31/03/2022
Texto e fotos de Rogério Marques, conselheiro da ABI
Houve momentos de emoção na audiência pública para debater a ameaça de fechamento das rádios MEC e Nacional, pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Logo na abertura, músicos da Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense (UFF) foram muito aplaudidos ao executar o Hino Nacional e obras de Heitor Villa-Lobos. Outro momento especial foi a exibição de um vídeo em que a atriz Fernanda Montenegro falou da importância das rádios Nacional e Rádio MEC. Com apenas 15 anos, Fernanda começou a trabalhar na Rádio MEC, depois de aprovada em concurso. Na emissora, atuou como redatora, locutora e radioatriz.
A audiência pública presencial e online aconteceu no auditório do Alerjão, na Rua da Ajuda, e foi coordenada pela deputada Mônica Francisco (PSOL), presidente da Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Assembleia Legislativa do Rio. Além da deputada, fizeram parte da mesa o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Paulo Jerônimo, o Pagê; o deputado Waldeck Carneiro (PSB), presidente da Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação; o vereador Reimont Ottoni (PT); a diretora do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio Virgínia Berriel e o presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio Leonel Quirino. A ausência do diretor-presidente da EBC, Glen Valente, foi criticada por alguns debatedores.
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Nas fotos: A atriz Fernanda Montenegro, que começou a trabalhar na Rádio MEC, enviou vídeo com mensagem de apoio; Músicos da Orquestra Sinfônica Nacional da UFF: Hino Nacional e Villa-Lobos; Leonel Quirino, presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio, e Virgínia Berriel, diretora do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio; Deputado Waldeck Carneiro, presidente da Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação; Paulo Jerônimo, presidente da ABI, na audiência pública em defesa das rádios MEC e Nacional, ao lado da deputada Mônica Francisco (PSOL)
UM PAPEL HISTÓRICO
Todos os participantes do ato falaram do papel histórico das rádios Nacional e MEC na difusão da cultura e dos valores nacionais. O presidente da ABI, Paulo Jerônimo, o Pagê, lembrou de sua infância em Mococa, interior de São Paulo, quando toda a família se reunia em torno de um aparelho de rádio para ouvir os programas da Nacional. Pagê disse que “em três anos de mandato a ABI já emitiu várias notas, fez matérias e entrou na Justiça em defesa da EBC”.
Helena Theodoro, professora da UFRJ, referência na pesquisa sobre cultura negra e ex-funcionária da Rádio MEC, lembrou que ingressou na emissora tocando piano e chegou a autora.
Para Orlando Guillon, ativista da Fale-Rio e ex-diretor da Rádio MEC, “a defesa das rádios MEC e Nacional está inserida em uma luta maior, que é a defesa da EBC e da comunicação pública no Brasil”.
O deputado Waldeck Carneiro disse que a Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação, que ele preside, e a Comissão de Trabalho presidida pela deputada Mônica Francisco estão entrincheiradas na luta pela democratização da comunicação e em defesa das rádios MEC e Nacional.
AMPLIAR A LUTA
Virgínia Berriel, diretora do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio e da CUT, lembrou que os trabalhadores da EBC estão sem reajuste salarial há três anos. “O viés desse governo é o do apagamento da cultura, do apagamento das rádios MEC e Nacional. Eu sou da roça”, disse Virgínia, “e ouvíamos rádio quando a televisão ainda não havia chegado em cidades do interior do Brasil. Precisamos levar essa nossa luta à Câmara Federal e ao Senado”.
O presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio, Leonel Quirino, concorda com Virgínia. “Temos que ampliar esse debate, levar esse debate para o parlamento nacional. O projeto desse governo é sorrateiro, é acabar com as rádios MEC e Nacional aos poucos.”
Existem na Câmara Municipal projetos que visam o tombamento da Rádio MEC e tornar a Rádio Nacional patrimônio histórico e imaterial do Rio de Janeiro. Um desses projetos é de autoria do vereador Reimont Otoni. “Nós não toleramos e não toleraremos que fechem as rádios MEC e Nacional.”
Ao falar da proximidade das eleições de outubro, Reimont disse que “está chegando a hora, está chegando o momento de darmos um basta a tudo isso. E sabemos que depois do processo eleitoral teremos muito trabalho pela frente”.
No encerramento dos trabalhos a deputada Mônica Francisco e o deputado Waldeck Carneiro informaram que a Comissão de Trabalho e a Frente Parlamentar pela Democratização da Comunicação estão articuladas para levar a luta pelas rádios MEC e Nacional ao Congresso. “Essa é uma luta de todos nós, é uma luta pelo Brasil” – disse Waldeck.