ABI lamenta a morte de Rogério Marinho


25/07/2011


A ABI lamenta a morte do jornalista Rogério Marinho, Vice-presidente do Infoglobo, nesta segunda-feira, 25 de julho, no Rio. Ele morreu de insuficiência respiratória aguda. O velório está sendo realizado na Capela 1 do Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul.
 
 
Rogério Marinho era sócio efetivo da ABI há 70 anos, tendo ingressado na entidade em 19 de dezembro de 1940. Ele era casado com D. Elisabeth e deixa mulher, filha e netos.
 
 
A morte do jornalista foi lamentada também pelo Governador Sérgio Cabral que por meio de nota diz que “Rogério Marinho, ao lado de Roberto Marinho, contribuiu para a construção do maior grupo de comunicação do Brasil, que o Rio tem a honra de sediar. Desde o início da minha carreira pública recebi de Rogério Marinho manifestações de estímulo e atenção. Guardo dele boas lembranças. Meus sentimentos e aos seus familiares”.
 
 
Rogério era carioca do bairro do Riachuelo e nasceu no dia 15 de maio de 1919, como o filho caçula do também jornalista Irineu Marinho, cuja morte ocorreu quando ele tinha seis anos de idade. Mesmo com a morte do pai, ele não se desligou do jornalismo, carreira que abraçou aos 18 anos quando foi trabalhar no jornal O Globo, a convite do irmão Roberto Marinho. A partir daí manteve-se sempre ligado ao jornal e às Organizações Globo.
 
 
Em depoimento ao projeto “Memória do Globo”, Rogério Marinho compara o jornalismo que era praticado quando iniciou a carreira com o que é produzido atualmente. Na sua opinião o jornalismo de antigamente era “heróico”, não se compara com o que é feito atualmente com base na tecnologia: “Era um jornalismo de esforço pessoal, cada um fazia o que devia fazer e o que outros deveriam fazer também, para não atrasar o jornal. O Globo era completamente diferente do que é hoje”, lembrou o jornalista.
 
 
Na redação do Globo, Rogério Marinho era visto como uma pessoa simples no trato pessoal, que falava com todos os funcionários sem se deixar influenciar pelo aspecto hierárquico. Exerceu a função de repórter esportivo, redator, diretor-substituto até alcançar o cargo de vice-presidente.
 
 
O longo período em que esteve no Globo permitiu a Rogério Marinho conviver com várias gerações de jornalistas, entre os quais o cronista esportivo Mário Filho, o articulista Pinheiro Lemos e Evandro Carlos de Andrade, durante muito tempo editor-chefe do jornal. Além disso, pode manter uma relação bem próxima com o irmão Roberto Marinho.
 
 
Sobre a sua convivência com Roberto Marinho ele costumava afirmar que era muito equilibrada e pautada pela cumplicidade: “Eu sempre tive uma vida muito participativa com o Roberto, na época de montar a cavalo, de viajar. Eu era uma espécie de cumpridor do programa dele, cumpridor dos objetivos dele. Para ajudá-lo, não para substituí-lo definitivamente”, declarou em depoimento ao “Memória do Globo”.
 
 
Ele também não se omitia em comentar os períodos de censura vividos pelo Brasil com o Estado Novo e o golpe militar de 1964. Sobre o primeiro caso, Rogério Marinho contou o seguinte: “Tínhamos um censor permanente no Globo, que chegava e dizia: ‘Esta matéria sai, esta não sai’. Dominava completamente. Mas nós tínhamos o Cartier, que era muito hábil em fazer amigos anódinos. Ele fazia um artigo que parecia que estava elogiando, mas no fim, estava fazendo restrições. Ficava no meio termo, o que era bom para o Globo”, afirmou.
 
 
Ele também recordou o censor que se intrometeu na redação do Globo, depois do golpe de 64: “Ele dizia o seguinte: ‘Olha Dr. Rogério, eu vim aqui como enviado. Agora, nós não podemos nos exceder. Tenho certeza que o Globo não o fará, de maneira que eu entrego nas suas mãos a censura, a orientação do jornal’”.