Entidades repudiam crime contra radialista em PE


14/04/2011


A Polícia Civil divulgou nesta quinta-feira, dia 14, o retrato-falado de um homem suspeito de atirar contra o apresentador de TV e radialista Luciano Pedrosa, 46 anos, assassinado no último sábado, dia 9, em um restaurante no bairro Bela Vista, em Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata do estado de Pernambuco.
 
Luciano apresentava o programa “Ação e Cidadania” na TV Vitória, com pautas policiais, e trabalhava na Rádio Metropolitana FM. Segundo colegas de Pedrosa, o radialista fazia oposição ao Governo municipal e já havia sido ameaçado de morte diversas vezes por causa das denúncias que fazia em seus programas.
 
Na terça-feira, 12, a polícia prendeu outro suspeito, o mototaxista Cláudio Pereira da Silva, 31 anos, que teria pilotado a motocicleta utilizada pela dupla de criminosos. Cláudio negou envolvimento no crime, mas segundo os delegados Maria Betânia Tavares, titular da Delegacia de Vitória de Santo Antão, e Alfredo Jorge, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), ele foi reconhecido por uma das testemunhas:
—Cláudio forneceu alguns álibis que já foram derrubados. Pessoas que ele apontou prestaram depoimento e desmentiram as alegações. As diligências estão em curso e praticamente já sabemos quem atirou, disse Alfredo Jorge.
 
Testemunhas que estavam no local do crime contaram que o assassino anunciou um assalto antes de atirar quatro vezes contra o radialista:
—O criminoso fez três disparos, mas a munição falhou, e ele, então, fez outro disparo, que atingiu o rosto de Luciano. O radialista não fez registro policial das ameaças de morte, mas trabalhamos com a hipótese de represália em função das denúncias feitas por ele em seu programa, explicou Maria Betânia.
 
O radialista Jota Santos, vizinho de Luciano, confirmou as ameaças contra o colega:
—Trabalhamos juntos e sabemos o que acontece porque a gente critica, porque a gente investiga as situações. Ele vivia sendo ameaçado. Eram denúncias anônimas. Eram pessoas que ligavam para o telefone da televisão mandando avisar que ele virararia notícia, que estava falando muita bobagem, que parasse com isso. Quando ele tocava em algum tipo de ‘ferida’ sempre acontecia alguma coisa.
 
De acordo com Maria Betânia, a polícia recolheu impressões digitais para ajudar na identificação do autor dos disparos, mas não conseguiu imagens da cena do crime porque a câmera instalada na porta do estabelecimento não tinha filme. Bethânia disse ainda que Luciano teria sido seguido antes de chegar ao restaurante, e que as imagens captadas por outras câmeras nas ruas podem ajudar a identificar criminoso.
Múcio Aguiar Neto, Presidente da Associação da Imprensa de Pernambuco-AIP e Conselheiro da ABI, manifestou preocupação com o aumento de crimes contra jornalistas:
—Novamente, o interior pernambucano é alvo da violência contra profissionais de imprensa que no exercício da função são calados pela agressão e morte. A AIP entende que é necessária a ativa investigação policial, uma vez que o crime em questão é uma violência ao pleno direito democrático e fere toda a sociedade brasileira.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York (EUA), cobrou “uma rápida e completa investigação” sobre o assassinato de Luciano.

Em nota, o CPJ afirmou que a polícia deve considerar o trabalho do jornalista como “possível motivo do crime”:
—As autoridades devem garantir que os jornalistas críticos possam trabalhar sem temer por suas vidas, disse Carlos Lauría, Coordenador do CPJ.
 
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também divulgou comunicado repudiando o assassinato de Pedrosa e cobrando investigação do crime.
 
Em clima de comoção, mais de 2 mil pessoas acompanharam no domingo, dia 10, o velório do apresentador, e o enterro realizado às 9h, desta segunda-feira, dia 11, no cemitério São Sebastião, em Vitória de Santo Antão. Luciano Pedrosa era casado e deixa uma filha e dois enteados.
 

*Com informações da AIP, ANJ, eBand.