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Cinegrafista demitida após agredir refugiados


Por Claudia Sanches*

09/09/2015


A cinegrafista que chocou o mundo com suas atitudes agressivas contra refugiados sírios tentando atravessar a fronteira da Hungria com a Sérvia se tornou símbolo da crescente intolerância no país da Europa Oriental.

Petra Lazlo era funcionária do canal N1TV na cobertura dos enfrentamentos entre refugiados e a polícia na cidade húngara de Roszke na última terça-feira. Enquanto filmava fuga de refugiados sírios, ela foi flagrada colocando o pé na frente de um homem que tentava escapar de um policial, derrubando-o e agredindo com chutes outras pessoas. Nem mesmo o fato de o homem carregar um criança em seu colo deteve a repórter, mais tarde as imagens mostram Lazlo chutando uma menina.

Após a divulgação das imagens, publicadas pelo jornalista Stephan Richter, Lazlo foi demitida pela N1TV e pode ser condenada a até cinco anos de prisão pela agressão. Segundo o Jornal britânico The Guardian, a cinegrafista tem ligações com o partido de extrema-direita Jobbik.

A rede N1TV é considerada de extrema-direita, por ser próxima ao partido Jobbik, que é radicalmente contrário à imigração e defende ideias neonazistas.

Em comunicado na sua página do Facebook, a N1TV anunciou que o comportamento da cinegrafista foi inadmissível e que ela foi demitida após o ataque. “Consideramos inaceitável o ocorrido. A nossa relação de trabalho com a cinegrafista está encerrada. Da nossa parte, o caso está fechado”, afirma a nota.

 

Política nacionalista

Nos últimos dias, a situação na fronteira da Hungria com a Sériva, em Röszke, tem sido bastante tensa.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, tem sido alvo de críticas pelo discurso contra a entrada de imigrantes estrangeiros e por ordenar a construção de uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia para tentar conter o fluxo de migrantes e refugiados que tentam atravessar a Hungria para chegar à Áustria e a Alemanha.

Mais de 160 mil migrantes ou refugiados entraram na Hungria em 2015, segundo autoridades do país.

Orban é líder do Fidesz, partido de tendência nacionalista e conservadora. Recentemente, ele criticou os planos da União Europeia de criar cotas de recebimento de refugiados para países do bloco. E disse estar defendendo “interesses cristãos contra o fluxo de muçulmanos chegando à Europa”.

Uma recente enquete revelou que 46% dos húngaros é contra a entrada de imigrantes no país, um índice que triplicou em 20 anos.

As cenas ganharam as redes sociais, e milhares de comentários pedem que Petra seja processada para responder de forma mais grave pelo ato. Perfis de repúdio contra a jornalista também já foram criados pelos internautas.

A Hungria é um dos países com um intenso fluxo imigratório de refugiados vindos principalmente do Oriente Médio, especialmente na Síria – que passa por Turquia, Grécia, Macedônia e Sérvia, até chegar em Budapeste, já na União Europeia e perto dos países mais ricos do bloco. Da capital húngara, os imigrantes tentam chegar à Áustria ou à Alemanha.

*Informações da BBC News; The Guardian