ABI recebe mídias e comunicadores antiracistas para homenagem da Câmara Municipal


29/11/2023


Numa parceria com o mandato da vereadora Mônica Cunha (PSOL), a ABI lotou seu auditório para a entrega da moção de reconhecimento aos comunicadores e mídias populares e comunitários que se destacaram pela luta antirracista.

Entre as homenageadas da última segunda-feira (27) estava Maria dos Santos Soares, mais conhecida como Dona Santinha. Aos 99 anos, a mineira é um dos símbolos nas manifestações no Rio de Janeiro. Presente em atos de movimentos feministas, antirracistas, LGBTQIAP+, mobilizações contra remoções e privatizações, Dona Santinha é sinônimo de luta.

A enfermeira aposentada tornou-se engajada politicamente após a morte do irmão, um militante do Partido Comunista, em 1984. No leito de morte ela prometeu que “seguiria a sua luta” e assim o faz prestes a completar 100 anos.

Vereadora Mônica Cunha e dona Santinha

“A minha luta principal é pelos negros devido à situação em que nos colocaram, mas a minha militância é pela humanidade. Eu não sei porque estou aqui, talvez a minha vida seja responsável por isso, porque eu não sei ficar indiferente ao que me rodeia. Tudo o que eu acho de errado, eu quero fazer alguma coisa”, disse, ao receber a moção.

Foram 160 comunicadores, produtores de conteúdo, dramaturgos, fotógrafos, cineastas e veículos de imprensa populares antirracistas homenageados e reconhecidos pela presidente da Comissão Especial de Combate ao Racismo (CECOR), a vereadora Monica Cunha, com uma moção de reconhecimento e louvor da Câmara Municipal do Rio pelo comprometimento em produzir uma comunicação alternativa e antirracista, principalmente para quem vive nas favelas e periferias.

A vereadora, que atua como ativista de direitos humanos há mais de 20 anos, contou um pouco da sua relação com a comunicação comunitária após se tornar mãe de vítima. “Ter conhecido essa comunicação popular que coloca a narrativa real do que a gente falava fez toda a diferença para as mães de vítimas de violência do Estado, porque as outras mídias sempre nos viam como culpadas, como mães de bandidos, então foram os comunicadores populares que mudaram essa página da nossa vida. Hoje, homenagear vocês é dizer para esse Estado que matou o meu filho e de diversas irmãs minhas que nós não somos mães de bandidos porque vocês escreveram em cada página, em cada site isso, muito obrigada por fazer a diferença na vida de tanta gente”, disse emocionada a parlamentar.

O evento, que fez parte das celebrações do Dia da Consciência Negra, homenageou também diversos portais, como: Cultne TV, Notícia Preta, Portal Favelas, Alma Preta, Mídia Ninja, Redes da Maré, Site Mundo Negro, Fala Manguinhos e outros. Ainda foram homenageados, o ator Jonathan Azevedo, o jornalista Marcos Valentim, o dramaturgo Jonathan Raimundo, a primeira roteirista negra a fechar um contrato com a Disney, Maíra Oliveira, o jornalista e ator Adalberto Neto, entre outros.

“Às vezes parece que a gente não vai vencer porque o Brasil é um país muito racista, mas a gente vai continuar resistindo e isso aqui valoriza, faz a gente saber que está no caminho certo, dá um gás”, afirmou o jornalista.

A historiadora e produtora cultural, Pamela Carvalho falou sobre o trabalho que desenvolve a partir da disputa de narrativas. “É preciso apresentar uma outra narrativa sobre as populações negras, principalmente, as populações negras de favela. É importante está aqui porque a Monica reconhece o trabalho dos comunicadores antirracista e a necessidade de continuarmos escrevendo a nossa história”, afirmou a Pamela.

“É uma homenagem para mostrar quem tava lutando pelas pessoas nas favelas na pandemia em 2020. São esses os comunicadores que emprestaram os seus celulares para arrecadar cestas básicas para as pessoas não morrerem de fome, então a gente tem que homenageá-los.

A vereadora Monica Benício (Psol), a deputada estadual Dani Monteiro (Psol) e do deputado federal Tarcísio Motta (Psol-RJ) participaram do evento.