22/02/2010
Difícil cada vez mais para qualquer cronista situar-se em torno de um assunto que possa motivá-lo, levando-o a sensibilizar-se a fim de pincelar as imagens dos fatos que pretende expor com as cores que devem atrair os seus leitores, sensibilizando-os, também.
Ao escolher a matéria sobre a qual deseja discorrer, ele se propõe a estudá-la, criteriosamente, pesquisando-a com acuidade para dotar o seu trabalho de um tônus que o possa elevar sobremaneira.
Necessário se torna, todavia, que os fatos que devem dar lugar às matérias, sejam aqueles que possam atrair os leitores, ou pelo título escolhido, ou em razão do nome do autor ou mesmo de quem prefaciou os trabalhos, quando for o caso, dando motivo ao interesse subjetivo despertado. Isso nos parece primordial.
Os leitores, esses personagens curiosos, vêm, de tempos para cá, perdendo-se na escolha do que lêem, tanto é que essas escolhas se refletem em torno de publicações como crimes de qualquer espécie, roubos, falcatruas, corrupções, estupros, assassinatos, saques, seqüestros, violências contra a mulher, pedofilia, demonstrando tendências mórbidas só explicáveis pela falta da educação e da cultura.
Ao serem expostos em primeiras páginas de jornais e revistas os quadros dessa anomalias sociais, considerando-se, na verdade, que tais exposições promovem maior vendagem de jornais, ficamos atônitos, sem cogitarmos do que se poderia fazer a fim de não propagarmos tais fatos da maneira como as vezes são feitos. Às nossas Direções de Redação cabe reduzir tais impactos !
No exercício da crítica, a opinativa é, a nosso ver, mais circunscrita às colunas e artigos assinados, mas, a opinião, quando subjetiva, não deve temer a comprovação do ponto de vista emitido pelo jornal ou revista, criando tensões em razão das conclusões dos leitores, nem sempre aptos a tais observações.
Somos mais adeptos à análise dos fatos; mas, esse ângulo, embora de alto interesse da sociedade, depende muito da qualidade do autor, quando assina uma matéria que envolve, por exemplo, aspectos técnicos que não aqueles familiarizados pelo leitor, devendo nesses casos ser bem explícitos para que se façam entender.
A imprensa, deve ser vista sempre como um mecanismo de alto padrão, na segurança do próprio Estado. Ela motiva reações necessárias como as que vêm se dando agora, em razão do tão falado Programa Nacional de Direitos Humanos que o Governo do Presidente Lula enviará ao Congresso.
A imprensa vem-se ocupando, nesse caso, até do confronto entre ministros, bem assim do fato de a Abert e a ANJ se expressarem contrárias ao programa governamental quando trata da Lei da Anistia , considerada por muitos como “cláusula pétrea”. Juridicamente, já o contemplou e disse, o eminente jurista Paulo Brossard (O Globo – Opinião ( 9-1-2010): “A noticia me pareceu esdrúxula. Mais ainda quando li que a projetada revogação da Lei de 1979, teria sido concebida nos altos escalões do governo federal ou quem sabe nos baixos”
Declaração de tão alta complexidade merece fé, em se tratando de um jurista como Brossard, advogado, deputado federal, senador, consultor Geral da República e ministro do Supremo Tribunal Federal contrariar ou mesmo criticar o que foi dito, seria difícil, quando não impossível.
A imprensa, voltemos a ela, tem seus pecados, mas, ai de nós se não a tivéssemos como proteção e jamais saberíamos do que se passa nos bastidores intra-muros dos guardiões do templo. Tomemos como exemplo a nossa ABI histórica, que gerou tantos frutos na talentosa profissão de jornalistas famosos.
Lutou e lutou muito a nossa Associação Brasileira de Imprensa desde priscas eras e nunca perdeu espaços. São muitos aqueles que são dignos de serem citados como verdadeiros lutadores pela palavra escrita, mas, como símbolo de toda essa luta nos apraz lembrarmos de Barbosa Lima Sobrinho, com sua verve brilhante, lutando desmesuradamente nas críticas e sugestões, por tudo o que julgava necessário viesse a ser efetuado em benefício do País, construindo e perpetuando histórias que hoje são páginas que nos orgulham e elevam o nome da nossa imprensa, quando nos referimos a ABI e sua ação nos destinos da nossa Pátria
E é isso que desejaríamos viesse a continuar ocorrendo por parte de toda a imprensa – a ação político–social que, ligando princípios correlatos a toda a ação do Estado, sugerisse, criticasse e acusasse mesmo quaisquer manobras ilegais que devessem ser encaminhadas ao Ministério Público para suas averiguações.
A imprensa é uma força e não são poucos os que a temem; façamo-la, pois, cada vez mais ligada aos problemas do Estado, lembrando-nos da ação dos nossos grandes jornalistas como Hipólito da Costa, sempre lembrado que foi por Barbosa Lima Sobrinho, que sobre ele disse e disse muito, em seu livro Hipólito da Costa, Pioneiro da Independência do Brasil, livro esse difícil de ser encontrado.
O momento que atravessamos nos parece merecer cuidados, mas nos levamos a acreditar que a nossa imprensa, sábia e democrática em termos de força cultural e educativa, saberá envidar esforços no sentido de bem executar suas atividades.
Quanto à segurança territorial da nossa Pátria, não há o que duvidar da ação permanente e eficaz das nossas Forças Armadas coesas, dando-nos plena garantia do acompanhamento da evolução ordeira e pacífica que levará o nosso Brasil a um progresso socioeconômico e político cada vez mais respeitado internacionalmente .
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(*) Bernardino Capell Ferreira é jornalista, escritor, sócio da ABI e membro titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.