Aos amigos da natureza e de José Itamar de Freitas


14/06/2023


Texto de moradores de Miracema

Para quem não o conhecia, José Itamar de Freitas (foto), era Jornalista, começou a carreira na revista Fatos & Fotos. Em 1973, foi trabalhar na Globo. Esteve na equipe de criação do Fantástico, do qual foi também diretor-geral, de 1977 a 1991.

Miracemense, nascido em 04 de agosto de 1934, esteve à frente do jornalismo da Globo, no Fantástico, desde 1973. Deixou a direção-geral do Fantástico em junho de 1991 para se tornar diretor de reportagens da Central Globo de Jornalismo, cargo em que permaneceu até 1995. Nesse último período na Globo, o jornalista contribuía com a supervisão de alguns programas da casa.

Era proprietário de um sítio à RJ 200, trecho Miracema-RJ/Paraíso do Tobias, km 7, denominado SÍTIO SÃO GRABRIEL DA BOA NOVA, uma propriedade que José Itamar cuidou com carinho e a transformou num santuário para passar seus dias de sossego e lazer.

Nessa propriedade tinha vários canteiros de mudas medicinais, remanescentes da Mata Atlântica, muitas árvores plantadas a partir de sementes ou mudas que trazia de diversas partes do mundo por onde viajava. Tornou-se também um sítio de muitas mudas endêmicas da Mata Atlântica. O lugar se transformou num verdadeiro paraíso para os amantes da natureza.

Cremos que esse legado deixado pelo José Itamar de Freitas, com o plantio de diversa árvores e cheio de orgulho e memórias de suas viagens, deveria ser perpetuado para as gerações futuras e era uma contribuição de sua vida para os seus conterrâneos usufruírem dos benefícios diretos e indiretos dos fragmentos florestais e dos animais que dali subtraem meios para subsistência.

Com a morte do Jose Itamar de Freitas em 2020, sua família vendeu o sítio. Suas lembranças e seu trabalho foram transferidos a outro proprietário. Porém, sua vontade não foi respeitada. Se tivéssemos a certeza de que os mortos acompanham os atos dos vivos, Jose Itamar estaria revoltado com o que se tornara seu sítio e sua história contada em preservação.

O atual dono, segundo autos de procedimento na 137º Delegacia de Polícia de Miracema – RO nº 5017/137/2023, de 06/06/2023, é R.R.S. Esse vem desmatando assustadoramente o SÍTIO SÃO GRABRIEL DA BOA NOVA com 4 máquinas gigantes a todo vapor, derrubando árvores, matando animais silvestres, fazendo movimento de terras, abrindo açudes etc., sem o devido processo legal e sem as licenças exigidas pelos órgãos competentes.

Foram feitas, pelo que apuramos, 3 denúncias e 2 dessas geraram registros na delegacia. Foi confirmado crime, ausência de licenças e outras irregularidades. As autoridades policiais não conseguiram parar o avanço desenfreado, inescrupuloso, das máquinas, seus maquinistas e mandantes. Além do desmatamento também está em construção um açude, ambos sem o devido licenciamento.

É um crime que espanta a comunidade pelo tamanho da devassidão, do desafio às autoridades e da ineficiência das autoridades públicas em fazer valer a Lei de Crimes Ambientais.

A SEMMAM – Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Miraema – oficializou ao Batalhão Florestal, através de ofício nº 068/2023, solicitando informações dos procedimentos imputados ao nacional e dos procedimentos adotados. Até o presente momento sem resposta, o que deixa em dúvida se houve procedimento pelo Batalhão Florestal. Após várias denúncias recebidas na SEMMAM, no dia 06/06/2023, a polícia do 36º Batalhão da Polícia Militar (BPM) esteve no local juntamente com os técnicos da SEMMAM, o que gerou o Registro de Ocorrência RO nº 5017/137/2023.

No dia seguinte, em 07/06/2023, houve outra denúncia e novamente a guarnição e os policiais do 36º BPM estiveram no local e constataram nova irregularidade com as mesmas máquinas do dia anterior, o que gerou RO nº 5021/137/2023.

No dia 08/06/2023, o nacional continuava com seus tratores a todo vapor. Foi acionada a SEMMAM e ninguém compareceu ao local para nova vistoria. Membros do Conselho de Meio Ambiente de Miracema (COMMAM) estiveram no INEA regional, em Pádua, e nenhuma ação foi tomada. Apenas recomendaram que fizessem a denúncia via aplicativo da Ouvidoria INEA-RJ, sistema FALABR.

A sociedade miracemense está impressionada com o crime e como um crime dessa natureza segue sem respostas. Nenhuma máquina foi apreendida além de um motosserra. O sentimento de impotência e impunidade geram indignação.

Os crimes contra o meio ambiente irão ate quando?