“O que hei de dizer”


22/06/2011


O título é mais que subjetivo! A expressão usada aflora, se não de uma angústia, em um momento no qual o escritor se defronta com um turbilhão de assuntos que lhe vêm a mente, procurando avidamente encontrar entre os mesmos alguns cujas particularidades tenham sigo gravadas na sua mente, tal as suas magnitudes.

E o que a nossa mente guarda com carinho só deve ser desvendado para outrem quando existe a certeza de que o fato descrito não só será compreendido como possivelmente acreditado.

Vai daí que o autor deverá ter cuidado em não criar quadros e imagens que ultrapassem a veracidade dos fatos; se o fizer, estará deturpando seus próprios sentimentos, ou seja, o desejo de gravar pela escrita convincente o que estaria até então guardado no mais íntimo do seu ser.

            

Seria inenarrável reviver fatos que na época, integraram os nossos sentimentos, não fosse a existência, hoje, de algo que nos impede de tornar a lembrá-los, mas não nos deixemos afastar do motivo principal que nos levou a debruçarmos sobre o nosso computador,  a fim de cuidarmos de que  temos a grande responsabilidade  de não deixar de observar o que se passa  em nossa volta .

            

E cabe, evidentemente, concluirmos, em face das noticias diariamente publicadas em jornais e revistas do País, que tal noticiário  está sempre repleto da manchetes que mais atraem  uma alta gama de leitores, estereotipados entre aqueles titulados no alto nível da nossa sociedade brasileira, os quais se comprazem  em acompanhar os movimentos de altas e quedas, quer políticas, econômicas ou sociais,  no âmbito dos três Poderes da República – E como tais Poderes dão, as vezes, motivos  para que pelo menos se discuta seus atos, como no caso da extradição de  Battisti para a Itália  , claro que nos achamos no direito de  avaliar essas conclusões .             

            

Outra razão que nos impele à crítica de atos governamentais é a nomeação dos Srs. Ministros, calcadas na maioria das vezes, em  razão de solicitações deste ou  daquele partido político . Outro fato que também nos leva à crítica, no que diz respeito ao Judiciário, é o fato de os Srs. Juízes do Tribunal Federal e Tribunais Superiores, serem nomeados pelo Presidente da República, após aprovados pelo Senado Federal, conforme legislação já apontada. Acreditamos que o essencial para qualquer escolha de homens públicos como dirigentes seria a aplicação, em alto grau, do sistema de méritos, mas isso se torna cada vez mais difícil tão fortes são os pedidos e aparentemente as dificuldades na obtenção desses dados.

            

Parece-me que por aqui ficaria eu, mas o noticiário da manchete de O Globo de hoje, 13 de junho de 2011, em primeira página, “Planalto vai abrir cofre para acalmar Congresso”, fez-me empunhar a minha baioneta, quero dizer, caneta, a fim de mais falar sobre a nossa Ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, recentemente devolvida à arena ministerial. Promete ela, segundo O Globo, destinar 250 milhões de reais para emendas e distribuição de cargos, como se estivesse atirando “milho” aos pombos.

            

Aguardemos o que virá, porque me parece que não será muito fácil manobrar marinheiros que desde há muitos anos se acostumaram a içar e baixar as velas desse barco meio adernado que se chama Congresso, quer nas calmarias como nas tempestades. Todavia, segundo a notícia, a ministra pretende adotar estilo mais ameno em sua nova tarefa, sendo outro o seu comportamento, a fim de que venha a ser útil ao Executivo, que ora refez suas perspectivas políticas, livres de supostas pescarias.

            

Por último, e agora não há razões maiores para outros assuntos ou há? E vamos deixar que se percam (isso não!)? Existe sim, lembrei-me agora de outro caso – o caso dos bombeiros do Rio de Janeiro. Ofendidos que se sentiram, há dias, pelas palavras do Governador Sérgio Cabral, parece felizmente que já existe um clima de reconciliação entre a categoria e o Governo, o qual já se vê na contingência de examinar como poderá atender às reivindicações dos soldados do fogo! – naturalmente irá encontrar disponibilidades, porque dinheiro será fácil de ser encontrado no topo das colunas dos extratos financeiros do Estado, e os bombeiros poderão vir a ser defenestrados ou atendidos em termos justos, para suas melhorias salariais.

            

Aproveitando a oportunidade, lembrei-me ainda de falar na administração feminina no Governo da República. Quero crer que tanto o homem como a mulher, dependendo da sua cultura e do sentido de nacionalismo ligado à pureza dos seus sentimentos para com a Pátria, serão capazes de efetuar grandes serviços, mas, particularmente, do que já observamos da mulher como mãe, concluímos que a feminilidade impera em todos os momentos que necessitam de cuidado com as suas próprias reações, na defesa de seus projetos e realizações, a fim de que tenha o seu nome preservado de críticas mordazes que possivelmente a poderiam destruir politicamente ou  não. A inovação do aproveitamento da mulher na direção de cargos administrativos poderá, ao que creio, dar certo. Os homens que se cuidem doravante.

 
* Bernardino Capell Ferreira, sócio da ABI, é economista e engenheiro e membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil.