ABI articula com EBC participação da mídia popular nas emissoras públicas


14/09/2023


Por Xico Teixeira, conselheiro da ABI

Na foto: Hélio, Lola, Xico, J.Marques, Simone, Camila e Carolina

Comunicadores populares e comunitários de favelas e periferia, integrantes do Núcleo de Comunicação Popular e Comunitária (NCPC) da ABI, realizaram nesta quarta-feira(13), na sede da EBC, no Rio de Janeiro, a primeira reunião com representantes da empresa de comunicação pública. O encontro, provocado pela ABI, teve como finalidade discutir a forma como as mídias deste segmento poderão participar com seus conteúdos nas grades de programação da EBC.

Na reunião estavam presentes os assessores da Diretoria de Produção e Programação, Jota Marques e Lola Werneck, que aplaudiram a iniciativa e sinalizaram para a elaboração de editais e pitching destinados especificamente para este segmento de mídia, com fomento direto aos comunicadores produtores de conteúdo de favelas e periferia. Eles afirmaram que já estavam prevendo a inclusão desta mídia popular e acreditam que esta participação poderá se dar de forma plena a partir de 2024.

Durante o encontro foi enfatizado pelos participantes que a comunicação popular integra o sistema público de comunicação e deve ser contemplada com ações de fomento e divulgação por parte da empresa que tem verbas governamentais para este fim. Os profissionais presentes reconhecem que o início destas negociações vai ajudar no esforço de vencer as dificuldades burocráticas e financeiras que existem na empresa. Reconhecem também que, neste momento, há um esforço brutal para recriar o sistema público que foi destroçado, os profissionais perseguidos e censurados durante o primeiro pelo governo golpista de Temer e depois pelos 4 anos de governo Bolsonaro que tentaram de tudo para acabar com o sistema público.

O primeiro encontro foi híbrido com participação online de profissionais do Morro do Salgueiro (Emerson) e do Complexo do Alemão (David) e, presencialmente, de representantes de mídias da Maré (Carolina e Hélio), do Morro Santa Marta (Simone), da revista Brejeiros (Camila) e do jornalista Xico Teixeira coordenador do NCPC. Outros profissionais do Rio de Janeiro e de Belém do Pará justificaram ausência por motivos profissionais, mas declararam que apoiam esta iniciativa de dar maior apoio e visibilidade ao que está sendo produzido nas favelas e periferias.

Foi acordado na conversa que as ações podem ser de várias maneiras. Desde a contratação de conteúdo para a grade das emissoras, como também de divulgação das ações e eventos promovidos pelas entidades representativas do segmento, no jornalismo da empresa. Maior integração entre a empresa responsável pela articulação do sistema público com os agentes que promovem e produzem a comunicação nas favelas e periferias. O representante do Instituto Raízes em Movimento, lembrou que a comunicação nestes coletivos e ongs não se limita ao jornalismo factual, mas também por ações educativas, de memória, entretenimento e culturais.

O papel da ABI neste contexto é de acolhimento pleno destes profissionais na entidade e promover sua valorização e desenvolvimento. A articulação com a EBC é uma das ações possíveis neste sentido, além de realizar encontros, seminários, oficinas e debates com esta categoria. Neste sentido, a proposta da ABI é ampliar sua área de ação para além das fronteiras do Rio de Janeiro de Janeiro, acolhendo novos integrantes da própria entidade e atraindo novos associados. Além do estado do Rio de Janeiro, já participa do Núcleo o coletivo Periferia em Foco, do Pará e novas articulações contemplam profissionais de outros estados.

Nova reunião (também híbrida) vai acontecer na semana de 22 a 27 de outubro, quando se pretende chegar a um acordo sobre a forma de participação dos coletivos e ongs de comunicação pública e comunitária na grade de programação da EBC.