Denize Goulart revela:
Brizola pediu perdão 


04/02/2021


Denize Goulart revela: Brizola pediu perdão 

por Vera Perfeito , diretor a de Cultura e Lazer da ABI

Duas semanas antes de morrer em 21 de junho de 2004, no Rio, aos 82 anos, Leonel Brizola chamou Denize Goulart, filha do presidente João Goulart, para lhe pedir perdão por ter insistido com o presidente deposto, em 1964, para que resistisse ao golpe militar. ‘Resistir teria sido um erro e, hoje, reconheço que Jango tinha razão’ – disse Brizola à sobrinha durante um almoço em seu apartamento, em Copacabana, quando fez questão de abrir um vinho para tomarem juntos. Jango e Brizola não se falaram durante 12 anos.

Denize revelou a conversa pela primeira vez em público durante o debate virtual do Cineclube Macunaíma da ABI, ontem, após a apresentação do documentário Jango, do cineasta Silvio Tendler que também estava presente e confessou que pretende rodar um filme sobre a vida de Leonel Brizola. Ele confessou que sente muita falta hoje do ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, mas acredita que o presidente deposto estava certo ao evitar um “banho de sangue” no país.

Além de Sílvio Tendler e Denize Goulart, participaram do debate Bárbara Goulart, filha de Denize e neta de Jango; Antero Cunha, diretor da ABI; Ricardo Cota, mediador; e o historiador Daniel Aarão Reis, contrário à saída de Jango de Brasília, pois acredita que ele ainda tinha aliados para sustentar o governo e promover eleições diretas, em 1965.

Bárbara Goulart que fez doutorado em História com a tese sobre o avô ressaltou que o filme de Silvio Tendler, com 1h55m, imagens de época e exibido em 1984 em plena campanha das Diretas, resgatou a imagem de Jango, mostrando-o como um político hábil e que tomou a atitude certa ao deixar o cargo, exilando-se no Uruguai com a família.

Assistam ao filme e ao debate de ontem sobre JANGO no canal da Associação Brasileira de Imprensa no YouTube. Na próxima terça-feira, dia 9 de fevereiro, às 18 hs, o Cineclube Macunaíma exibirá o documentário Os anos JK, de Silvio Tendler, seguido de debate com o diretor e estará presente, entre outros, um dos maiores incentivadores da reforma agrária no Brasil, o ativista João Pedro Stédile.