CNV solicita novo atestado de óbito para Vlado


03/09/2012


A Comissão Nacional da Verdade (CNV) encaminhou nesta quinta-feira, 30, ao Juízo de Registros Públicos de São Paulo uma recomendação para que seja retificado o atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, morto em outubro de 1975, nos porões da ditadura militar.
 
Atendendo a um pedido de Clarice Herzog, viúva do jornalista, a comissão solicitou à justiça que no atestado de óbito conste que a morte de Vladmir Herzog decorreu de “lesões e maus tratos sofridos durante interrogatório em dependência do 2º Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi)” e não por asfixia mecânica, como está no laudo necroscópico e no atual documento de óbito. A versão dos militares era de que Herzog teria cometido suicídio na prisão.
 
-A retificação do atestado de óbito é muito importante porque ele foi um instrumento de sustentação dessa farsa de suicídio. É preciso derrubar essa sustentação, afirmou Ivo Herzog, filho de Vlado.
 
Além da recomendação, a comissão também enviou à Justiça paulista cópia da sentença da ação declaratória, movida pela família Herzog, e de acórdãos em tribunais, que manteve a sentença de 1978. O veredito afirma que não houve prova de que Herzog se matou na sede do DOI-Codi de São Paulo, órgão subordinado ao Exército, que funcionou durante o regime militar.
 
“Quando a sentença rejeita a tese do suicídio exclui logicamente a tese do enforcamento. Dessa maneira, a afirmação de enforcamento – que se transportou para o atestado e para a certidão de óbito – encobre a real causa da morte, a qual, segundo os depoimentos colhidos em juízo indicam que foi decorrente de maus tratos durante o interrogatório no DOI-Codi”, diz o parecer da comissão.
 
*Com Agência Brasil e o Globo.