Neville D’Almeida; ME CUIDEM-SE!, de Bebeto Abrantes e Cavi Borges; AUTORETRATO DA QUARENTENA, de Cavi Borges; WATER CLOCK, de Regina Miranda; CAUBY – COMEÇARIA TUDO OUTRA VEZ, de Nelson Hoineff; FORA DE EXPEDIENTE (websérie com 14 episódios); BARRA ÓDIO / BARRA AMOR (websérie com 7 episódios); ENGANO, de Cavi Borges; 21 FILMES EM 21 ANOS (produzido pelo Vertentes do Cinema); CLUBE DO CINEMA (Com Eduardo Nunes); NA ROTA DO VENTO – O CINEMA NA MÚSICA DE SÉRGIO RICARDO; SEMENTE DA MÚSICA BRASILEIRA, de Patricia Terra; VENDE-SE ESTA MOTO, de Marcus Faustini; SETE MINUTOS, de Cavi Borges, Paulo Silva e Julio Pecly; COPACABANA ME ENGANA, de Antonio da Fontoura; DOIS CASAMENTOS, de Luiz Rosemberg Filho; CARTAS AO CINEMA (série); JEDIS, de Cavi Borges

FESTIVAL LATINIDADES

A 14ª edição do Festival Latinidades – maior festival de mulheres negras da América Latinidades realiza uma edição esquenta amanhã. O foco do projeto é levar a meninas de 8 a 13 anos o tema da representação do cabelo e da beleza negra. A missão do Festival Latinidades é ser uma plataforma para dar visibilidade e gerar renda para toda produção artística e intelectual de mulheres negras, que é super potente, mas infelizmente ainda muito invisibilizada. O festival é todo protagonizado por mulheres negras cantando, recitando, fazendo palestras e oficinas, mas o evento é aberto para toda a população. No site do festival.

Na Edição 2021 serão homenageadas: Zezé Mota, Rosa Passos, Susana Baca e Epsy Campbel com o tema: Ascensão Negra

sábado: 10h – Oficina Básica de Audio, para artistas e produtoras, com Regiane Pereira; 11h – Beatmaker, com BadSista; 14h – Cozinha Afrolatina com Chidera Ifeanyi, Restaurante Simbaz; 15h – Minissérie: “Sonhar é poder, por todas as rotas”; 15h05 – Meditação para parir a si mesma, com Clarice Val; 15h45 – Vivência: Desafio seu Poder Ancestral, com Ana Sou; 16h25 – Ascensão negra, Afrofunk e descolonização do corpo, com Taísa Machado; 17h – Espaço Literário; 17h – Escrita literária e ascensão profissional, Cidinha Silva (MG) com mediação de Fernanda Felisberto (RJ); 17h40 – Dicas de leitura: narrativa das pretas; 17h50 – Literatura Infantil: Vozes da África e da Diáspora, com Heloisa Pires (RS); 18h10 – Dicas de leitura: poesia das pretas; 18h20 – Poesia armada das pretas cantautoras, com Coletivo Negras Autoras (MG); 19h – Leitura Sonora de Obras, com Mariana Per e Rosa Couto, por Museu Afro Brasil; 19h30 – Pocket Show: Josy.Anne; 20h – Pocket Show: MC Taya; 20h30 – Pocket Show: Urias; 21h – Pocket Show: Ebony; 21h30 – Pocket Show: Jup do Bairro

domingo: 14h – Minissérie: “Sonhar é poder, por todas as rotas”; 14h05 – Amefricanifesto; 14h15 – Cozinha Afrolatina, com Mãe Baiana de Oyá; 14h50 – Amefricanifesto; 15h – Black Excellence Talks – episódio especial da série portuguesa Black Excellence; 16h – Plataforma Black Excellence, amplificando vozes de pessoas negras nos quatro cantos do mundo, com Miriam Taylor; 16h10 – Movimento Black Money e reflexões sobre ascensão negra, com Nina Silva; 16h20 – Pretas Potências e reflexões sobre ascensão negra, com Ana Minuto; 16h30 – Espaço Literário; 16h30 – Dicas de leitura: feminismo negro, com obras de Audre Lorde (EUA), Carolina Maria de Jesus (MG) e Bianca Santana (SP); 16h40 – Escrita literária e ascensão profissional, com Verônica Bonfim (RJ); 17h – Dicas de leitura: performances negras, com obras de leda Martins (MG) e Roberta Estrela D’Álva (SP); 17h10 – Escrita literária e ascensão profissional, com Eliane Alves Cruz (RJ) e Carmen Faustino (SP); 17h50 – Sarau Vozes poéticas das pretas, Quilombhoje, com autoras dos Cadernos Negros 43; 18h – Pocket Show: Rayssa Dias; 18h30 – Pocket Show: Tasha e Trace;19h – Maya; 19h30 – Pocket Show: Monna Brutal; 20h – Amefricanifesto; 20h05 – Minissérie: “Sonhar é poder, por todas as rotas”; 20h10 – Manifesto Ascensão Negra, Latinidades 2021.

Até 31 de julho o Festival do Rio acontece com 15 filmes sendo oferecidos por 24 horas a cada dia no serviço de streaming do Telecine (telecine.com.br) e, aos sábados, às 22hs, no canal Telecine Cult. A programação está nofestivaldorio.com.br. Serão 15 filmes internacionais aclamados de nove países, incluindo vencedores do Oscar e ganhadores do Globo de Ouro 2021, como Bela Vingança e The Mauritanian. O evento faz parte de uma Edição Especial do Festival do Rio, que não teve edição regular em 2020, e se prepara para 2021. São três ações com parceiros de longa data como o Canal Brasil, Canal Curta e agora Telecine. Aos sábados, o Telecine Cult vai reexibir, às 22 horas, alguns dos principais longas da seleção. Para acompanhar é preciso assinar o serviço de streaming que oferece 30 dias grátis para assinantes. A cada dia um longa por 24 horas.

Hoje – De volta à Itália; amanhã – Dias melhores: domingo – Bela vingança; 26/7 – A boa esposa; 27/7- DNA ( a diretora francesa Maiween, que interpreta a protagonista, aborda sua origem argelina com crise de identidade com a morte do avô que a protegeu de uma família tóxica) ; 28/7 – Ainda há tempo(estreia de Vigo Mortensen na direção e conta a história de um casal homoafetivo que vive na Califórnia, com a filha adotiva. Até que recebem a visita do pai conservador de um deles); 29/7 – A candidata perfeita(a trama da saudita Haifaa Al Mandour é protagonizada por Maryam, jovem médica que precisa conquistar o respeito de colegas e paciente homens e concorreu ao Leão de Ouro do Festival de Veneza 2019); 30/7 – Verão de 85; e 31/7 – Noite de Reis.

Netflix – Marianne e Leonard:Palavras de amor: documentário sobre a ligação do músico Leonardo Cohen com a norueguesa Marianne Ihlen. É para sair cantando as músicas lindas que ele faz para sua musa. O documentário não faz um panorama da longa carreira de Cohen, morto em 2016 aos 81 anos. É um período da vida dele. O filme narra a chegada do então (apenas) escritor à ilha grega de Hydra, onde se instalou por apenas sete anos. Lá conheceu Marianne (“a mulher mais linda que conheci”) que havia se mudado para o vilarejo assim como ouros jovens artistas europeus. Eram os anos 1960, plena era do amor livre, saco de dormir nas costas e do LSD e outras embalando tudo. A loura vivia com o filho pequeno, Axel, e colecionava namorados. Eles se apaixonaram perdidamente. Foi para ela que Cohen compôs, entre outras, a canção de despedida So long, Marianne. Há muitos filmes de arquivo – provavelmente em Super 8. Há entrevistas de amigos e músicos que acompanharam Cohen nas turnês, na época em que se tornou uma estrela. Marianne aparece no leito de morte, quando recebeu um lindo recado do amante que nunca a esqueceu. Lindo e triste, não perca!.

Netflix – Vale a pena ver de novo! Vinicius (2005) – documentário de maior bilheteria desde a retomada – e Chico: artista brasileiro (2015), direção de Miguel Faria Jr. O cineasta fechará sua trilogia de filmes musicais depois de seus dois últimos trabalhos citados acima com a realização do documentário sobre a vida e obra de Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom Jobim, que começou a ser produzido este mês. O novo documentário terá cronologia livre e vai passear pela trajetória de Tom a partir de um concerto encenado ao vivo e filmado no teatro, com repertório executado por banda, com participação especial de cantores consagrados. O longa terá o próprio compositor como narrador, seguindo a lógica de depoimentos gravados de seus escritos. A ideia é que o espectador tenha, em companhia do músico, a sensação de tomar parte de sua biografia revisitada. O lançamento está previsto para o primeiro trimestre de 2023.

iTunes e Amazon: A Public Broadcasting Service, rede de televisão educativa dos Estados Unidos, lançou em maio o documentário Billy Graham: Oração, Política, Poder. O programa, com duas horas de duração, mostra a vida, a carreira e o legado do líder, com imagens e depoimentos de historiadores, jornalistas e do próprio Graham. O documentário mostra vida do pastor Billy Graham. E o líder evangelista foi influenciador de presidentes dos EUA e bem antes dos tempos de redes sociais, foi um personagem que entrou para a história dos Estados Unidos como um dos líderes mais carismáticos e com mais seguidores de todos os tempos. Ele andou pelo Brasil em 1960. Para quem não tem acesso ao canal ou tem acesso regional restrito às plataformas onde ele está disponível (ITunes e Amazon), há um compacto da produção e alguns traillers dão a ideia do impacto de Graham e de sua capacidade de hipnotizar multidões. Em uma entrevista em que é perguntado sobre o que tinha e que outros pastores não tinham, a resposta é “não sei, fico tão surpreso com isso quanto qualquer outra pessoa”. Ele atribuiu a capacidade a um dom divino. Nascido na Carolina do Norte, começou a ser pastor ainda na faculdade, onde se formou em Teologia. Mas antes de se dedicar à pregação religiosa, vendia escovas de limpeza. E já demonstrava a sua capacidade de oratória e de convencimento. A fama começa a surgir após sua ida para Los Angeles, onde ele pregou para estádios lotados. Em 1950, fundou a Associação Evangelista Billy Graham. Segundo a associação que leva seu nome, Graham evangelizou em ao menos 185 países do mundo e converteu mais de 3 milhões de pessoas, em grandes eventos chamados “cruzadas”. O filme mostra sua ligação com os presidentes americanos e com o poder. Entre os episódios mais marcantes dessa ligação está uma ida à Casa Branca para rezar para o presidente Harry Truman. Historiadores e biógrafos falam da associação da religião com a polarização política. Entre os presidentes dos quais se tornou próximo está Richard Nixon, com quem chegou a desfilar em carro aberto.

SÉRIES

Apple TV – Ted Lasso: a série volta para a segunda temporada hoje. Traz o ator Jason Sudeikis como o entusiasmado técnico de futebol americano empolgado e bigodudo que é contratado, por meio de um truque surreal de filmagem de esportes, para comandar um time de Premier League, na Inglaterra (o futebol que se joga com os pés). O neófit do futebol ransforma um bando desordenado de profissionais cansados em uma família coesa de pessoas autoconfiantes em bora não exatamente vencedores. Sudeikis ganhou o Globo de Ouro por sua atuação e a série o Peabody, prêmio que reconhece quando uma produção presta serviços públicos dignos de distinção e mérito. Na semana passada, a série recebeu 20 indicações ao Emmy, um record, inclusive de a melhor série de comédia e melhor ator de comédia (Sudeikis). A segunda temporada chega com 12 episódios e a série foi renovada para um terceiro ano. A sequência mostra Lasso e seus amigos (indicados ao Emmy) juntando os cacos do time, após o rebaixamento na última temporada e lidando com a chegada de uma terapeuta esportiva, interpretada por Sarah Niles.

Netflix

Eu nunca: lançada em 15 de julho, Eu Nunca logo dominou o Top 10 da Netflix com a segunda temporada. A série conta a história de Devi Vishwakumar, uma adolescente hindu-americana cujo pai morre durante seu primeiro ano de ensino médio e deixa repercussões importantes em sua vida pessoal. Começando o novo ano, tudo que Devi quer é ser popular e respeitada, além de encontrar um namorado. A jovem se envolve em um relacionamento com Paxton Hall-Yoshida, um dos garotos mais cobiçados da escola. O personagem é interpretado por Darren Barnet, que surpreendentemente está chegando na casa dos 30 anos. O elenco da série se completa com Lee Rodriguez e Ramona Young, que vivem respectivamente Fabíola e Eleanor, as melhores amigas de Devi.

Sex life: A história que inspira Sex/Life é baseada na vida real de B.B. Easton. Assim como Billie, a autora relembrou o passado e ex-namorados em um conto quente. A série acompanha Billie Connelly (Sarah Shahi), uma dona de casa que tem dois filhos pequenos e mora em um subúrbio de Connecticut. Mas nem sempre foi assim: antes de se casar com o bem-sucedido e carinhoso Cooper (Mike Vogel), ela levava uma vida selvagem na cidade de Nova York.A série está bombando na terceira temporada (aos 19 minutos) devido a uma brve cena do nu frontal do ator Adam Demos qu interpreta o produtor musical Brad Simon que, no passado, entabulou um namoro chieo de sexo com a “mocinha” Billie (Sarah Shahi).

Virgin River: são três temporadas de dez episódios. A mocinha sofrida é a enfermeira Mel (Alexandra Beckendridge) que atende a um anúncio de emprego numa cidade do interior da Califórnia. Quer refazer a vida do zero. L[a, conhece um veterano de guerra bonitão, Jack (Martin Henderson). Cavalheiro, ele se apaixona por ela, que corresponde, mas custa a surgir o primeiro beijo porque eles esbarram em impedimentos, rivalidades, fofocas, lágrimas, etc. A trama cativa.

Geração trinta e poucos: A nova terminologia cringe, define as dores do crescimento e o encanto do fim da adolescência que seguem inspirando histórias eternas, parecidas e universais. A série italiana vale a viagem. A história de desenrola em duas cronologias – nos anos 1990 e nos dias de hoje -, num lugar onde o tempo passa devagar, a Ilha de Procida, no Golfo de Nápoles. É uma comédia romântica com o charme do sotaue do sul, as típicas famílias barulhentas e as cores e o calor locais. O protagonista Daniel é um desenvolvedor de aplicativos que chegou à faixa dos 30. O rapaz não encontrou a mulher de seus sonhos para desespero do pai. Não é por falta de tentativas. Um dia acredita que encontrou a alma gêmea. Mas descobre que Matilde mão era a mesma pessoa com quem tinha marcado um encontro. Começa então o gato e rato característico do gênero. Paralelamente, a série mostra Daniel pré-adolescente, romântico, dono de um diário onde registra a paixão platônica por uma colega de escola.

AmarElo – É tudo para ontem: lançamento na Netflix de áudio do show completo do rapper Emicida lançado semana passada no streaming e na Netflix. Tendo como base o repertório do álbum do mesmo título, lançado em outubro de 2019, o registro põe em perspectiva a maturidade artística do rapper – o maior da sua geração, sendo pensador, bandleader, MC, melodista e autor de rimas sofisticadas. Ele ultrapassa o rap, onde figuras como Dorival Caymmi e o escritor moçambicano Mia Couto se juntam para iluminar a obra de Emicida.

Sexy beasts: Amor desmascarado: em seis episódios de 30 minutos é um programa romântico que promove encontros às cegas entre mulheres e homens solteiros. Um detalhe: todos os participantes são transformados em feras graças a uma maquiagem digna dos melhores filmes de Hollywood. A cada episódio, uma participante “seletor” terá encontro com outras três pessoas. Somente após fazer sua escolha final é que as identidades de todos serão rveladas com a remoção das fantasias. Entre as feras do reality, estão um panda festeiro em busca de um marido, um castor obcecado por bum-bum com medo dee fazer a escolha errada e um rinoceronte que recentemente começou a praticar “sex kung fu” – seja lá o que isso for. Em um dos episódios, o público conhece o lobo Ibrahim, um professor de dança e grafiteiro de NY. Na sua trinca de encontros conhecerá a troll Larissa, a dinossauro fêmea Bella e a coruja Gabi. Vem outra leva também com seis episódios.

Sky Rojo – a partir de hoje. Dos mesmos criadores de La Casa de Papel, a segunda temporada da série espanhola acompanha – em oito episódios – a história das prostitutas Coral, Wendy e Gina, que escapam do bordel onde trabalham e são perseguidas pelos capangas do antigo cafetão.

HBO Max – Os ausentes: a série policial que estreou ontem e acompanha, em dez capítulos, a rotina de uma agência de investigação de pessoas desaparecidas. À frente do elenco estão erom Cordeiro e Maria Flor. Ele é Raul Fagnani, um ex-delegado que abre a empresa Ausentes, na esperança de descobrir o paradeiro de sua filha. Ela é Maria Júlia, que deixou Buenos Aires após seu pai sumir misteriosamente, e então entra para a equipe de investigadores. Enquanto tentam resolver os casos da agência, os dois buscam pistas que levem a seus parentes. Cada episódio tem 45 minutos de duração e eles se dedicam a missões diferentes. No elenco estão nuni Leal Maia, Negra Li, Flávia Garrafa, Augusto Medeira, Jaquelib=ne Sato César Troncoso e Indira Nascimento.

Disney+

Tuner&Hooch: o protagonista desta série de 12 episódios, vivido por Josh Peck, é filho do personagem de Tom Hanks na comédia Uma dupla quase perfeita (1989), na qual vivia um detetive que adotava um cachorro. O filho, como o pai, é um investigador que começa a trabalhar com um cão.

Por trás da diversão: a série de dez episódios mostra como os imagineers, título dado aos designers e engenheiros que erguem o universo de Walt Disney, elaboraram as atrações ao longo dos anos. O americamo Dave Durham, que esteve na equipe de produção de mais de 40 atrações, é uma dessas mentes criativas. O primeiro episódio explora uma das atrações mais populares e recentes de lá: Star Wars Galaxy’s Edge. Atrações antigas também têm vez. É o caso de Jungle Cruise, uma das mais famosas tanto no parque da Flórida quanto no de Anaheim, na Califórnia. Inaugurado em 1955, é um passeio de barco por uma floresta, repleta de personagens e animais (mecânicos). Na época, os imanigeers precisaram abrir um rio em pleno deserto californiano. A atração, aliás, acaba de ser reformulada, depois de críticas por conter conotação racista. Engenheiros também contam como foi elaborado o sistema que liga os parques. Outros ‘programas de viagem’. 1) Montanhas-russas extremas: Discovery World faz competição enre as montanhas- russas mais radicais do mundo. Em cada episódio são apresentadas quatro. Na atual temporada: Intimidator 305, no parque Lings Dominion (EUA), Dodompa, noFuji-Q (Japão, e Blue Fire, no Park Europa (Alemanha); 2) Anota aí – programa de viagens do Multishow , disponível na Globoplay. Parque Yomiuriland, nos arredores de Tóquio, onde estão as montanhas russas radicais Momonga e Bandit, com 109,9 km/h e já foi a mais rápida domundo; 3) Riding history to the limits – documentário dividido em nova partes no site da PBS, a emissora pública dos EUA (pbs.org:em inglês) – história do Kings Park, um parque temático em Ohio, famoso por suas montanhas-russas. Tem mais: Blackfish (Apple TV e Google Pay) – sofrimentos dos animais; Os segredos do zoológico (Disney+ e NatGeo Wild, de assinatura) – aquário de Columbus, Ohio, nos EUA; O zoológico de San Diego – Animal Planet, canal a cabo, o dia-a-dia dos trabalhadores do local; Inhotim Netflix) – com 13 capítulos conta a história do local: Aero – por trás da aviação (Canal Mais, da Globosat, disponível no Now) – bastidores da aviação comercial; O Aeroporto – Do NAtional GEoggrafic, acompanha trabalho de agentes da AlfÂndega de alguns dos maiores terminais aeroviários do mundo, em cidades como NY, Madri, Lima e São Paulo.

Globoplay

Hilda Furacão: os 32capítulos de 40 a 45 minutos da minissériea que Wolf Maya fez há 23 anos já estão no canal. Com Ana Paula Arósio e Rodrigo Santoro, Tiago Lacerda, Danton Mello e Paloma Duarte. Ao som de “Túnel do Amor”, de Celly Campello, conhecemos Hilda Müller (Ana Paula Arósio), que, pronta para se casar, desiste, após surpreendente revelação da cartomante Madame Janete (Arlete Salles), e vai parar num prostíbulo de Belo Horizonte. Mas o que levou a rica Hilda Müller a transformar-se na prostituta Hilda Furacão? Dentro desse contexto, o frei Malthus sente que poderia realizar um milagre: exorcizar o demônio de Hilda Furacão.

O.C: um estranho no paraíso : sucesso nos anos 2000, a série chegou ao canal na terça-feira. E se passa na paradisíaca ilha Newport Beach, em Orange County, Califírnia, para onde se muda Ryan Atwood (Bem McKenzie), um adolescente problemático que se envolve numa rede de amor e intrigas.

UnReal: ambientada no mundo dos realities shows de namoro, a série mostra como é problemático realizar as produções desse tipo de programa. Adam Demos está no elenco da terceira e quarta temporada, interpretando um personagem belo e sedutor. Exibida entre 2015 e 2018 tem 38 episódios. É a história de Rachel Goldberg, uma produtora de um popular reality show de namoro, que volta ao trabalho após sofrer um colapso mental.A protagonista trabalha no reality show Everlasting (Para sempre), uma paródia de programas como The Bachelor e de The Bachelorette, no qual um solteiro tem a oportunidade de escolher entre diversos pretendentes. Com uma reputação a ser retomada, Rachel é capaz de tudo para produzir um conteúdo cada vez mais excitante.

Starzplay – derivada de Power, a série acompanha o amadurecimento de Kanan, personagem interpretado pelo músico e ator 50 Cent na produção original. Ambientada no Queens, em Nova York, em 1991, a gtrama mosra a vida do adolescente em meio ao crescimento do tráfico e da violência policial.

LAZER

LIVROS

Encoclopédia Brasileira da Diáspora Africana e Dicionário Banto do Brasil de Nei Lopes – Nei Braz Lopes nasceu no Rio, no subúrbio de Irajá, em 9 de maio de 1942; bacharelou-se pela Faculdade Nacional de Direito da antiga Universidade do Brasil, em 1966, mas, recém-formado, largou a profissão. É advogado, compositor, escritor, poeta, contista, sambista, pesquisador da cultura afro-brasileira e teatrólogo. Teve seus poemas publicados em vários jornais e também seus 44 livros (como os indicados acima) e tem mais de 40 sambas gravados, incluindo Senhora Liberdade e Coisa da Antiga. Tem títulos de doutor honoris causa de duas universidades brasileiras, mas a UFRJ lhe negou a distinção. Golpes na cultura tão atuais.

Entre nós, de Dayane Borges; A coisa certa, de Alanys Aleixo; Marcas do destino, de Thais Lopes; A favorita, conto de Mayara Barros: os arromânticos – alguém que não sente interesse romântico por outras pessoas – são o tema desses livros. Numa pesquisa LGBTQIAP+ há uma bandeira de cores verde, branca e preta que é identificada como arromântica. Os aros – como esse arromânticos de apresentam – podem gostar dee sexo (ou não), podem ter relacionamentos sérios ou superficiais, podem sr héteros, gays, bi, trans. A única invariável é que não se apaixonam, pelos menos não da forma como seus antônimos, os alorromânticos, entendem a ideia da paixão. O que costuma ser visto como uma frieza emocional agora vem sendo reivindicado como uma idebtidade sexual. Já existe a Semana da Consciência do Espectro Arromântico, que acontece alguns dias após a maior data da celebração romântica, a de São Valentim, em fevereiro. No Instagram há um grupo de 20 arromânticos com o perfil @aroaceiros que publica conteúdo informativo sobre arromanticidade, além de relatos e fotos.

Grande Dicionário Houaiss – o dicionário lançado em 2001, tem o trabalho diário do lexicógrafo, Mauro Villar que, aos 82 anos, trabalha diariamente para manter atualizada sua obra como o filólogo Antônio Houaiss (1915-1999) e só no último ano incluiu por volta de 3.500 palavras.Diariamente, antes de dormir, ele le jornais, revistas, livros, vocabulários técnicos em busca de novidades para incluir no nosso banco de dados. Ele avisa que é impossível publicar um dicionário com 240 mil palavras cadastradas em papel e, por enquanto, vive com projetos digitais. E universidades e dicionários internacionais pagam o o Houaiss porque sua base de dados é muito rica em informações. Resslava, po´rém, que não treina ninguém quando ele parar de trabalhar.

Os anos (2008) e O lugar (1983) ambos pela editora Fósforo – Annie Ernaux. A premiada escritora tem 80 anos e nos livros repassa as memórias familiares e a história social e política do país em narrativas que fazem do espelho um instrumento de luta diante do mundo e do tempo. Francesa da Normandia á publicou 34 livros, ganhou inúmeros prêmios pelo conjunto da obra, como o da Langue Française (2008) e, mais recentemente, o prêmio Marguerite Yourcenar (2017). Seu livro O lugar e uma narrativa breve que, como outras obras da autora, gira em torno de alguém decisivo em sua vida e fala da morte do pai. Ela muda de vida e se aproxima dos burgueses. E ela sofre com o desprezo pelo pai do homem com quem se casara, evidenciando a modernidade do país. Os anos , sua obra mais recente, ela fala quem é ela, olhando a França e sua relação com o resto do mundo, a sociedade, os costumes que se modificam, aqueles que passam pior sua vida, os que a deixam e os que ficam. O ano de 1968 muda a vida do país, dos jovens, sacode estruturas, mas o aborto só virá em 1973. De Gaulle, Chirac e Mitterand são personagens do cotidiano. Trata-se, como ela diz, de uma biografia impessoal.

O senhor das moscas (Alfaguara, R$ 42,90) – William Golding. Vencedor do Prêmio Nobel, o escritor aborda a natureza do mal e a divisão frágil que separa a civilização da barbárie. Publicado originalmente em 1954, o romance conta a história de um grupo de meninos perdidos numa ilha. Aos poucos, a disputa pelo poder entre eles vai revelando facetas violentas e desagradáveis.

Satíricon ((34, R$ 59) – Petrônio. Datada de 60 d.C, aproximadamente, a obra de Petrônio traça um retrato ferino da civilização romana (foi escrita sob o império de Nero) e seus estratos sociais narrando o tumultuado triângulo amoroso entre Encólpio, seu amante Ascilto e o servo Gitão, que se envolve m em diversas confusões para pagar uma dívida ao deus Príapo.

Inventário de esperanças e outros poemas (7Letras, R$43) – Christovam Chevalier. O novo livro do poeta é resultado direto do impacto que a pandemia do novo coronavírus provocou no mundo e na vida do autor. A obra é dividida em quatro partes, que começam com poemas de inspiração bíblica até chegar À seção que dá nome ao livro, na qual o autor elenca medos e relembra oerdas sentidas de nomes como Aldir Blanc e Jorge Salomão.

Amy Winehouse – hoje, completam dez anos que a cantora Amy Winehouse – que esteve pelo Rio em Janeiro no mesmo ano em que faleceu, aos 27 anos – e seu maior amigo, Tyler James, escreveu o livro Minha Amy – A vida que partilhamos (recém lançado pela editora Agir ) onde fala da vida dos dois desde quando ele tinha 12 anos (é um ano mais velho do que a cantora). Ele conta que Amy não tinha privacidade e que isso foi muito ruim para sua saúde mental.

PODCAST

Calcinha larga – entrevista de Dani Calabresa a esse podcast. Ela falou abertamente e com bom humor sobre temas sensíveis, como sua separação de Marcelo Adnet.

MÚSICA

Maria Bethânia – Noturno é o novo álbum da cantora, a ser lançado na próxima sexta-feira, dia 30, pela Biscoito Fino. Ela grava pela primeira vez uma música de autoria do sobrinho, Zeca Veloso, feito por Zeca em família com o pai, Caetano Veloso, Tom e Moreno Veloso, os irmãos. O Sopro de Fole é uma das onze canções – composta por Zeca e apresentada como canção do exílio de inspiração nordestina – do repertório de Noturno que sairá também em CD. Cria da Comunidade é de Serginho Meriti e Xande de Pilares. Vidalita (2000), de estilo flamenco, da cantora e compositora espanhola, Mayte Martin, lançada por ela há 21 anos. Com 11 músicas e 12 faixas, o álbum é fechado com leitura do trecho do poema Uma pequenina luz (1972), de Jorge Sena (1912-1978), poeta português naturalizado brasileiro em 1963. Tem ainda o bolero inédito de Tim Bernardes, Prudência, Flor Encarnada (Adriana Calcanhoto), Luminosidade (Chico César), Músicas, música (Roque Ferreira) e o samba-canção Bar da Noite (Bidu Reis e Haroldo Barbosa, 1953). De onde eu vim (Paulo Dáfilin), Dois de Junho (Adriana Calcanhoto, 2020) e Lapa Santa (Paulo Dáfilin e Roque Ferreira). O álbum foi gravado entre setembro e outubro de 2020

AmarElo – É tudo para ontem: lançamento do áudio do show completo do rapper Emicida lançado semana passada no streaming e na Netflix. Tendo como base o repertório do álbum do mesmo título, lançado em outubro de 2019, o registro põe em perspectiva a maturidade artística do rapper – o maior da sua geração, sendo pensador, bandleader, MC, melodista e autor de rimas sofisticadas. Ele ultrapassa o rap, onde figuras como Dorival Caymmi e o escritor moçambicano Mia Couto se juntam para iluminar a obra de Emicida. As canções: A ordem natural das coisas; Quem tem um amigo (tem tudo), com falas do sambista Wilson das Neves, parceiro falecido em 2017; Pequenas alegrias da vida adulta, todas do álbum AmareElo. E mais: Cananéia, Iguape e Ilha Comprida, Baiana, Alma gêmea e Eu gosto dela, com Drica Barbosa, canção de louvação ao feminino, Paisagem, Hoje cedo e AmarElo, faoixa com o sample de Sujeito de Sorte (de Belchior) e a participação de Majur e Pablo Vittar, Eminência parda, Pantera Negra, Boa Esperança, Ismália, Gueto (dedicada à avó de 80 anos que pisava no Teatro Municipal de São Paulo pelo primeira vez) e Principia (um ajuste de contas com as distorções do cristianismo que até hoje aflige os povos negros. O show foi um espetáculo equilibrado e devastador.

Nei Lopes – compositor de mais de 40 sambas, advogado, escritor de 44 livros, intelectual e afrodescendente.. Nei Lopes é tudo isso, mas teve negado o título de doutor honoris causa pela UFRJ embora já tivesse recebido o mesmo título das universidades Rural do Rio de Janeiro (2012) e do Rio Grande do Sul (2017). Vai recorrer, é claro. O episódio gerou debate sobre preconceito de classe, racismo e tecnicismo no Direito. Enquanto isso, vamos ler sua obra e ouvir seus sambas nas plataformas. E quem esquece Senhora Liberdade e Coisa da Antiga? Tem 14 álbuns gravados. É só fazer uma playlist.

Comunista Patriota – o novo rap de Gabriel, o Pensador (letra no final do texto). O novo single do cantor/compositor Patriota comunista convoca os ouvintes a refletir mais profundamente sobre os males e doenças crônicas da nossa sociedade, sem máscaras (além das usadas contra a Covid-19), para buscar possivelmente algum fôlego extra na “fabricação” da mais difícil e importante vacina. “Escravos, é isso o que somos: escravos da própria falta de atitude”, já dizia em 1993 o jovem estudante que trocou a Comunicação Social pelos palcos na faixa E você?, numa mescla de freestyle rap com repente nordestino. Nos tempos do trap, o mesmo Gabriel que não é sempre o mesmo continua nos representando e nos lembrando como a música liberta. Um dos pioneiros do hip hop brasileiro, Gabriel foi o primeiro rapper a difundir o gênero na língua portuguesa nos países lusófonos, ao quebrar a barreira do mainstream com seu disco de estreia em 1993. Um ano antes, sua fita demo independente de Tô feliz (matei o presidente) havia sido censurada pelo governo de Fernando Collor já sob processo de impeachment.

Comunista Patriota Gabriel o Pensador/Dree

Tá ficando tarde/Acho que era nisso que eu pensava enquanto tentava dormir/pra ver se pelo menos dormindo eu ainda sonhava e o sono não queria vir/pra ver se pelo menos dormindo eu ainda conseguia respirar/Tô ficando sem ar/Acho que era nisso que eu pensava/ enquanto o meu sonho tentava chegar/ tentando desligar minha cabeça mas em alguma tela esse filme passava/ Era um filme de sangue/ ou seriam as notícias?Era um filme de gangue /ou seria uma milícia?/ Era um filme de época / uma velha novela/ o terror na favela e o hospital saturado/ a criança espancada/ Era um trans torturado/ eu fiquei transtornado/ Eram cenas horríveis transcendendo níveis jamais tolerados/ já mais tolerados agora por seres humanos já mais insensíveis/ já mais insensíveis do que os alemães que tratavam os judeus como gado / marcados com brasa e no Brasa 80 anos depois o enredo é igual / Medo e maniqueísmo e o ódio é normal/ Preconceito é aceito e a morte é banal / Ou você é excomungado ou você é como os bois/ Isso aqui sempre foi um curral/ Uma bíblia, uma bunda, uma bola, uma pinga e uma sobra de feijão com arroz/ O que mais poderíamos querer?/ Uma arma pra cada/ uma bela piada zombando da cara de quem vai morrer?/ Será que a minha amiga de Belo Horizonte pulou da janela do quinto/ sentindo essa angústia que eu sinto? /Por já não ver nada de belo ao buscar um horizonte e enxergar vários monstros brindando/ com cálices de vinho tinto e a carne mais cara no prato / A carne barata é a dos pretos, compartilham prantos / e prints das fotos dos corpos mas nos comentários o texto vem pronto:/”se morreu no morro e é preto e fodido deve ser bandido então tudo bem”/Se a Katlen não fosse mulher e gestante iam dizer que ela era traficante também / Se a família chora, o poder ignora e o diabo até ri /Agora o meu sono tá vindo e eu também tô sorrindo / brincando com o menino Henry/ Acabou chorare / No sonho eu componho com Moraes Moreira/ mas nem lá de cima ele esquece a vergonha / Lá vem o Brasil descendo a ladeira / E os novos baianos que chegam no céu foram executados/ por terem tentado furtar um pedaço de carne num supermercado/ Então os seguranças pegaram em flagrante/ Primeiro pediram dinheiro / mas logo mandaram chamar os traficantes do bairro e mandaram entregar os ladrões de /galinha pro coveiro/ Chegaram no céu /E aí Gabriel, você por aqui? / Fiquei preocupado, será que eu morri?/ Mas é só um sonho/ vou ver se aproveito pra dar um abraço em meu pai / Difícil encontrar/ chega gente demais/ numa fila que nunca termina/ Vi uns anjos ali reclamando porque tinha país recusando vacina / Disfarcei minha nacionalidade/ Eu acho que eu sou patriota/ mas no céu quem puser suas bandeiras acima de tudo/ Deus dá cascudo e chama de idiota / Eu acho que eu sou humanista/ mas a humanidade tá punk/ Eu peço um papel e uma caneta começo uma letra e encontro o Aldir Blanc/ Me encanto com um conto do Rubem Fonseca e canto uma do Roupa Nova/ enquanto num canto Jesus me observa com cara de quem desaprova/ Eu acho que eu sou comunista/ pois sempre chutei de canhota/ Encontrei o Maradona gritando Argentina! Eu acho que ele é patriota/ Sou patriota, sou comunista? ou só mais um morto vivendo no inferno/ só mais um sonho morrendo no céu/ mais uma nota no bolso do terno/ Sou comunista, sou patriota?/ Sou um cacique atacado na oca/ Sou uma criança pedindo comida/ Sou uma foca aplaudindo uma orca/ Sou um cientista pedindo uma esmola/ Sou um quilombola virando piada/ Sou uma estudante estuprada na escola/ Sou uma preguiça assistindo à queimada/ Sou só mais um dos milhões de indivíduos/ tão divididos na morte e na vida/ Somos devotos dos santos bandidos/ briga de votos parece torcida/ Gritos de mito e de genocida/ Almoço grátis com merda no prato/ Toda verdade será distorcida/ Todo poder pro Capitão do mato/ Quando eu morrer/ Não quero choro nem vela/ Quero uma fita amarela/ Gravada com o nome dela/ Tá ficando estranho esse sonho/ mais um amigo chegando risonho Eduardo Galvão seu olhar ainda brilha / mandando um recado pra filha/ querida, a vida é pra ser bem vivida não é uma corrida pro pódio /Amigo, ela sabe, eu também /e por isso também sobreponho o amor ao ódio/ e sempre que posso ainda sonho/ e tento inspirar tolerância/ Se eu pude aprender com os meus erros não quero enterrar a esperança em que em/ tempos de tantos enterros o homem ainda enxergue a aberração da arrogância/ e agarre esse chance de achar uma mudança de rumo atitude e conduta/ mas fica difícil encontrarmos caminhos mais justos se todos nós somos tão filhos da puta/ fazendo de tudo/ pra levar vantagem em tudo/ achando normal o absurdo/ pagando de louco de cego e de surdo apenas quando nos convém/ Estamos doentes/ o vereador e a mãe do menino, o governador e o ministro assassino que mata inocente no/ morro ou dispensa a vacina, de onde eles vêm?/ Virou pesadelo esse sonho/ Olhando pra gente eu até me envergonho/ e eu acho que sou um cidadão de bem/ por isso me exponho e me cobro também/ Se eu pude aprender pela voz dos poetas não posso aceitar a censura/ Se os meus professores abriram minha mente a cura tá na educação e na cultura/ Já tá uma tortura esse sonho/ e falando em cultura olha quem aparece/trazendo ironia e coragem/ me arranca um sorriso e alivia o estresse/ No sonho ele vem com milhares de vítimas, 500 mil mortos ou mais/ Acordo assustado e o sorriso do Paulo Gustavo na dor se desfaz/ Só sinto o meu corpo gelado e do lado da cama uma frase dizendo “aqui jaz”/ Esfrego os meus olhos e vejo que sou um escravo amarrado num tronco/ e quando o chicote arrebenta minhas costas me sinto impotente mas olho pra trás/ A lágrima lava o meu rosto e eu já consciente levanto pra sonhar de novo/ e quebro as correntes quando reconheço o meu rosto na cara do meu capataz/ Quando eu morrer/ Não quero choro nem vela/ Quero uma fita amarela/ Gravada com o nome dela.

João Fênix – o cantor pernambucano lança hoje no palco do Teatro Rival, Gotas de sangue, seu 7º disco – que também está no streaming – e reúne dez faixas que exploram a solidão e a fragilidade masculina, como Todo homem ( Zeca), Lígia (Tom Jobim), Ternura antiga (Dolores Duran e Ribamar) e Desalento (Chico Buarque e Vinicius Moraes), além do clássico que inspira o título do disco, Gotas de sangue (Ângela Ro Ro).

Jocy de Oliveira