Cerimônia de adeus
a Jesus Chediak


09/05/2020


Jornalista e cineasta Jesus Chediak (Imagem: Reprodução)

Em cerimônia restrita, com poucos parentes e amigos em função do coronavírus, o corpo de Jesus Chediak foi cremado neste sábado, 9, às 15h45, no Crematório e Cemitério da Penitência, no Caju, no Rio.  “Siga na Luz e na Paz , Jesus! Saudade da família ABI – diretoria, conselhos, associados, funcionários e amigos” ,  “Com os sentimentos dos Amigos da ABI”, dizeres  inscritos nas coroas de flores enviadas pela Casa do Jornalista.

“Infelizmente perdemos nosso companheiro. E a gente não pode nem se despedir dele”, lamentou o presidente da ABI, Paulo Jerônimo de Sousa, acrescentando que “em tempos normais, faríamos o velório na ABI, que era a sua casa. É muita tristeza”.

Jesus Chediak, jornalista, teatrólogo e cineasta, morreu na sexta-feira, 8, aos 78 anos, mais uma vítima da Covid-19. A morte de Chediak foi noticiada em principais jornais e emissoras de tv do país.

Ao longo do dia, parentes e amigos continuavam a enviar palavras de carinho e pesar pelas redes sociais.

Paloma Chediak homenageou o pai também no Instagran, em mensagem emocionada de amor e admiração:

“No meu coração. Meu pai, você é um gigante, que orgulho imenso do homem que foste. Te amo tanto tanto tanto. Você está profundamente em mim, entranhado no meu caráter, no fundo da minha alma. Parte do meu coração. Você estará ao meu lado pelo resto da minha vida e tudo o que eu fizer será em sua homenagem, é o que eu lhe devo por me ensinaste sobre grandeza humana. Tive a benção de ter um pai chamado Jesus que me deixou a maior de todas as lições, a da humanidade grandiosa. E foram incontáveis lições do meu Jesus. Fé. Simplicidade. Generosidade. Solidariedade. Amor pela justiça social. Amor ao próximo. Amor. Pai, te juro que vou pôr todo o amor que aprendi com o senhor em tudo que fizer. Vou pôr todas as minhas forças para que o amor vença neste mundo tão massacrado pelo ódio e a indiferença. Vou lutar até o fim, inspirada por suas lições e seu amor, por um mundo mais humano. Depois desta peste nada será como antes. Porque precisamos da lições preciosas que o senhor deixou e eu dou a minha palavra que eu vou passar adiante tudo o que eu aprendi contigo. Será minha missão. Prometo, meu pai, que tudo que eu fizer será inspirado no meu amor por ti. E o amor vencerá, meu pai”.

Em seu blog, Juca Kfouri relembrou texto escrito por Chediak em 2018.

A Imortal paixão rubro-negra

Por Jesus Chediak

“Quando assumi a direção da Casa França-Brasil, convidei Walter Oaquim, querido amigo e velho companheiro de lutas políticas, para fazermos uma homenagem ao nosso saudoso amigo Nelson Rodrigues.

Sou tricolor e queria programar uma exposição com o título “40 Minutos antes do Nada”, destacando a famosa frase de Nelson para exaltar o Fla-Flu.

Mas, no andar da carruagem, o Walter insistia em realizar uma exposição contando a história do Flamengo, já que ele assumira a presidência do Conselho dos Grandes Beneméritos do clube e queria marcar a sua gestão com um grande evento.

Aliava-se à insistência do Walter, o desejo de André Lazaroni, querido amigo e secretário de Estado de Cultura na época, mais um eterno rubro-negro apaixonado.

E também pensei em homenagear os 90 anos de Luiz Carlos Barreto, outro querido amigo, rubro-negro histórico, que chegou, inclusive, a jogar futebol no clube.

Acabei convencido de que um grande evento sobre o Flamengo promoveria a Casa França-Brasil em grande escala para um público heterogêneo de todas as classes sociais. Então programamos esta exposição “Flamengo, História de uma Paixão”.

Mas, na verdade, eu aprendi a gostar do Flamengo com um tricolor, o Nelson Rodrigues.

No início dos anos 70, fui assistir a um Fla-Flu diante de 120 mil pessoas no Maracanã. O Fluminense perdeu por 5×2, em um desses dias em que tudo dá certo para o adversário, imaginem, o Doval fez até um gol de nuca.

Naquela época, eu tinha o hábito de tomar mingau de maisena com o Nelson, em um bar defronte ao Jornal dos Sports.

Na segunda-feira, um dia após o jogo, ainda com a cabeça quente pela derrota, na hora do mingau, desandei a falar mal do Flamengo, dizendo que o time nasceu da traição ao Fluminense, roubou até o santo do Cosme Velho, tomando São Judas Tadeu como seu padroeiro, etc.

Então, o Nelson me olhou sério e grave, disse emocionado: “Meu filho, nunca mais fale mal do Flamengo, se não existisse o Flamengo, não haveria o Fla-Flu.”

Aprendi a lição e cá estou eu, um tricolor, orgulhoso de colaborar, mesmo modestamente, com a diretoria do Flamengo, para a realização desta magnifica exposição, sob a competente e dedicada curadoria de Nelson Ricardo, que nos conta a história da imortal paixão rubro-negra, consagrada em uma frase de Nelson Rodrigues: “Cada brasileiro, vivo ou morto já foi Flamengo por um instante, por um dia.” Esse instante e esse dia chegam para a Casa França-Brasil, que, ao lado da secretaria de Estado de Cultura, nas pessoas da superintendente de Artes, Patricia Lins e Silva, e do secretário de Cultura, Leandro Monteiro, se sente sumamente honrada em acolher em seu espaço centenário a nação rubro-negra”.

O ex-ministro José Dirceu transmitiu por meio de amigos:

“Tristeza. Quando possível transmita à família meus pêsames, presença amiga e solidariedade”.

Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, a associação de blocos de rua do Rio, publicou no Instagran: 

“ Eu já sabia da internação dele e rezava para que ele vencesse essa batalha. Jesus Chediak foi um padrinho pra mim! Quanta tristeza em saber hoje da partida dele, vítima do Covid-19. Chediak defendeu com unhas e dentes meu projeto @casablocooficial e lá, na Casa Franca-Brasil, fizemos duas edições lindas, reunindo carnavais do Brasil! Ele era intenso, animado, acreditava no sonho das pessoas que criam, nas ideias novas e que tiram a mesmice do lugar. Eu queria ter me despedido do meu amigo. Não deu! Que ele encontre festa nos céus, ao lado de outros queridos que partiram nesses tempos estranhos. Nesse momento, eu queria voltar a 2018 e abraçar Jesus!”

Múcio Aguiar, Presidente da Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP)

A Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP) manifesta seu profundo pesar pelo falecimento do amigo Jesus Chediak, que por tantas vezes visitou nosso Estado e dizia ter Pernambuco em seu sangue. Um homem múltiplo cultural que deixa um legado de honradez e uma coleção de amigos.

Neste momento de dor prestamos condolências aos seus familiares, amigos e companheiros da ABI.