Causas do fogo:
curto-circuito ou
queda de balão


05/09/2018


Um incêndio de grandes proporções destruiu o Museu Nacional, na Zona Norte do Rio, entre a noite de domingo e a manhã desta segunda-feira (3). Maior museu de história natural do Brasil, o local tinha um acervo de 20 milhões de itens, como fósseis, múmias, peças indígenas e livros raros.

Causas da tragédia

Ainda são desconhecidas. A Polícia Federal vai investigar.

Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, falou sobre possíveis hipóteses, como curto-circuito e queda de balão.

Como o incêndio ocorreu

As chamas começaram às 19h30 do domingo (2), depois de encerrado o horário de visitação.

Ainda não se sabe em que local do museu o fogo começou.

Boa parte da estrutura do prédio era de madeira, e o acervo tinha muito material inflamável – o que fez o fogo se espalhar rapidamente.

Apenas quatro vigilantes estavam no local, mas eles conseguiram sair a tempo. Ninguém ficou ferido.

Como foi o combate às chamas

Os bombeiros chegaram ao local logo depois de iniciado o incêndio, mas, segundo eles, os dois hidrantes próximos ao Museu Nacional não tinham pressão suficiente.

O comandante-geral, coronel Roberto Robadey Costa Junior, disse que a falta de água atrasou os trabalhos em meia hora.

Bombeiros buscaram água de lago e precisaram pedir caminhões-pipa.

A Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae) disse que uma “equipe se apresentou no local para verificar a necessidade de apoio aos bombeiros […]. A Cedae disponibilizou carros-pipa que estão à disposição para uso dos bombeiros, mesmo com a região estando plenamente abastecida”.

O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Lehrer, criticou a atuação do Corpo de Bombeiros: “Há reserva para água no museu. A própria equipe da prefeitura universitária e escritório técnico orientou os bombeiros onde buscar água. Tivemos certamente problemas de logística”.

O diretor do museu, Alexander Kellner, afirmou que o uso de água para apagar as chamas pode ter prejudicado o acervo.

A chuva durante a madrugada desta terça-feira (4) ajudou a apagar alguns focos de incêndio.

Riscos de desabamento

A Defesa Civil do Rio de Janeiro informou na segunda (3) que o local está interditado. Técnicos do órgão identificaram que “existe um grande risco de desabamento, que pode ocorrer com a queda de trechos remanescentes de laje, parte do telhado que caiu e paredes divisórias do prédio”.

Na área externa, no entanto, a avaliação destaca que “devido à espessura das fachadas, não há risco iminente”.

Por que o museu é importante

Criado por D. João VI em 1818, o museu completou 200 anos em junho deste ano. Era a instituição científica mais antiga do país.

Ele tem coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. Eram mais de 20 milhões de itens.

Foi lá que a princesa Leopoldina, casada com D. Pedro I, assinou a Declaração de Independência do Brasil em 1822.

Anos depois, também foi palco para a primeira Assembleia Constituinte da República, entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891, que marcou o fim do Império no Brasil.

Imagem: Reprodução

Tesouros do acervo do Museu Nacional

crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas.

Trono do rei de Daomé, presente dado por um rei africano a Dom João VI e um dos primeiros itens do acervo do museu.

Bendegó, meteorito de 5 toneladas que é o maior já encontrado no Brasil. Único item que ficou intacto após o incêndio.

Múmias e objetos egípcios raros comprados por Dom Pedro I e Dom Pedro II, que formavam a maior coleção egípcia da América Latina.

 

O que foi salvo do fogo

Meteorito Bendegó.

Parte da coleção de zoologia.

Biblioteca central do museu, outros minerais e algumas cerâmicas.

Herbário.

Departamento de zoologia de vertebrados.

Um crânio – que pode ser de Luzia.

O que foi perdido

Tudo que estava no prédio principal, exceto meteoritos.

Acervo mobiliário do 1º Reinado.

Peças herdadas da família imperial.

Problemas estruturais do palácio

O Museu Nacional estava em situação irregular junto aos bombeiros, segundo a corporação. “Há cerca de um mês a organização do Museu entrou em contato com nosso pessoal e teria conseguido recursos. Eles queriam se regularizar junto ao Corpo de Bombeiros, mas não deu tempo”, disse coronel Robadey.

De acordo com a vice-diretora, Cristiana Serejo, o local era extremamente frágil e não tinha portas corta-fogo.

O telhado foi restaurado há menos de quatro anos e a estrutura de madeira dele foi totalmente comprometida no incêndio.

A instituição vinha sofrendo com falta de recursos e tinha sinais de má conservação, como fios elétricos aparentes, cupins e paredes descascadas.

As condições precárias já estavam sendo investigadas pelo Ministério Público Federal havia 2 anos.

O especialista Marconi Andrade, do grupo SOS Patrimônio, disse que havia denunciado várias vezes o estado de abandono do local e que a fiação era muito antiga, revestida com tecido.

O Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse à GloboNews que um contrato de revitalização do Museu Nacional foi assinado em junho, mas não houve tempo para que o projeto pudesse acontecer. Segundo ele, houve “negligência” em períodos anteriores.

Acesso aos quartos da família real no terceiro andar do Museu Nacional (Foto: Reprodução)

nfiltração do forro centenário em um dos quartos da família real (Foto: Reprodução)

Projeto de revitalização

A proposta do museu era retirar do palácio e levar para prédios anexos os materiais inflamáveis do acervo. São animais mantidos em frascos com álcool e formol.

De acordo com Luiz Fernando Dias Duarte, diretor-adjunto do museu, parte deste acervo inflamável já havia sido retirado, mas outra parte ainda estava lá.

O diretor diz que o projeto previa ainda a instalação de extintores, remodelação e modernização do prédio.

A liberação da verba de R$ 21 milhões, conseguida no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), ocorreria após as eleições para evitar sanções previstas na Lei Eleitoral.

 

Fonte: G1