Festa do Prêmio Vladimir Herzog em São Paulo


28/10/2009


A cerimônia de entrega da 31ª edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos foi realizada no último dia 26, no Tuca, da PUC-SP. Os vencedores das onze categorias receberam um troféu com o rosto de Vladimir Herzog esculpido, de autoria do artista plástico Elifas Andreato. Foram aplaudidos também os estudantes de jornalismo Marcelle Souza, Renato Santana de Jesus e Leandro Ramos Martins de Siqueira, que conquistaram o I Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão.

Participaram do evento, jornalistas, representantes do Instituto Vladimir Herzog e diversas autoridades como o Ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi; o Governador de São Paulo, José Serra, e o Secretário municipal de Direitos Humanos, José Gregori.

O Presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto Camargo, sublinhou, durante a cerimônia, que o Prêmio Vladimir Herzog “tem a vocação de ser um símbolo da luta por um estado social mais igualitário”.

Anualmente são premiadas as categorias Livro-reportagem; Artes; Fotografia; Jornal; Rádio; Revista; Internet e sites noticiosos; TV – Documentário e/ou Especial; TV – Jornalismo Diário e TV Imagem.

Na categoria Livro-reportagem, uma das mais disputadas, o prêmio principal da edição 2009 foi para a obra “Olho por olho — Os livros secretos da ditadura”, de Lucas Figueiredo. Já o “O Olho da rua”, de Eliane Brum; e “Operação Condor: O sequestro dos uruguaios — Uma reportagem dos tempos da ditadura”, de Luiz Cláudio Cunha, receberam Menção honrosa nesta categoria. A lista completa dos vencedores está disponibilizada no site www.premiovladimirherzog.org.br.

Repressão

A idéia de criar um prêmio que denunciasse a repressão surgiu dentro do Comitê Brasileiro de Anistia (CBA) de Minas Gerais, então presidido por Helena Grecco, em 1977, dois anos após o assassinato do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do DOI/CODI, em São Paulo. A proposta foi levada ao Congresso Nacional pela Anistia, realizado em São Paulo. A tarefa de elaborar o regimento do prêmio e concretizá-lo ficou a cargo da CBA/SP. Perseu Abramo, então representante do Sindicato dos Jornalistas no CBA/SP, assumiu a tarefa de “servir de ponte entre as entidades e articular, juntamente com muitos outros companheiros, a implementação da idéia e organização da primeira edição do prêmio”, como explicou o próprio Perseu Abramo na época.

A primeira edição do prêmio aconteceu em 1978, organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Comitê Brasileiro de Anistia, Comissão de Direitos Humanos da OAB, Comissão de Justiça e Paz da Cúria Metropolitana/SP, Associação Brasileira de Imprensa, Federação Nacional dos Jornalistas, com o apoio das agências e jornais internacionais.

Entre os principais objetivos, a preservação da memória do jornalista Vladimir Herzog, preso pela ditadura militar, torturado e morto nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo, em 25 de outubro de 1975, e o reconhecimento e a valorização dos jornalistas que, através de seu trabalho, lutaram em favor da liberdade de imprensa e dos direitos humanos.

As primeiras edições do Prêmio Vladimir Herzog contemplaram também jornalistas de outros países da América Latina. A partir do avanço da redemocratização em boa parte do continente, cerca de oito anos depois, a premiação se concentrou apenas nas matérias publicadas em território nacional, conforme informação descrita no site “Prêmios Vladimir Herzog”, lançado no último dia 25, na sede do Instituto Vladimir Herzog, em São Paulo. O acervo reúne os trabalhos premiados ao longo de 30 anos. A coordenação do projeto de digitalização do material foi realizada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos e pelo Centro de Informação da ONU para o Brasil.