19/01/2006
Maria Vitoria Vélez
10/2/2005
A cobertura de uma guerra é o ponto alto na carreira de um correspondente internacional. Mas ao lado do prestígio profissional, esse desafio, considerado único por quem o vive, traz um risco cada vez maior para os profissionais dispostos a enfrentá-lo.
Embora arriscar a vida seja algo inerente ao trabalho dos jornalistas que cobrem conflitos, atualmente no Iraque eles têm se tornado alvo freqüente de seqüestros e assassinatos.
Segundo o último relatório da ONG francesa Repórteres Sem Fronteiras, o Iraque aparece, pelo segundo ano consecutivo, como o lugar mais perigoso do mundo para o exercício da profissão. Em 2004, 19 jornalistas e 12 colaboradores de um total de 53 em todo o mundo tombaram cobrindo o conflito naquele país.
Como conseqüência, o trabalho dos correspondentes tem se limitado ao “engajamento” (acompanhamento) de tropas americanas ou ao “jornalismo de hotel”, em que os repórteres apuram as matérias pelo telefone, confinados em seus quartos de hotel, como denunciou Robert Fisk, do jornal The Independent, em artigo recente publicado na Folha de S.Paulo.
Em ambos os casos, a imparcialidade fica comprometida, já que grande parte da informação procede de fontes militares americanas ou do governo provisório iraquiano, patrocinado por Washington.
Diante desse panorama, a série Jornalismo na Prática destaca nesta semana o trabalho dos correspondentes de guerra.
Cobrindo diferentes áreas de enfrentamento em épocas e regiões distintas, os jornalistas Joel Silveira, William Waack, Luis Edgard de Andrade, Beatriz Lecumberri e Antonio Scorza contam aqui suas experiências em campo, sua rotina de cobertura, as dificuldades encontradas e as estratégias criadas para o desenvolvimento desse trabalho.
A escritora e também jornalista Paula Fontenelle fala da manipulação da mídia pelo exército britânico e americano na guerra do Iraque descrita em seu livro, “Iraque: a guerra pelas mentes” (editora Sapienza) e levanta a questão: como é possível fazer uma cobertura de guerra com isenção?
Veja a seguir como é o trabalho de um correspondente de guerra na prática.