FENAJ relata no CCS mais
violência contra jornalistas


02/07/2019


maria José Braga (Imagem: Reprodução)

A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Maria José Braga, apresentou ao Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional (CCS-CN), que se reuniu na segunda-feira (01/07), novos relatos sobre casos de violência contra jornalistas, ocorridos na última quinzena de junho. Profissionais da imprensa foram hostilizados na Bahia e no Espírito Santo. No Ceará, eles foram impedidos de fazer a cobertura da entrega do título de cidadã fortalezense à Michelle Bolsonaro, mulher do presidente Jair Bolsonaro.

Maria José informou que, no Espírito Santo, Vítor Vogas foi agredido verbalmente pelo senador Marcos do Val (PPS), que utilizou suas redes sociais para questionar a atuação do jornalista e convocar a população contra a imprensa. Vítor fez reportagem sobre nomeações realizadas pelo senador caracterizando nepotismo cruzado.

Ainda no Espírito Santo, uma equipe da TV Tribuna foi hostilizada, no domingo (30/06), durante manifestações a favor do ministro da Justiça, Sergio Moro. A equipe foi impedida de ficar no trio elétrico de onde faziam imagens. Um homem da organização do evento utilizou o microfone para dizer que os jornalistas da TV Tribuna, do jornal A Tribuna e da Gazeta não serviam para noticiar.

Maria José relatou também que, no Ceará, jornalistas foram impedidos de cobrir, em 24 de junho, a entrega da comenda Cidadã Fortalezense à Michelle Bolsonaro, que na ocasião foi representada pela ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves. O evento ocorreu no Clube Militar, e os jornalistas só tiveram acesso ao local no momento de uma oração, já no final do evento.

Um quarto caso de violência contra jornalistas ocorreu na Bahia. Em 28 de junho, jornalistas do site Bocão News foram hostilizados pelo secretário municipal de Turismo de Salvador, Alberto Pimentel, e pela deputada Dayane Pimentel (PSL), sua esposa. O casal ficou insatisfeito com reportagem sobre embargo de um trio elétrico do MBL/BA.

A FENAJ apresenta, a cada reunião do CCS-CN, relato dos casos de violência contra jornalistas ocorridos no mês anterior. A apresentação desta segunda-feira restringiu-se à última quinzena de junho, porque o CCS-CN havia se reunido em 17 de junho, quando foram apresentados os casos anteriores.

A presidente da FENAJ lamentou que, a cada mês, novas ocorrências de violência contra jornalistas sejam registradas. Na mesma reunião, ela também apresentou seu relatório acerca do PL 191/2015, que propõe a federalização da apuração de crimes contra a atividade jornalística, que seria feita pela Polícia Federal. Em seu parecer, ela pede que o CCS-CN recomende aos parlamentares a aprovação do projeto de autoria do deputado Vicentinho (PT/SP).

“Só no ano passado, cinco jornalistas foram assassinados. Apenas dois tiveram o inquérito policial resolvido, com o apontamento dos culpados. Mas nenhum ainda foi a julgamento. O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) também apontou recentemente que nos últimos 20 anos, 64 comunicadores sociais foram assassinados em consequência do exercício da atividade. Deste total, somente a metade dos casos teve os responsáveis identificados e denunciados pelo Ministério Público à Justiça, mas isso não significa que foram julgados e punidos”, criticou.

A votação do parecer de Maria José sobre PL 191/2015 deve ser realizada na próxima reunião do Conselho, marcada para 5 de agosto.

Com informações da Agência Senado.