A nota publicada por Holanda


07/03/2008


Este blog tem defendido ao longo da sua existência o respeito à legalidade. Não seria coerente, nem democrático, a desobediência a uma ordem judicial, mesmo que a entenda como o restabelecimento da censura.

Assim, por compreender que mesmo equivocada, a decisão de um juiz expressa, em tese, o desejo da sociedade, e é um dos instrumentos da democracia, está substituindo por símbolos qualquer citação ao megaempresário de comunicação e do setor de construção civil, autor de ação, com pedido de tutela antecipada, concedida pelo juiz Airton Luís Corrêa Gentil, da 10ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho, que determinou sejam retiradas quaisquer notícias constantes no blog que envolvam o nome da parte autora da ação.

A Medida Judicial impede que o blog faça citação ao nome do empresário.

O blog já retirou os pôsteres que relacionam o empresário à empresa Pampulha, conforme determinação judicial.

O blog está interpondo recurso para reverter a medida, que considera um excesso, mas como veículo que compartilha informações com a sociedade, também quer dar exemplo de respeito as instituições, especialmente ao Judiciário.

Para não ficar numa mera nota melancólica, queremos lembrar aos leitores que o jornalista que edita este blog sentiu na pele os efeitos da censura nos anos de chumbo. Trabalhou em jornais nos quais tinha que submeter seus textos a um agente federal. Foram tempos de exclusão e de negação da inteligência e da liberdade.

Reviver esses tempos num momento em que parte substantiva da Lei de Imprensa é revogada, é doloroso, pois vai na contra-mão de reformas importantes pelas quais passa a sociedade brasileira.

O país não pode continuar convivendo com o atraso, nem com a mão poderosa dos que se julgam donos do capital e da liberdade alheia.

O blog acredita no Judiciário amazonense, mas também está ciente que a justiça não se esgota no Palácio da avenida André Araújo.

Irá às últimas instâncias para ver restabelecido o direito de informar, denunciar, nominar os autores de delitos, de apontar enriquecimento ilícito, de dizer quem fez o bem e quem fez o mal.

Não será a condição a social do indivíduo, nem o poder que ele tem, que vai impedir que a informação chegue aos leitores com nome, lugar e os fatos que fazem a notícia.”