Anistia para Glauber Rocha


27/05/2010


A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovou, por unanimidade, nesta quarta-feira, 26, o processo de anistia do cineasta Glauber Rocha. Aberta ao público, a sessão foi realizada no Teatro Vila Velha, em Salvador.

Paula Gaitán, viúva do cineasta, receberá indenização mensal de R$ 2 mil, além de R$ 234,6 mil, valor retroativo a 2001, quando foi criada a Comissão de Anistia. 

Durante o julgamento do processo, a conselheira relatora, Luciana Garcia, fez a leitura do relatório que apontava as principais causas para a concessão da anistia, como as perseguições e prisões sofridas por Glauber Rocha no período da ditadura militar, levando-o ao exílio e à censura de suas obras, como “O dragão da maldade contra o santo guerreiro”, “História do Brasil”, “Cabeças Cortadas”, “Di Cavalcanti”, “Idade da Terra”, “Maranhão 66”, “Câncer”, “Claro” e “Pátio”.

—Anistiar Glauber Rocha é pedir desculpas a todos os brasileiros que sofreram perseguição política, sendo obrigados a sair de suas casas, a abandonar suas famílias durante o regime militar, afirmou o Presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão.

O Ministro da Cultura, Juca Ferreira, testemunha no processo, resgatou a importância do cineasta para a cultura brasileira:
—É um momento importante e histórico para o Brasil. Glauber sofreu perseguições e, por causa disso, passou por diversas dificuldades financeiras. Seus filmes já não recebiam apoio e isto prejudicou muito a sua carreira. É um momento de revisão da história do Brasil para evitarmos que tudo ocorra novamente. 

O processo de anistia de Glauber foi iniciado em 2006 por sua filha Paloma Rocha. A mãe do cineasta, Lucia Andrade Rocha contou que sofreu muito com a perseguição ao filho:
—Foram anos difíceis dos quais eu jamais me esquecerei. Meu coração está acelerado e feliz. Tenho certeza que, onde meu filho estiver, estará em paz agora.
O Governador da Bahia, Jaques Wagner, ressaltou que a anistia é um reconhecimento à luta em nome da liberdade de expressão.

—Estamos fazendo o resgate da história, reconhecendo os nossos heróis. Espero que seja feita justiça com todos os brasileiros perseguidos políticos da época. A anistia é também uma maneira de dizermos que não queremos que este período de ausência de democracia retorne.

*Com informações da Assessoria de Comunicação Social do Governo do Estado da Bahia